Cap. 1
Apesar de tudo parecer tão calmo, e as coisas terem se resolvido entre Andrews e Aurora, não era como se tudo tivesse se consertado de uma vez. Naquele momento, Andrews e Aurora estavam em sua nova contradição: o irmão mais velho de Aurora.
Aurora segurava a maçaneta da casa da tia com força. O calor do sol da manhã parecia nem alcançar seu corpo naquela hora. Dentro de si, havia apenas uma pergunta: Como ele chegou nesse ponto sem que eu percebesse?
Sua tia ligara cedo. A voz trêmula e cansada do outro lado do telefone soara como um alarme urgente.
— Aurora, ele não quer sair do quarto. Não fala com ninguém. Ele está pálido, mal comeu ontem. Está... estranho. Triste. Eu acho que é depressão.
Aurora apertou os olhos, sentindo o coração pesar.
Mesmo com tudo indo tão bem... eu nunca imaginei que meu irmão estaria sofrendo por trás do silêncio dele.
Ela entrou, encontrando sua tia já a esperando com uma expressão ansiosa.
— Que bom que você chegou.
— Onde ele está? — perguntou, receosa.
— Está no quarto. Eu não sei mais o que fazer. Além disso, ele não quer se alimentar, nem mesmo tem ânimo para nada, e isso já vai se estender a três dias sem levantar da cama.
Aurora suspirou, olhando ao redor antes de seguir para o quarto.
A casa cheirava a chá, tempo e silêncio. Subiu as escadas sem chamar. A cada passo, sua culpa parecia crescer. Parou em frente à porta fechada do quarto e respirou fundo antes de empurrá-la.
A luz da janela estava coberta. O quarto quase em penumbra. E Gabriel, deitado de lado, com os fones desligados sobre o travesseiro, olhava para a parede como se o mundo tivesse parado.
Aurora se aproximou devagar, ajoelhando-se ao lado da cama.
— Gabi... — sussurrou. — Por que você se trancou aqui? O que houve? Você me disse que ficaria bem depois da nossa última conversa... mas por que está assim?
Ele demorou a responder. Quando o fez, sua voz era baixa, mas firme.
— Eu... eu achei que... que eu estava pronto. Que ia conseguir ser o irmão mais velho. Que ia cuidar de você, mas agora você está casada e até mesmo nossa irmã mais velha está morando com o nosso pai e eu fiquei só... — lamentou-se, com uma tristeza que fez seu coração quase quebrar.
Aurora se engasgou com a própria respiração.
— Gabriel... você sempre cuidou de mim. Cuidávamos um do outro de forma incondicional, lembra? Sei que as coisas mudaram, mas... agora somos adultos, e se você continuar assim, vai acabar parando no hospital.
— Não importa. Você sempre foi mais forte. Você cuidava de mim. Sempre. E agora... você tem o Andrews. Não precisa mais de mim. Eu pensei que um dia poderia cuidar de você como minha irmãzinha mais nova.
Ela segurou sua mão, apertando com carinho.
— Eu sempre vou precisar de você, Gabriel. Só que agora... é a sua vez de viver. Você também deve viver, não importa sua condição.
Antes que ele pudesse responder, a porta foi aberta com um estrondo leve. Andrews entrou, alto, imponente, com a expressão carregada de algo entre bronca e preocupação.
— Levanta daí. — disse ele, direto.
Gabriel não se moveu. Aurora se virou, confusa.
— Andrews...
— Ele não é mais uma criança. — Andrews cortou. — Como pode se deitar assim perto da sua irmã, se lamentando? Você quer que ela pense que perdeu o irmão de verdade? Já se passou mais de um ano desde a última vez que estávamos conversando nessa casa enquanto você exigia que eu cuidasse da minha esposa, sua irmã, certo? E agora não pode nem se cuidar?
Aurora arregalou os olhos. Mas o que a surpreendeu mesmo foi o que veio depois.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.