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Esposa impostora e o Magnata Sombrio. romance Capítulo 186

Cap. 1

Apesar de tudo parecer tão calmo, e as coisas terem se resolvido entre Andrews e Aurora, não era como se tudo tivesse se consertado de uma vez. Naquele momento, Andrews e Aurora estavam em sua nova contradição: o irmão mais velho de Aurora.

Aurora segurava a maçaneta da casa da tia com força. O calor do sol da manhã parecia nem alcançar seu corpo naquela hora. Dentro de si, havia apenas uma pergunta: Como ele chegou nesse ponto sem que eu percebesse?

Sua tia ligara cedo. A voz trêmula e cansada do outro lado do telefone soara como um alarme urgente.

— Aurora, ele não quer sair do quarto. Não fala com ninguém. Ele está pálido, mal comeu ontem. Está... estranho. Triste. Eu acho que é depressão.

Aurora apertou os olhos, sentindo o coração pesar.

Mesmo com tudo indo tão bem... eu nunca imaginei que meu irmão estaria sofrendo por trás do silêncio dele.

Ela entrou, encontrando sua tia já a esperando com uma expressão ansiosa.

— Que bom que você chegou.

— Onde ele está? — perguntou, receosa.

— Está no quarto. Eu não sei mais o que fazer. Além disso, ele não quer se alimentar, nem mesmo tem ânimo para nada, e isso já vai se estender a três dias sem levantar da cama.

Aurora suspirou, olhando ao redor antes de seguir para o quarto.

A casa cheirava a chá, tempo e silêncio. Subiu as escadas sem chamar. A cada passo, sua culpa parecia crescer. Parou em frente à porta fechada do quarto e respirou fundo antes de empurrá-la.

A luz da janela estava coberta. O quarto quase em penumbra. E Gabriel, deitado de lado, com os fones desligados sobre o travesseiro, olhava para a parede como se o mundo tivesse parado.

Aurora se aproximou devagar, ajoelhando-se ao lado da cama.

— Gabi... — sussurrou. — Por que você se trancou aqui? O que houve? Você me disse que ficaria bem depois da nossa última conversa... mas por que está assim?

Ele demorou a responder. Quando o fez, sua voz era baixa, mas firme.

— Eu... eu achei que... que eu estava pronto. Que ia conseguir ser o irmão mais velho. Que ia cuidar de você, mas agora você está casada e até mesmo nossa irmã mais velha está morando com o nosso pai e eu fiquei só... — lamentou-se, com uma tristeza que fez seu coração quase quebrar.

Aurora se engasgou com a própria respiração.

— Gabriel... você sempre cuidou de mim. Cuidávamos um do outro de forma incondicional, lembra? Sei que as coisas mudaram, mas... agora somos adultos, e se você continuar assim, vai acabar parando no hospital.

— Não importa. Você sempre foi mais forte. Você cuidava de mim. Sempre. E agora... você tem o Andrews. Não precisa mais de mim. Eu pensei que um dia poderia cuidar de você como minha irmãzinha mais nova.

Ela segurou sua mão, apertando com carinho.

— Eu sempre vou precisar de você, Gabriel. Só que agora... é a sua vez de viver. Você também deve viver, não importa sua condição.

Antes que ele pudesse responder, a porta foi aberta com um estrondo leve. Andrews entrou, alto, imponente, com a expressão carregada de algo entre bronca e preocupação.

— Levanta daí. — disse ele, direto.

Gabriel não se moveu. Aurora se virou, confusa.

— Andrews...

— Ele não é mais uma criança. — Andrews cortou. — Como pode se deitar assim perto da sua irmã, se lamentando? Você quer que ela pense que perdeu o irmão de verdade? Já se passou mais de um ano desde a última vez que estávamos conversando nessa casa enquanto você exigia que eu cuidasse da minha esposa, sua irmã, certo? E agora não pode nem se cuidar?

Aurora arregalou os olhos. Mas o que a surpreendeu mesmo foi o que veio depois.

Gabriel assentiu, encarando Andrews sem esboçar nenhuma emoção. Então finalmente saiu do quarto e foi para a cozinha. Eles observaram enquanto ele se alimentava novamente — foi tudo muito rápido e mais fácil do que pareceu. Aurora ficou surpresa com como Andrews resolveu isso em poucos minutos.

Aurora os acompanhou até a saída, ainda processando tudo.

— Pra onde vocês vão? — perguntou, aflita. — Ele não lida bem com lugares públicos. Nem barulho demais. Nem... surpresas. Além disso, como assim apresentar mulheres a ele?

Andrews sorriu e colocou as mãos nos bolsos do paletó.

— Relaxa, Aurora. Eu sou um homem casado, lembra? — disse, com humor. — Não tô levando ele pra nenhuma loucura. Só quero que ele se cuide a partir de agora. Ele passou tempo demais cuidando da irmã caçula. Esperando. Agora ele tem tempo. E o que ele precisa é de estrutura, não isolamento. Faculdade, academia, acompanhamento psicológico decente. O seu pai já está se mobilizando e eu também. Afinal... a neurodivergência dele não deve ser um impedimento para viver.

— Então o que vamos fazer agora?

— Primeiro precisamos sair. Ele precisa de algumas roupas novas, roupas casuais para treino e roupas elegantes para trabalho, entre outras coisas. Só vamos começar por aqui.

Eles estavam conversando quando Gabriel saiu a passos largos, passando por eles sem nem mesmo os encarar, usando os fones de ouvido.

Ele olhou para trás, vendo Gabriel encostando no carro, ouvindo música de novo.

— Vamos fazer isso juntos, Aurora. É hora do Gabriel descobrir o mundo. Não pelos olhos dos outros, mas pelos próprios pés.

Aurora o encarou por um longo momento. Depois assentiu.

— Só... cuida bem dele.

Andrews sorriu de novo.

— Eu prometo. Como amigo dele. E como alguém que te ama também. Então apenas espera a gente aqui.

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