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Esposa impostora e o Magnata Sombrio. romance Capítulo 127

Capítulo 126 – Alguém que Não Quero Ver

O dormitório estava escuro, mas a lâmpada do abajur criava um clima meio cúmplice, meio de sessão de terapia não planejada. Alice estava sentada na ponta da cama, ainda de roupa, meio descabelada, como se tivesse fugido de um reality show. Aurora, por outro lado, estava largada no colchão, com os olhos arregalados como se tivesse visto um fantasma — ou quase isso.

— Você tem certeza do que ouviu? — Aurora perguntou, a voz num sussurro desesperado.

— Absoluta. Ronald tá de volta. Vi com esses dois olhos que a terra há de comer. — Alice fez sinal com os dedos, mas logo amoleceu ao ver Aurora empalidecer. — Tá, respira. Eu só achei que você devia saber.

— Ele é um pesadelo... — Aurora se sentou devagar, abraçando os joelhos. — Eu... acho que vou sair do campus assim que amanhecer. Voltar pra mansão. Não consigo ficar aqui com ele circulando pelos corredores como se nada tivesse acontecido. Aquele idiota ficou com outra na minha frente... e você sabe que não foi só beijo. Aquilo ficou me traumatizando por um longo tempo.

Alice franziu o cenho, encostando-se na parede.

— Mas por que você tá aqui, então? Quer dizer... você e o Andrews estão bem, né? Ou a primeira noite foi... um desastre?

Aurora soltou um risinho rouco, jogando a cabeça pra trás.

— Um desastre? Alice, eu quase não consegui andar quando saí de lá! — riu, mordendo o lábio. — Foi maravilhoso. Sabe quando você acha que vai ser esquisito? Que vai doer? Que o cara vai pensar só nele? Nada disso. Andrews foi... perfeito. Paciente. Intenso. Gentil. Eu me senti incrível.

Alice sorriu, mas havia uma sombra atrás do sorriso.

— Então por que está aqui e não com ele o restante da noite? Se foi tão incrível assim...

— Porque não é só isso. São coisinhas. Pequenas coisas que se acumulam. Medos antigos, gente do passado que não sabe ficar lá no passado... Eu só tenho medo de perder ele por alguma besteira que não consigo controlar. — Aurora suspirou, apertando o travesseiro contra o peito. — Você nunca sentiu isso? Essa sensação de que tudo pode desmoronar por um detalhe?

Alice desviou o olhar. Mexeu nas unhas, no elástico do cabelo, em qualquer coisa que não fosse o rosto da amiga.

— Bom, como eu tô sempre me autoprotegendo, e não tenho nem mesmo família, exceto você, esses problemas não me alcançam. Eu sou meu problema mesmo.

Aurora a observou por um tempo, em silêncio, até se aproximar e encostar a cabeça no ombro dela.

— Eu também pensava que eu era o problema, mas o Andrews quebrou isso em mim. Devagar, com cuidado. Talvez você só precise de alguém assim. Alguém que não te apresse. Que saiba esperar você baixar a guarda no seu tempo.

— E se esse cara não existir pra mim? — Alice sussurrou, os olhos fixos no chão.

— Então ele vai aparecer vestido de provocação, com o pulso enfaixado e cara de sem-vergonha. — Aurora provocou com um sorrisinho maroto.

— Ai, cala a boca! — Alice jogou uma almofada nela, mas riu em seguida. — Rodrigo não é esse cara. Ele só gosta de flertar. E andar sem camisa como se fosse o cara mais incrível do mundo que vai me atrair assim.

— Casada, né? — Ele deu um passo à frente, o olhar provocador. — Eu soube. E depois que soube disso, sabe o que percebi? Que você é uma grande mentira. Sua pose de menina inocente... Você só me dispensou porque estava se preparando para alguém mais rico. Mais poderoso. O típico conto de menina mimada.

Aurora cerrou os dentes.

— Você não sabe nada sobre mim. Não fui eu que passei meses cortejando alguém e depois fez aquela maldita cena no meu quarto. Agora me deixa passar.

Ela tentou passar ao lado, mas Ronald foi mais rápido. Segurou o pulso dela com força, o rosto perto demais.

— Só me responde uma coisa... Você nunca pensou em mim? Nem por um segundo?

— Ronald... solta. Isso já é passado. E eu agora sou casada. Ou por acaso não viu quem é meu marido? — Ela tentou se desvencilhar, mas ele a puxou, tentando forçar um abraço. O nojo que ela sentiu foi instantâneo.

Mas o que veio a seguir foi mais rápido ainda, antes que ela mesma pudesse reagir.

Um empurrão violento tirou Ronald do eixo, e ele caiu no chão como se tivesse sido atropelado por um caminhão de raiva.

Aurora piscou, assustada, encarando a situação, atordoada.

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