Cap. 154: carinho silente.
Aurora subiu com Andrew em silêncio, sentindo o coração ainda acelerado, não apenas pela cena anterior no hospital com Alice e Rodrigo, mas pela sensação incômoda de que algo estava prestes a mudar. Assim que entraram no quarto, ela se deparou com a caixa rosa sobre a cama. Era grande, cuidadosamente embrulhada com uma fita de cetim também rosa.
— O que é isso? — murmurou, dando um passo hesitante.
Andrews apenas observou de longe, sem dizer nada. Aurora se aproximou com cautela, ajoelhando-se diante da caixa. Quando puxou a fita, a caixa se desfez sozinha, revelando um pequeno urso de pelúcia branco com olhos brilhantes de vidro. No pescoço do urso, havia um pequeno envelope dobrado.
Seus dedos tremiam quando ela o pegou. Por um momento, hesitou em abrir. Então puxou com cuidado a aba e deslizou o papel para fora.
"Meu amor,
Hoje faz exatamente 8.393 dias que você nasceu.
Oito mil trezentos e noventa e três dias desde que o mundo ganhou mais cor, mais luz e mais sentido.
Cada um desses dias foi especial porque teve você.
Você cresceu, mudou, enfrentou o mundo — e mesmo assim, continuou sendo aquela alma linda que enche minha vida de orgulho. Te amo filha querida.
Aurora se sentou na beirada da cama, sem conseguir conter as lágrimas. O papel tremia entre seus dedos.
— Isso... isso não faz sentido. — ela sussurrou, rindo nervosa. — Eu achei que era a mamãe que me mandava esses presentes. Todos os anos. Mas agora... por que alguém faria isso por mim?
Andrews pegou o bilhete com delicadeza, lendo em silêncio. Seu olhar se suavizou antes de erguer os olhos para ela.
— Você já pensou que talvez tenha sido seu pai? Se você descobriu que não era sua mãe, suposto que seja aquele velho depressivo. — ele comentou com frieza.
Aurora o encarou, surpresa, sem saber o que responder.
— Meu pai? — sua voz saiu fraca. — Eu nem o vi quando estive na mansão. Ele sempre pareceu me evitar..., além disso... essa é a primeira vez que o remetente diz te amo filha querida, se não eu já tinha suspeitado, eu só pensava que era minha mãe porque uma freira disse.
Andrews deu um pequeno sorriso, enigmático.
— Pois é. Mas... depois que me casei com você, recebi algumas ligações dele. — ele hesitou, pensativo. — Ele perguntava por você. Não com facilidade, claro. Às vezes se contradizia, dizia que não importava... mas no fundo, dava pra sentir. Ele estava preocupado com você, pela forma como você veio parar na mansão, mas não somos amigos.
Aurora piscou algumas vezes, confusa, os olhos marejados mais uma vez.
— Você sabe onde ele está agora? — perguntou ansiosa ao se levantar.
Andrews riu baixinho, caminhando até ela.
— Aurora, eu sei onde cada membro da sua família está. Faz parte do meu trabalho, lembra? — ele disse, estendendo a mão para ela com um olhar cúmplice. — E não é tão tarde assim pra encontrá-lo, não posso impedir se você quer ir vê-lo, se ele não tem coragem então você pode ir.
Ela olhou para a mão dele por um segundo, depois para o relógio, como se quisesse se certificar de que aquilo era real. Então, sem mais perguntas, segurou a mão dele com firmeza.
— Vamos. Eu preciso saber se isso tudo é verdade, ou saber o que é verdade e o que eu ainda não sei.
— todo bem, eu te levo. — ele disse olhando o horário no relógio.
Enquanto desciam as escadas e seguiam para o carro, Aurora apertava o bilhete contra o peito como se aquilo fosse a primeira pista concreta de um amor que ela sempre duvidou ter existido. E agora, talvez... tudo estivesse prestes a mudar.
Ela não pensava em nada além do fato de todas aquelas cartas e urso chegando eram uma prova do amor de seu pai, mas ela queria ouvir dele, porque ele não a protegeu e porque nunca se revelou de verdade.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.