Cap. 4
Gabriel tinha acabado de entrar naquele ambiente caótico, e não foi como ele esperava. De cara, estava perdido, sem ter ideia do que fazer até ver uma barra de cinquenta quilos sendo deixada no chão por um dos frequentadores.
Ele encarou, confuso, e deu de ombros, se agachando para pegar a mesma barra.
— Calma aí, rapaz! — o instrutor veio até ele rapidamente, e ele tirou os fones. — Vamos por etapas, você veio mais cedo, certo?
— Sim! — ele confirmou.
— Vejo que está empolgado. Eu vou te ajudar a começar seu treino. Ok? — ele perguntou, e Gabriel apenas confirmou com um aceno, o seguindo.
O som ritmado dos pesos sendo levantados preenchia o ambiente enquanto ele estava sendo instruído.
Gabriel agora estava com as mãos firmes na barra, ouvindo atentamente as instruções do instrutor. Usava uma camiseta preta justa que moldava os ombros e a postura ereta, contrastando com o jeito fechado e introspectivo que costumava manter fora dali.
O cabelo, castanho claro, caía em fios lisos e perfeitamente alinhados, penteado de forma simples, sem esforço. Seu maxilar era marcado, o queixo firme. Não havia sorriso. Apenas seriedade. Aquela concentração que congelava seu rosto parecia quase esculpida em pedra.
Seu olhar, quando se voltava ao instrutor, era fixo, penetrante — pela necessidade de entender. Aprender. Fazer certo. Tentava se manter disciplinado em algo novo, interessado em fazer bem com um único objetivo: mostrar para sua irmã que ele estava indo bem.
Do outro lado, na entrada, uma moça entrava quase alvoroçada pela porta lateral da academia, quase tropeçando nos próprios pés.
— Ai! — murmurou, segurando-se no balcão de recepção, de frente para a recepcionista que já a esperava emburrada.
— Você tá atrasada de novo! — ralhou a outra, que dividia o turno com Brenda, uma moça animada chamada Talyta. — Segunda vez só essa semana, mulher!
Brenda ajeitou a camisa folgada, que cobria parte das mãos, e murmurou:
— Você sabe... como tenho o estágio, estou sempre correndo, mas... também acabei encontrando o Jonas, foi um problema... depois conversamos sobre isso.
— Aquele maníaco desgraçado... — Talyta suspirou como se já o conhecesse, mas ela e Brenda eram amigas confidentes, então sabia exatamente da situação.
— Vamos esquecer isso. Eu só quero que isso não gere nenhum problema. As coisas já estão bem complicadas na casa dos meus pais, por isso... não quero nem pensar.
— Bom... você tem trabalhado em dois empregos pra conseguir comprar a casa, já deve ter juntado um valor suficiente pra entrada, certo? — comentou, e Brenda abaixou a cabeça.
— Tô fora. Não quero mais saber de homem. Chega! Pensei que me casaria com o Jonas... ainda bem que eu esperei pra depois do casamento, mesmo com as insistências dele. — disse, desanimada, sentando-se na cadeira atrás do balcão.
— Você terminou com o traste?
— Terminei. Ele nem me deixou escolher... — deu de ombros, com amargura. — Só quero um tempo pra mim agora.
Talyta riu, baixinho.
— Claro... até se apaixonar de novo, né? Você se apaixona até pelo vento, mesmo que não namore os caras que se apaixona...
— Não namorava até o Jonas aparecer. Pensei que ele era a pessoa certa.
— Bem certa pra te ferrar e te deixar com um filho, se você fosse totalmente boba. — finalizou, se retirando.
Brenda bufou, pegou a prancheta com os nomes do dia e começou a organizar a bancada. Foi quando, entre os olhares automáticos ao redor, murmurou para si mesma:
— Alguém novo, hein? — e procurou quem Talyta tinha comentado. Até que o avistou. Suas pupilas dilataram quando o viu.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.