Cap. 137 Agindo com calma.
Aurora sentada no asfalto, na frente da pensão, com os braços apoiados nos joelhos e a cabeça levemente baixa. O rosto dela, mesmo parcialmente escondido, carregava uma tristeza tão crua que parecia atravessar a imagem.
Andrews franziu o cenho, girando o telefone entre os dedos enquanto Donovan se aproximava, parando ao lado dele.
— Ainda prefere guardar segredo... mesmo sofrendo, afinal... o que há de tão importante naquela casa velha para ela ir la? — Andrews comentou, a voz grave e fria. — Não consigo imaginar o que ainda a incomoda tanto. A situação da mãe dela já foi resolvida.
Donovan cruzou os braços, olhando de relance para a tela do celular.
— Ela tem uma vida bem complicada, Andrews. — falou em tom neutro. — E pelo que vi até agora… parece que isso vai além da mãe, Tem coisa que ela ainda não quer contar, já descobrimos sobre o padrasto, coisa que ela nunca comenta.
Andrews ficou em silêncio por um momento, encarando a foto de Aurora como se pudesse decifrá-la apenas olhando.
Donovan aproveitou para mudar de assunto, puxando do bolso interno do casaco uma pequena caixa de veludo escuro.
— E quanto às joias? — perguntou, estendendo a caixa a ele.
Andrews pegou a caixa sem responder de imediato. Abriu a gaveta de sua escrivaninha e guardou o estojo lá dentro. Em seguida, tirou outra caixa, ligeiramente menor, acompanhada de um pequeno cartão preso com uma fita.
Ele passou a mão sobre o cartão, pensativo, antes de ordenar:
— Coloque isso na cama dela. Quero continuar observando… ver até onde ela vai com essa história de segredos. — disse com uma calma quase ameaçadora.
Donovan assentiu, mas antes de sair, hesitou.
— E sobre o Ronald? O que pretende fazer?
Andrews inclinou-se para trás na cadeira, seu olhar endurecendo.
— Ele vai ter que devolver cada centavo, mas... quero saber porque ele está pegando dinheiro de Aurora e se eles tem alguma proximidade. — respondeu com uma frieza. — ele será cobrado no momento certo. Por isso não estou me importando… por enquanto.
Donovan assentiu de novo, entendendo o peso implícito nas palavras do patrão. Ronald tinha acabado de assinar sua própria sentença. Era apenas uma questão de tempo até Andrews cobrar a conta… e ele sempre cobrava.
Enquanto Donovan saía para cumprir as ordens, Andrews girou a cadeira para a janela, olhando para a escuridão da noite.
Assim que Aurora entrou no quarto, o cansaço pesando em cada músculo, ela mal teve forças para se jogar na cama. Seu corpo afundou no colchão macio, e foi só então que percebeu a caixa ao seu lado.
Era uma caixa de joias, preta e elegante, com um cartão black repousando em cima dela.
Franziu o cenho, sentando-se devagar.
Pegou o cartão entre os dedos, virando-o, sem entender.
"O que é isso?" pensou.
Andrews, percebendo a rendição dela, se aproximou ainda mais, de maneira calma, quase respeitosa.
Com a ponta dos dedos, afastou uma mecha de cabelo do rosto dela e, num gesto inesperadamente suave, inclinou-se para depositar um beijo em sua testa.
Aurora sentiu um calor estranho se espalhar dentro do peito. Quando ergueu os olhos para encará-lo, viu algo ali... algo que parecia diferente.
— Está acontecendo alguma coisa? — ela perguntou, com a voz baixa, como se temesse quebrar o momento.
Andrews apenas sorriu, aquele sorriso raro e perigoso que parecia guardar mil segredos.
— Não é nada. — respondeu, em tom casual. — Estou apenas esperando... — Fez uma pausa e tocou de leve a ponta do nariz dela, num gesto leve. — Esperando com calma... porque sei que, mais cedo ou mais tarde, você vai voltar a dormir no quarto que é nosso, estou sentindo sua falta. — murmurou, a voz arranhando a pele dela como uma carícia.
Aurora sentiu o coração acelerar, confusa, mas não disse nada.
Andrews se afastou então, sem pressa, deixando-a sozinha no escritório, com a caixa nas mãos... e um turbilhão de sentimentos no peito.
Ela recuou se sentindo como se tivesse caindo em um abismo pairando sobre nuvens, se sentiu tentada a segui-lo, mas hesitou e com todas as forças recuou e voltou para seu quarto.
Pouco depois de se trancar no quarto, o celular de Aurora vibrou.
Ela atendeu sem pensar, já reconhecendo o número de Janete, ela mordeu o lábio inferior com medo, desde o inicio do caminho quando deixou o dinheiro com Ronald, ela pensou se aquilo foi realmente certo, ao mesmo tempo que estava aliviada por ter percebido que Andrews não tinha descobrindo nada, mesmo que ela tenha suspeitado do carro que tinha aparecido de forma repentina, ela deduziu apenas que tivesse sido o motorista de Ronald, mas talvez com aquela ligação as coisas ainda não estejam resolvidas como ela queria.

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