Cap. 180
Ainda estava grávida. Tudo o que ele dissera... tudo o que ela ouvira. E mesmo assim, ela não havia contado. Ela preferiu fugir.
— Entendi... — ele suspirou para si mesmo ao abrir a caixa de música, encontrando um sapatinho azul e pequenas fotos da ultrassonografia, claras, do bebê.
Ele ficou ali, petrificado, olhando todas aquelas coisas e aqueles exames que ela estava fazendo escondida.
Dias depois, a notícia chegou através de um dos empregados mais antigos, que recebera — por engano ou talvez por compaixão — um documento de uma clínica, encaminhado para a mansão: o último exame que Aurora tinha feito na cidade. Como não tinha ido buscá-lo, foi enviado diretamente para Andrews, que leu:
"Paciente apresenta sinais compatíveis com gestação múltipla. Ultrassonografia recomendada para confirmação do desenvolvimento fetal."
Andrews quase deixou o papel cair.
Gêmeos.
Dois corações. Dois batimentos que ele não conheceu. Dois destinos que ela escolhera proteger dele.
Ele levantou num salto, como se pudesse alcançá-la com os próprios pés. Mandou investigar voos, checar fronteiras, rastrear contatos de Mariana. Mas Aurora foi cuidadosa. Os rastros evaporavam como fumaça.
Ela havia sumido do mapa, como um fantasma, levando o que ele mais temia... e mais desejava.
Na noite em que soube da gestação múltipla, Andrews se trancou no quarto. Nenhum ruído, exceto o de seus próprios soluços abafados.
Ele odiava se sentir fraco. Mas ali, sozinho, percebeu que não era a ausência de Aurora que o destruía.
Era o fato de que, pela primeira vez, ele estava verdadeiramente com medo de perder algo que nunca teve coragem de amar.
E mesmo que implorasse à sua irmã, ela não se comoveu — nem por saber que Aurora ainda estava esperando seus filhos. Ela foi firme, assim como todos que estavam na mansão.
A sala era fria, silenciosa, com paredes brancas e um leve cheiro de álcool. Aurora apertava as mãos no colo, o coração em disparada. Seu nome ecoou da porta, e ela se levantou com o passo contido de quem carregava o mundo inteiro dentro do ventre.
— Aurora Westwood? Pode entrar, por favor.
Uma senhora segurou sua bolsa e foi com ela. As duas entraram, e a médica — uma mulher de rosto gentil e fala pausada — explicou calmamente o procedimento.
Aurora deitou na maca, expôs a barriga ainda discreta e sentiu o gel escorrer sob a pele.
O silêncio entre o som e a imagem pareceu durar horas.
Então veio o ruído suave, rítmico. Dois batimentos. Dois ritmos dançando juntos.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.