Cap. 127. Não fuja de mim.
— Você não ouviu que ela é casada? — A voz de Andrews cortou o ar como um trovão calmo, firme e afiado. Em um segundo, senti seu braço me puxar pela cintura, me envolvendo com um gesto claro: proteção… posse.
Meu corpo respondeu antes da minha mente entender. Me encaixei no toque como se fosse natural. Como se fosse dele.
— Andrews...? — murmurei, desnorteada. — O que você tá fazendo aqui?
— Ainda pergunta? Quem foi que sumiu depois da nossa primeira noite juntos? — ele rebateu, com um sorriso torto e um brilho perigoso nos olhos.
Ronald riu, sem graça, como se quisesse fingir que ainda tinha algum controle da situação, que não tinha acabado de ouvir aquilo, e eu só queria enfiar a cara no chão como ele pode falar isso em público.
— Fala sério... você e esse tiozinho? — zombou, tentando disfarçar a própria insegurança com veneno.
— Mas que idiota... — Andrews resmungou, com o olhar distante e perigoso, como se estivesse decidindo se valia a pena acabar com ele ali mesmo, mas ele apenas guardou as mãos no bolso e se conteve.
Ronald se levantou devagar, como se estivesse num ringue, Bateu a poeira da calça, inflado pelo orgulho ferido.
— Você parece mais o pai dela. Tem certeza que não é só o cartão de crédito dela?
Aquilo foi o estopim. As palavras cortaram como vidro arranhando metal. E antes que Andrews pudesse dar o próximo passo e ele claramente ia —, fui eu quem avançou.
Um passo à frente. Coluna ereta. Olhar em chamas.
— O que há de errado com você? — minha voz saiu mais firme do que eu esperava. — Eu disse que sou casada. E mesmo que fosse com um homem de noventa anos, você ainda teria que me respeitar.
Cada palavra era um soco bem colocado. Ronald recuava sem se mover.
— Naquela época, quando você teve a chance de fazer as coisas direito, preferiu me humilhar. Preferiu rir dos meus sentimentos. Você lembra do vexame que causou? Da infantilidade que te fez ser transferido com aquele seu caso imundo?
Ele baixou os olhos. Silêncio. Pela primeira vez, sem reação.
— Mas eu queria me redimir com você... — ele disse mais para ele do que para mim.
Andrews assistia tudo sem dizer uma palavra. Os olhos fixos em mim. Confuso. Impressionado. Um pouco irritado, talvez — não comigo, mas com o fato de não ter sido ele a esmagar Ronald primeiro.
Eu não esperei o fim da cena. Agarrei o braço de Andrews e o puxei comigo, atravessando a rua com passos decididos.
— A gente nunca teve nada, Ronald — falei por cima do ombro, sem olhar para trás. — E sabe o que é mais humilhante? Um cara que se acha demais implorando atenção de uma mulher que já é comprometida.
Andrews veio comigo em silêncio. Mas eu sentia sua respiração, sentia seus passos ao meu lado. Sentia que algo nele tinha mudado naquele momento.
Atrás de nós, Ronald ficou parado, os punhos cerrados, mastigando a própria vergonha.
Mas para mim? A única coisa que importava era o calor do braço de Andrews ainda na minha cintura ao mesmo tempo que eu estava com medo de sua aura, ele não estava furioso com Ronald, mas sim comigo.
— Que péssimo gosto você tinha. — ele comentou discretamente, mas não tive coragem de rebater. — Você me deixou sozinho no apartamento… para isso? — A raiva na voz dele era evidente quando paramos no saguão — Como você teve coragem?
Levantei o olhar. Senti meu rosto queimar.
— Eu só… achei que seria melhor ir embora... estava desconfortável.
— Desconfortável? — ele deu uma risada seca, descrente. — Você acha que pode brincar assim?
— Eu não estava brincando, Andrews! — retruquei. — Eu só não sabia que você ficaria tão grudento depois de uma noite, céus... você é um homem tão dependente assim? — Brinquei o afastando, mas não pensei nas palavras ele ficou sem reação.
Foi rápido.
Eu sabia o que ele estava sentindo, e isso só aumentava o meu desejo de fugir. Mas era tarde demais. Ele me puxou com força para perto dele, seus braços fortes me envolvendo de forma possessiva, como se tentasse fazer o mundo desaparecer entre nós. Ele me encarou com uma fúria contida.
— Você foge e eu te encontro nos braços de outro homem, como acha que eu me sinto?
— Não sei, como que eu deveria saber? E agora você esta implicando com abraço sem significado, o que você quer? — minha voz estava tensa, minha respiração acelerada, cada palavra fazia o espaço entre nós diminuir, mas eu só queria me afastar um pouco, eu não estava conseguindo pensar direito enquanto olho para ele e me lembro da noite anterior.
Ele me olhou como se estivesse decidido a me despedaçar com os olhos.
— O que eu quero... — Ele parou, respirando fundo, sua raiva se misturando com algo mais sombrio. — Você me deixou sozinho. Depois de tudo, E agora, você vem aqui sem nenhuma razão e te encontro com aquele idiota.
Ele inclinou o rosto, os olhos cravados nos meus, e tudo que vi ali foi o abismo da raiva misturado com um desejo incontrolável.
— Você veio aqui para se agarrar a outro homem? — ele perguntou, e a raiva em sua voz fez meu corpo gelar. — Depois do que fizemos?
— Eu não fiz isso! Você não viu o que aconteceu? — resmunguei, sentindo o calor subir e se espalhar por mim. Meu peito arfava.
— Você se apaixonou por ele? — ele apertou minha mandíbula, mas sem machucar. Apenas o suficiente para me prender.
— Caramba... — suspirei, o encarei com desafio. — Foi no passado, entendeu? Eu não toquei nele. Nem nunca cheguei a beijá-lo.
Ele me olhou como se tentasse entender se eu estava falando sério. Depois, uma faísca de raiva brilhou nos olhos dele.
— Não posso me incomodar por você ter sido tocada por outro homem? Por outro homem ter abraçado minha esposa? — ele rosnou, a frustração transbordando.
— Ele me pegou de surpresa, ok? Isso nunca ia acontecer! — gritei, irritada. — Além disso, você está me tratando como se eu fosse sua propriedade?
— Posso te tratar assim se eu quiser. Porque nenhum homem vai te tocar além de mim pelo resto da sua vida.
Ah… pronto. Sabe aquele momento em que você percebe que está lascada? Quando algo que você não queria ver se revela com tanta força que assusta? Era isso agora.
Foi como se eu não tivesse mais controle de nada, como se meu corpo já não fosse meu. Aquela noite já tinha me levado ao limite, mas esse momento agora...
Em questão de segundos, nossas roupas estavam no chão. E o corpo de Andrews tomava o meu como se eu tivesse sido feita apenas para atender às suas necessidades — e nada, além disso. Mas acabou sendo ainda mais intenso do que a primeira vez.
Queria dizer que aquilo não estava certo — ainda mais em um quarto de meninas da universidade. Mas a intensidade do corpo dele, seus toques, seus beijos… não me permitiam falar. Apenas sentir. Apenas aceitar.
Quando acabou, eu estava sonolenta, enrolada na coberta, enquanto ele se vestia em minha frente. Fui fechando os olhos, devagar, antes de sentir o beijo que ele depositou na minha bochecha, ele está fazendo o mesmo que eu fiz? Ele saiu e encontrou Alice na porta. Disse algo… mas foi inaudível.
Afundei o rosto contra o travesseiro, pensando no encontro que eu tinha ainda hoje.
Como será que ele vai se sentir… quando descobrir?

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