Cap. 8
Andrews continuou guiando Gabriel pelos corredores amplos da universidade. Mostrou as salas de aula, os laboratórios, a biblioteca. Gabriel andava com passos firmes, as mãos dentro dos bolsos da jaqueta, o olhar sempre focado em algum ponto à frente, como se memorizasse cada canto.
Atrás deles, escondida perto de uma máquina de café, Brenda assistia tudo como se fosse uma cena de cinema. O moletom que usava escondia seu entusiasmo. Ela murmurou baixinho, para si mesma:
— Será que é destino?
Ele caminhava tão calado, tão concentrado… Como alguém podia ser assim e ainda parecer tão cheio de presença? Ela apoiou as mãos no peito, apertando os dedos na pasta de estudos que trazia.
— Ele nem sabe quem eu sou… mas... posso só ficar por perto.
Gabriel desapareceu no fim do corredor ao lado de Andrews, e ela soltou um suspiro eufórico. Pulou no lugar duas vezes, os pés batendo no chão como se contivessem uma alegria que não cabia dentro dela.
— Isso só pode ser um milagre…
Ela não sabia se ria ou chorava. Só sabia que queria vê-lo sempre e saber que ele estudaria na mesma universidade e ainda na mesma sala a fez vibrar.
Todos os dias da semana seguinte, ela mantinha a mesma rotina, vendo ele meticulosamente nos mesmos horários, ele nunca se atrasava ou perdia o ônibus.
Gabriel começava sua rotina cedo. Estudava pela manhã, no fim do dia, caminhava até a academia. Um percurso simples, repetido com exatidão quase matemática. E Brenda… Brenda o seguia sabendo toda a sua rotina, e ele mantinha-se sempre alheio a presença dela,
Enquanto ela sempre a uma distância segura. Com passos leves e cuidadosos. Como quem acompanha de longe o andar de uma constelação viva.
Ela não era uma perseguidora. Era uma como espectadora atenta. Um ponto fixo, silencioso, sempre por perto.
Mas o motivo de seguir ele acabou sendo bem conveniente porque No terceiro dia, percebeu que Jonas realmente não estava mais à espreita.
As sombras que antes a acompanhavam haviam desaparecido só por ela andar próxima a Gabriel como se estivesse sempre o acompanhando era como se a paz estivesse voltando.
E ironicamente, não foi o cessar da perseguição que lhe trouxe paz, porque ela sabia que Jonas não desistiria tão fácil de a intimidar, mas foi o passo firme de Gabriel à sua frente. Era isso que a fazia sentir segurança, saber que seu ex não chegaria perto dela enquanto ele estivesse por perto.
Quando estavam na mesma sala, ela se sentava um pouco mais atrás dele, e ficava o observando e a forma como ele era meticuloso com todas as suas coisas as cores, e as coisas que ele gostava, naquele momento ele prestava atenção na aula sem usar seus fones para abafar os barulhos, ele mal parava de escrever atento a todos os detalhes., e quando a aula acabava, ele demorava alguns segundos arrumando suas coisas, enquanto Brenda arrumava as dela às pressas para conseguir seguir, e seguiam junto até o ponto e lá, novamente era a mesma rotina, Gabriel esperava e se sentava lá, e quando ela pegava seu ônibus ele pegava o dele e ia para casa.
Na academia o final do expediente era sempre o mesmo, Gabriel saia pouco segundos antes de Brenda sair, e ela o seguia cautelosa além de se manter atenta ao redor, algumas vezes Jonas aparecia mas ficava distante, ele ainda estava se certificando se ela estava mesmo andando com aquele rapaz, era mais seguro quando tinha que passar em frente a alguns becos escuros, era seguro quando passava por grupos de jovens fumando, era seguro quando um homem suspeito passava por ela a encarando, ela apenas adiantava os passos
Quando finalmente chegaram à esquina que dividia o caminho da casa dele e o bairro onde ela morava, Gabriel hesitou. Ele virou o rosto para trás por um segundo, quase.
Brenda congelou.
Mas ele não olhou, apenas se agachou por um segundo fingindo limpar o sapato e apertou os passos e seguiu.
Ela soltou o ar preso e sorriu sozinha, boba.
— Tá tudo bem assim… — murmurou baixinho. — Quem sabe um dia ele me note. — ela comentou de forma involuntária se pegando de surpresa com seu coração acelerado mas com uma sensação não de surpresa, mas de algo que agora depois desses dias ela conseguia nomear.
E naquele dia, ela se deu conta de que estava apaixonada.
E soube, com um calor leve no peito, que só de estar perto, já era mais feliz do que em qualquer relacionamento barulhento que tivera antes.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.