Cap. 163 festa
Local: Salão de eventos — horas antes da cerimônia
Rodrigo estava sentado em uma poltrona de couro preto, o braço ainda imobilizado por uma tipoia. A dor havia diminuído, mas a limitação o deixava impaciente. Alice estava em pé ao seu lado, segurando o tablet com firmeza, deslizando os nomes da lista de convidados com precisão.
— Três faltaram a confirmar — ela disse, sem tirar os olhos da tela. — Um deles é o embaixador russo, mas ele costuma aparecer de surpresa.
Rodrigo resmungou, ajeitando-se na cadeira.
— É, ele gosta de aparecer quando ninguém espera. Típico dele.
Ela deu um meio sorriso e olhou de canto.
— Quer que eu tire a tipoia e você aperte umas mãos por mim, já que tá tão animado?
— Engraçadinha… — ele respondeu, rindo baixo. — Pelo menos me ajuda a manter a dignidade. Sou um homem de respeito.
— Você é um homem birrento com o braço quebrado e sem paciência. — Alice provocou, brincalhona. — Mas está lidando bem.
Rodrigo olhou para ela, e por um momento o tom leve deu espaço para algo mais sério.
— Tá nervosa?
Alice hesitou, depois assentiu.
— Um pouco. Essa noite é importante. Não é só um evento. É o momento em que todos vão saber… quem ela é, Andrews é um homem conhecido e ela sô aparece através de rumores.
— E ela não faz ideia — completou Rodrigo, mais sério. — Mas vai dar tudo certo. Você cuidou de tudo. Ela vai brilhar.
Alice abaixou o tablet e olhou para ele. — Você acha que ela vai gostar?
Rodrigo segurou sua mão com a que estava livre. — Ela vai. Porque tem a gente aqui. E porque ela tem você.
Alice corou e sorriu, tímida. — Você fala como se...
— Como se eu confiasse em você. E confio — disse ele, firme. — Além disso, você fica linda quando está concentrada. Sexy até.
— Rodrigo! — ela riu, balançando a cabeça, mas seus olhos não esconderam o brilho.
Aurora estava em frente ao espelho, com o vestido esmeralda ajustado perfeitamente ao seu corpo. As costas nuas e a delicadeza do tecido a faziam se sentir como alguém de outro mundo. Mas a expressão em seu rosto era de hesitação.
— Eu não... gosto de chamar atenção — murmurou, ajeitando os cabelos. — Isso tudo... não é pra mim.
Jacy, observando-a com olhos marejados de orgulho, aproximou-se e disse.
— Às vezes, não se trata de gostar. Se trata de reconhecer o que você merece. E hoje, você merece isso tudo.
Aurora olhou para ela, tocada, mas ainda incerta. — É só uma reunião, certo?
A porta se abriu e Andrews entrou, já vestido impecavelmente com seu terno escuro, a gravata do mesmo tom do vestido dela. Seus olhos a percorreram com intensidade.
— Não — ele respondeu, firme. — Não é só uma reunião. É o começo de algo maior.
— Andrews... — ela começou, confusa.
Ele caminhou até ela e pegou sua mão.
— Esta noite, Aurora... você será apresentada à sociedade como minha noiva. Como a mulher que está ao meu lado — disse ele, com seriedade nos olhos.
Ela congelou, surpresa.
Aurora caiu de joelhos ao receber Pérola em seus braços. As lágrimas, impossíveis de conter, desceram por seu rosto sem maquiagem carregada, e mesmo assim, ela parecia mais bonita do que nunca, ainda mais vendo seus dois irmãos ali novamente.
— Vocês... estão aqui? — sussurrou, olhando para Andrews por cima do ombro.
Ele a observava à distância, com um meio sorriso contido, as mãos nos bolsos do terno.
Foi então que as luzes do salão mudaram suavemente, e uma música clássica, elegante, deu lugar a um arranjo mais doce. Alice subiu no pequeno palco de apresentação e pegou o microfone.
— Boa noite a todos. Eu sei que muitos vieram pensando que estavam aqui para um evento de negócios. Mas, na verdade... hoje estamos aqui para celebrar o aniversário de uma mulher incrível, Feliz aniversário, aurora!
Todos aplaudiram. Aurora levou a mão à boca, surpresa e emocionada.
No andar de cima, enquanto a festa seguia com brilho e calor humano, Mariana observava tudo da varanda anexa a um quarto isolado. Seu olhar estava distante. As mãos trêmulas seguravam um copo de água já sem gelo, e a expressão não era de alegria.
Andrews apareceu na porta, discreto, e bateu de leve.
— Está tudo bem?
Ela forçou um sorriso e balançou a cabeça. — Estou só cansada. Não quero estragar o momento de vocês.
— Mariana... — ele começou, preocupado.
— De verdade, Drew. Eu estou bem. Só... só preciso de silêncio por um tempo — disse ela, com a voz falha.
Andrews não insistiu, mas deixou a porta entreaberta.
— Qualquer coisa... me chama.
Mariana assentiu, mas seus olhos permaneceram fixos no horizonte, enquanto o som distante da festa seguia em contraste com o silêncio que ela carregava no peito, ao mesmo tempo que olhava ao redor toda aquela movimentação e alguns empregados se comunicando entre si, mesmo que tivesse estranhado não se alarmou.

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