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Esposa impostora e o Magnata Sombrio. romance Capítulo 194

Cap. 9

Naquela mesma noite em que ele chegou em casa, entrou com um solavanco que fez sua tia Magda pular do sofá, assustada. Em seguida, ele correu para o quarto, procurando algo entre os armários organizados, até encontrar uma agenda.

Gabriel já era do tipo que anotava rotinas. Quando cuidava de sua irmã mais nova, Pérola, anotava tudo: consultas no posto, alimentação, hora do banho, de dormir, de comer. E também fazia listas das coisas que Aurora gostava. Quando se deu conta, havia começado a fazer exatamente isso com Brenda.

Cada movimento dela, cada horário. Era quase inconsciente no início, um cálculo discreto no fundo da mente. Mas logo virou hábito, com anotações na agenda e alarmes no celular.

Às seis da manhã, Brenda saía de casa com a mochila pendurada em um dos ombros e o rosto ainda marcado pelo sono.

Gabriel reparava de relance às vezes. Sempre reparava, mesmo que ela não percebesse. Como também, às vezes, quando ela parava na frente do espelho de um carro para ajeitar os fios de cabelo.

Sabia que ela tomava o mesmo caminho até a faculdade, que olhava o celular duas ou três vezes no trajeto. Às vezes sorria com alguma mensagem, outras vezes franzia a testa, preocupada com outra.

Ao meio-dia, ela saía da faculdade e ia direto para a empresa onde fazia um trabalho de meio período — supostamente um estágio.

Gabriel não sabia onde ficava essa tal empresa. Era nesse horário que eles não se viam mais até ele sair para a academia. Mesmo que não a visse só naquele momento da rotina, ainda assim sentia sua ausência — como se o ritmo do próprio dia vacilasse sem saber onde ela estava, como se fosse habitual ela fazer parte de sua vida.

E às seis da tarde, como um relógio, ela surgia outra vez, com os cabelos presos de qualquer jeito, roupas largas e os olhos cheios de cansaço, caminhando em direção à academia onde trabalhava.

Ficava lá até às dez da noite.

E Gabriel? Gabriel queria estar nos mesmos lugares que ela, nos mesmos horários, ainda que sem motivo aparente. E mesmo que ele não planejasse estar, ela estaria ali, o seguindo como uma sombra.

No fundo, Gabriel achava tudo isso um pouco absurdo. Estava fazendo uma lista da rotina dela e de tudo que ela fazia.

— Sou eu quem está perseguindo ela agora? — ele pensava às vezes, encarando a folha do caderno onde rabiscava seus próprios horários alinhados aos dela. — Mas fui eu quem foi seguido primeiro… então isso meio que equilibra, não é?

Era o tipo de pensamento que lhe arrancava um meio sorriso breve — e ele não sorria fácil.

Naquela manhã, Gabriel acordou mais cedo. Ansioso. Trocou-se rápido, colocou a mochila nas costas e saiu de casa exatamente dez minutos antes do habitual. Ainda estava escuro, o céu tingido de cinza-azulado, e o ar úmido fazia as calçadas brilharem sob os postes.

Parou na esquina e esperou.

Não precisou aguardar muito. Brenda saiu de casa com os fones de ouvido pendurados no pescoço e os olhos vidrados na tela do celular. Estava parada em frente ao portão.

Gabriel a observou discretamente de onde estava. Quando estava perto dela, mantinha os fones desligados, mesmo que estivessem nos ouvidos, apenas para, em algum momento, ouvir sua voz.

E então, com o coração um pouco acelerado, deu alguns passos mais adiante — o suficiente para que ela o avistasse. Mas ele não a encarou, fingindo não tê-la visto. Passou por ela para que ela o seguisse.

Ele percebeu que ela estava preocupada. A testa franzida, o lábio inferior sendo pressionado contra os dentes. Seu celular tocou, e ela atendeu com a voz baixa, abafada pela urgência.

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