Capítulo 131 – Mentiras com preço alto
Eu não sabia dizer o que doía mais — a traição ou a confirmação dela.
Andrews sempre soube.
E nunca me disse. Nunca sequer hesitou ao me deixar acreditar que tudo tinha sido um acidente... um plano cruel de Janete. E, naquele momento, ela havia confessado que eu não passava de um jogo entre eles.
De repente, enquanto caminhava sozinha pela estrada, o celular tocou.
Era Janete me ligando novamente.
— O que quer? — perguntei ao atender.
— Você não pode contar isso a ele — a voz de Janete soava dura agora, fria. — Se ele souber que eu revelei o segredo... você também vai cair comigo. Essa foi minha ajuda pra te tirar do escuro. Por isso, deve me retribuir. Quem sabe assim você descobre o resto.
Meus olhos estavam marejados, mas agora as lágrimas caíam.
— Que resto?
Ela sorriu de leve, e eu escutei aquela risada pela linha telefônica. Um som que me fazia sentir como uma criança de novo, prestes a apanhar por algo que nem entendi que fiz.
— Você sabe o que ele pode fazer... e o que ele faria, se soubesse o que está escondido.
Senti meu corpo tremer. A cabeça girando.
— Não vou enganar o Andrews pra conseguir dinheiro. Não por você. Nem por vingança.
— Não é por mim, querida. É pelos que você se importa. Você tem uma semana.
Minha respiração parou por um segundo.
— Você sabe que, com um telefonema, eu entrego a guarda da criança pro pai dela. E você nunca mais vai poder vê-la. Nunca. Um papel assinado. Uma assinatura no tribunal. Um estalar de dedos.
Engoli seco. O mundo inteiro parecia estar em cima dos meus ombros.
— Eu só quero que você pegue o que nos pertence. Ninguém vai se machucar, Aurora. Só traga o que puder. Joias. Dinheiro. Informações. Ele já mentiu pra você, é o mínimo que pode fazer — ela disse, e eu fiquei em silêncio até que ela mesma encerrou a ligação.
Voltei para a mansão parecendo um fantasma.
Andrews estava no andar de baixo, falando ao telefone. Não me viu subir. Ou fingiu que não viu. Então o ignorei e continuei a subir, tentando me situar.
No quarto, fechei a porta devagar. Minhas mãos tremiam. Cada passo parecia ecoar na minha cabeça. Fui até a cômoda, abri a gaveta secreta onde estavam algumas das joias mais caras que ele já tinha me dado. Presentes. Promessas. Enfeites de um conto de fadas forjado.
— Não é da minha conta... afinal, essas joias são suas por direito. Mas, se estiver com problemas... se for isso, basta falar com o Andrews. Querendo ou não, ele tem influência. E obrigação de cuidar de você, não importa o que aconteça.
— Não se preocupe, não é nenhum problema. Eu só... estou mudando as joias de lugar. Mas... o que está fazendo aqui?
— Vim porque preciso te levar a um lugar.
— Que lugar?
— Um onde você vai entender o que ninguém mais poderia te contar. Mas quero que veja com seus próprios olhos... só por pura intuição — Mariana abaixou o tom. — E eu vou te contar um segredo. Porque sei que você é a única pessoa que pode me ajudar. O que acha disso?
Fiquei paralisada. A bolsa ainda em mãos. O coração batendo feito um tambor de guerra dentro do peito.
— E se for tarde demais? E se eu não quiser te ajudar depois de ouvir seu segredo? — perguntei, quase num sussurro.
Ela me encarou.
— Bom... acredito que você não vai pensar assim quando eu te mostrar o que está guardado a sete chaves no coração de alguém que nunca se abre. Então? Quer vir comigo?
— Isso pode consertar as coisas? Tem certeza que não é tarde demais?
— Então, se não quer que seja tarde demais... é melhor correr. Antes que alguém feche todas as saídas — ela disse, segurando a minha mão e me conduzindo para fora do quarto.

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