Cap. 151 Meu jeito de resolver problemas.
Andrews congelou. Seu corpo inteiro ficou rígido, e lentamente ele ergueu os olhos para o retrovisor. Aurora o encarava com um sorriso discreto, mas, ao mesmo tempo um pouco de apreensão.
— Aurora... — murmurou ele, atordoado como se seus olhos perguntassem o que ela fazia ali.
Ela encostou o queixo no encosto do banco e o observou como se estivesse olhando para uma versão dele que já conhecia.
— Eu estava esperando que você aparecesse.
— Por isso ficou?
— Eu só queria saber... — disse ela, com a voz calma. — Se você realmente odiava a Janete como dizia. Agora eu tenho certeza.
Ele se virou um pouco, com os olhos arregalados.
— Você... você ouviu a nossa conversa?
— Não — respondeu. — Assim que sai da cafeteria, senti que devia voltar e encontrei você entrando e seguindo Janete, quando vi a cena, pensei em interferir naquele momento em que você a encurralou, mas você estava bem controlado.
— Não faço as coisas sem pensar, não sou tão impulsivo como você pensa.
— Verdade.
Andrews franziu o cenho, confuso.
— Como você entrou aqui?
— No mesmo momento em que você destravou o carro. — respondeu ela com naturalidade. — Você estava tão transtornado que nem percebeu.
Ela então se inclinou do banco de trás para a frente, estendendo a mão. Tocou de leve a face dele, os dedos macios limpando discretamente uma lágrima esquecida que ainda pendia sob o olho dele.
— Tudo bem chorar, Andrews — murmurou, aproximando-se mais. — Se algo dói, não precisa fingir, Nem sempre precisamos ser fortes o tempo inteiro... E eu não vou te julgar. Porque... — sua voz suavizou ainda mais — juramos que ficaríamos um do lado do outro, lembra?
Os olhos de Andrews se fecharam por um instante ao sentir o toque dela. Ele então levou sua mão até a dela, segurando com força, mas com delicadeza.
Como alguém que agarra uma âncora quando está à deriva. Levou o dorso da mão dela aos lábios e o beijou com intensidade contida.
Seu corpo se inclinou sobre o dela, empurrando-a suavemente até que ela estivesse deitada contra o banco de couro do passageiro. O calor entre eles crescia como uma chama repentina.
— Andrews… aqui não! — ela sussurrou, a voz entrecortada, um fio de razão lutando contra a onda crescente de desejo que a invadia. Seus dedos tentaram se firmar em seu peito, uma barreira tênue e inútil.
Mas ele parecia surdo aos seus apelos silenciosos. Seus beijos se tornaram vorazes, famintos, desesperados. Sua boca explorava a dela com uma urgência selvagem, como se só ali, entre as curvas de seu corpo, ele pudesse encontrar um refúgio momentâneo para a dor lancinante que o consumia. Era como se ela fosse a âncora, a única coisa capaz de silenciar o grito mudo.
E naquele instante fugaz, confinados no espaço exíguo do carro, entre o calor crescente de seus corpos, os suspiros ofegantes e a fúria contida que ainda pairava no ar, não existia mais Janete, nem passado, nem ódio.
Apenas os dois, emaranhados em um abraço desesperado, entre beijos e toques lascivos escondidos sobree o vidro fume no estacionamento entre fileiras de outros carros.
O silêncio dentro do carro ficou expeço, quase estranho depois da intensidade dos momentos anteriores. Ambos se vestiam lentamente, ainda com os corpos aquecidos e os pensamentos bagunçados. Aurora ajeitava a blusa com os dedos trêmulos, os cabelos ainda desgrenhados e a respiração tentando recuperar um ritmo normal enquanto olhava ao redor com receio.
Andrews, ao lado, estava mais calmo. O olhar firme de antes havia cedido lugar a uma tranquilidade quase perigosa. Era o tipo de paz que só vinha depois de uma tempestade intensa ou de algo muito parecido com um furacão.
Aurora o encarou, confusa, tentando decifrar aquele homem à sua frente.
— Então é isso? — ela perguntou, franzindo levemente o cenho. — Quando você está irritado, resolve com sexo?

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Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.