Cap. 144 A verdade do porquê Andrews casou.
— Ele tem toda razão — Andrews disse, finalmente, entrando na sala com passos firmes, mas comedidos, como quem carrega tempestades por dentro, mas se recusa a derrubá-las sobre os outros.
O irmão de Aurora ergueu os olhos ao avistá-lo, e um sorriso largo se abriu em seu rosto. Era um sorriso sem desconfiança, sem mágoa, apenas o reflexo de quem ainda acredita nas pessoas.
Andrews se aproximou devagar e se agachou ao lado deles, igualando sua altura à do rapaz. Seus olhos procuraram os dele, e quando falou, sua voz era baixa, mas continha uma força sólida, quase reverente:
— Eu vou protegê-la. Com tudo o que eu sou. — Fez uma pausa, o olhar firme, sincero. — Então, como irmão mais velho dela, eu te peço, confie em mim, está bem?
O jovem assentiu, e sua resposta veio sem hesitação:
— Vou confiar em você, eu já confio em você senhor Andrews, cuide bem dela... — ele hesitou por um momento como se fosse tomado por pensamentos que queria afastar, e aurora o encarou como se estivesse sentindo dor ao perceber sua reação.
— Já está tudo bem. — aurora disse com a voz calma para ele. — eu disse, eu estou segura agora, ninguém vai fazer mal a você e nem a ninguém da nossa família, nenhum de nós três, é uma promessa.
— Mas aurora promete, não pode se proteger de verdade, ele jurou que voltaria e eu como irmão mais velho também vou te proteger, e com o senhor Andrews será ainda melhor.
Algo no tom, na maneira como ele desviou os olhos para a irmã logo em seguida, que dizia mais do que qualquer frase, Era um pacto silencioso de quem quase perdeu tudo e agora compreendia o peso do que precisava manter seguro.
Ele estendeu a mão para Aurora. Ela continuava sentada, os ombros curvados, o olhar perdido no chão como se estivesse tentando cavar um esconderijo com os próprios olhos. Suas mãos repousavam no colo, imóveis, pesadas como chumbo claramente se recusando a corresponder ao gesto de Andrews.
Então, com uma delicadeza quase infantil e agitada ao mesmo tempo, o irmão pegou sua mão fria e a colocou, com todo o cuidado do mundo, sobre a de Andrews, que a segurou imediatamente, com firmeza, como quem segura uma chance única. Sentiu o calor da pele dela, o tremor sutil e, por um instante, fechou os olhos, como se o toque fosse uma oração silenciosa como um pedido para que não se afastasse.
Ele a puxou com firmeza a fazendo ficar de pé e se aproximou um pouco mais quase colando seu corpo ao dela, aurora pensou em se afastar, mas travou quando falou novamente, sua voz veio rouca, um sussurro que parecia conter tudo o que ele nunca soube dizer.
— Não fuja de mim... ainda não. — Sua voz falhou na última palavra, quebrando-se contra a parede das emoções. — Eu só quero consertar o que quebramos... Resolver tudo que ficou entre nós, sem máscaras, sem orgulho. Podemos, por um instante, parar de fingir que nossas vidas não se entrelaçam?
Inspirou fundo. Como se aquele ar fosse a última chance de dizer algo verdadeiro.
— Andrews... — ela suspirou como quem estava exausta daquilo.
— Vem comigo até a cobertura. Só para conversar. Só... me ouvir. Mesmo que seu coração tenha se fechado para mim.
Aurora ergueu os olhos.
O olhar dela era um campo de batalha, mágoa, dor, desconfiança... mas também algo novo. Uma rachadura na muralha, enquanto as lagrimas queriam vir ao encarar os olhos de Andrews como uma criança que queria desabar.
Ela não puxou a mão, não o gritou, não se afastou.
Apenas permitiu que ele a segurasse, e, naquele gesto quase invisível, tão pequeno quanto precioso, Andrews sentiu uma fagulha reacender por dentro — uma esperança quente, tímida, mas viva, como uma brasa protegida entre as mãos de quem espera, enfim, acender um novo começo.
Na cobertura, o silêncio entre eles era quase sufocante, carregado de sentimentos não ditos. Andrews estava sentado à frente dela, ainda segurando sua mão, agora soltou cruzando os braços a encarando sem nenhuma emoção clara.
— Eu conhecia o homem para quem elas queriam te vender — continuou Andrews, a voz tomada pelo desprezo. — Não era alguém tradicional... Era um sujeito envolvido com negócios sujos. — Ele fechou os punhos com força. — Eu agi por impulso. Comprei você primeiro. Paguei quase dez vezes mais para que elas desistissem, Janete fugiu não porque não queria te pagar, já que isso nunca esteve em cogitação, mas porque depois que eu te comprei, eu consegui provas dos negócios sujos daquele homem e consegui a prisão preventiva dele, e Janete estava envolvida naqueles negócios sujos e fugiu para não ser presa, e ainda hoje ela está fugindo de mim, porque você acha que ela está te extorquindo invés de vir atrás de mim de uma vez, sabendo onde eu estou?
Aurora levou a mão à boca, chocada.
— Janete ficou furiosa porque eu nunca aceitei ela de volta... — Andrews riu amargamente. — E ainda me interessei pela irmã dela e comprei ela a todo custo, não importava por quantas vezes ela aumentava o valor para me fazer desistir.
Aurora o encarou com lágrimas nos olhos e, com um fio de voz, perguntou.
— Então... você comprou a minha virgindade?
Andrews sorriu, um sorriso triste, e respondeu:
— Não, Aurora. Eu comprei sua reputação. Sua dignidade. — Ele estendeu a mão e tocou de leve o rosto dela. — Eu nunca quis te tocar... nunca quis tirar de você nada que não fosse dado livremente, eu não pensei nisso como uma compra, por isso pensei que seria mais adequado um casamento, eu maquiei tudo, enganei a todos, fiz de conta que estava sendo enganado, porque isso deveria ser um segredo somente meu, fiz todos pensarem que eu queria me casar com Janete, porque eu queria fazer de conta que meu casamento com você foi um acidente premeditado por Janete e assim... não sei... na verdade não sei o que estava pensando quando fiz tudo isso.
Aurora sentiu os olhos se encherem de lágrimas.
— Então... se você foi meu resgatador... — ela sussurrou, com a voz embargada — por que me maltratou tanto depois?
Andrews abaixou o olhar, claramente tomado pela culpa.
— Eu me deixei levar, mas não estava te punindo por causa de Janete, foi uma situação que eu presenciei depois que nos casamos.

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Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.