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Esposa impostora e o Magnata Sombrio. romance Capítulo 184

Cap. 183

As luzes frias da sala de cirurgia pairavam como luas pálidas sobre a pele sem cor de Aurora. Ela estava inconsciente, imóvel sobre a maca, respirando apenas com a ajuda dos aparelhos. Os monitores traçavam linhas rítmicas e impessoais, como se a vida dela estivesse pendurada em números e sons.

Ao lado, Andrews vestia o jaleco cirúrgico com as mãos enluvadas trêmulas, os olhos fixos nela. Nunca estivera tão perto de desmoronar. Nunca estivera tão certo de que, apesar de tudo, não poderia estar em outro lugar.

E então, o silêncio foi cortado.

Um choro suave, quebradiço, pequeno e poderoso como um trovão em seu peito.

— É uma menina! — anunciou o médico com um leve sorriso, erguendo o pequeno corpo recém-nascido, coberto de vida.

Antes que Andrews pudesse reagir, veio outro som — mais alto, mais firme. Outro choro.

— E aqui está o menino!

O tempo parou. Andrews não se moveu. O coração parecia querer sair do peito, pulsando nos ouvidos, na garganta, nos olhos. Quando a enfermeira se aproximou com o primeiro bebê nos braços, a menina, e o chamou com um gesto, ele hesitou.

Por um instante. Um único segundo.

E então, com mãos ainda trêmulas, ele a recebeu.

Ela era tão pequena. Tão quente. A pele rosada, os olhos fechados como pétalas, os lábios franzidos num gesto que parecia já dizer tanto. Andrews sentiu um soluço quebrar sua respiração, e só conseguiu segurar a filha mais perto, como se a estivesse reconhecendo por dentro.

Logo, o irmãozinho foi entregue a ele também. Os dois juntos, nos braços dele. Duas vidas inteiras. Dois milagres que Aurora carregou por meses — e agora dormiam ali, encostados no peito do homem que ele finalmente se tornava.

— Meus... — sussurrou, sem ar.

Aurora não respondeu. Ainda inconsciente, sem saber do momento que tanto esperaram. Mas Andrews olhou para ela mesmo assim, como se ela pudesse ouvi-lo através do silêncio.

Ele se aproximou ao lado da cama, os dois filhos junto ao peito, e a observou. O rosto dela parecia tranquilo, sereno, como se sonhasse com eles. E, mesmo sem resposta.

— Eu achei que não seria capaz. Que o medo ia me vencer pra sempre... Mas eles — ele olhou para os bebês, emocionado

Uma lágrima escorreu.

— E você... — sussurrou, com os olhos presos em Aurora — ...você me salvou. Me salvou mesmo desacordada. Porque me fez querer ser alguém melhor.

Ele encostou os lábios na testa dela, com os olhos fechados.

Ali, naquele instante, nasceu algo maior que a vida.

Nasceu uma nova família.

E, mesmo com Aurora ainda dormindo, o futuro pela primeira vez em muito tempo, parecia possível.

Tudo tinha acontecido pela manhã e naquele momento já era quase fim de tarde quando aurora finalmente estava abrindo os olhos.

Aos poucos, a luz foi vencendo a escuridão.

Aurora sentiu o corpo pesado, a cabeça leve, os sons do mundo ainda distantes, como se viessem por trás de uma porta grossa. Mas, de repente, um pensamento rasgou tudo:

Os bebês.

Com esforço, abriu os olhos. A claridade da enfermaria ardeu por um segundo, mas ela não se importou. Tentou se mover, e a dor respondeu como um lembrete cruel de tudo que havia passado.

— Onde... onde estão meus filhos? — sussurrou com a voz fraca, entrecortada, quase irreconhecível.

O médico, que ajustava algo ao lado da cama, se virou imediatamente. O semblante antes calmo se tornou sério.

— você não lembra de nada? — ele perguntou e ela balançou a cabeça com a mao sobre a barriga.

— Senhora Aurora… — começou, com cuidado. — Houve uma complicação logo após o parto. Os dois bebês apresentaram um quadro de anemia aguda inesperada. Precisavam de uma transfusão imediata… ou não sobreviveriam, mais precisamente precisávamos do sangue do pai deles.

O mundo parou. A pressão em seu peito a esmagou.

— Não… não… — sussurrou, a voz se partindo enquanto lágrimas silenciosas começavam a cair. — Por favor… por favor, salve meus filhos… eu imploro… o pai deles… o pai está longe… muito longe… por favor, dê o meu sangue, qualquer coisa… salve eles!

As lágrimas correram descontroladas. O desespero tomou seu corpo imóvel. Ela tentou se erguer, mas a fraqueza a impediu — era como estar presa em um pesadelo. O médico, surpreso com sua reação, se aproximou e segurou suavemente sua mão.

— Ei, calma... calma, senhora. — Ele sorriu, um sorriso gentil, cheio de algo que ela não compreendia ainda. — O pai deles estava aqui o tempo inteiro.

Aurora piscou, confusa. O coração bateu forte.

— O… quê?

— Ele doou o sangue — continuou o médico. — Assim que soube da urgência, não hesitou. Salvou os dois. E ficou com eles esse tempo todo.

— você veio mesmo...

— Eu achei que tinha te perdido — sussurrou enfim, com a voz embargada. — mas eu não parei nenhum segundo de te procurar ainda mais ao saber que você não tinha perdido, eu sinto muito por ter sido um fraco.

— ok... que bom que você salvou eles...

Andrews balançou a cabeça, se aproximando um pouco mais, até que ela pudesse sentir o calor dele.

Ela fechou os olhos por um instante, as mãos sobre os filhos, as lágrimas correndo pelo rosto. Depois o olhou de novo, e, pela primeira vez desde que o deixara, viu nele algo que jamais esperou encontrar:

Pertencimento.

Andrews se inclinou e, com reverência, encostou a testa na dela.

Ali, entre o som dos monitores e a respiração suave dos bebês, não foi dito mais nada.

Não era necessário.

Porque o mais importante já estava ali — respirando, chorando baixinho, e renascendo com eles.

Juntos.

— Ela deve descansar bastante ainda, perdeu muito sangue desde que chegou na maternidade e ainda quase perdeu as crianças. — o medico avisou enquanto aurora ainda parecia pálida.

— Tudo bem... — Andrews suspirou, agora que estava tudo bem ele so tina uma coisa para se preocupar, sua mae que estava na emergência após passar mal, por sorte não era nada que colocasse sua vida em risco.

Após algum tempo ao lado de Aurora e dos filhos, Andrews precisou se afastar. A enfermeira o chamou para conversar com o médico e, em seguida, ele decidiu passar na ala de visitantes, onde sua mãe o esperava com os olhos marejados e orgulhosos. O abraço entre os dois foi breve, mas intenso — ele sentia que estava vivendo uma realidade delicada, como se qualquer movimento em falso pudesse quebrar tudo.

Quando retornou ao andar da maternidade, notou algo estranho.

A porta do quarto, que antes estava fechada, agora estava entreaberta.

Uma pontada aguda de instinto atravessou seu peito.

Andrews acelerou os passos, e ao empurrar a porta devagar, seus olhos se arregalaram.

Janete.

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