Cap.18
Gabriel entrou com passos firmes, sem olhar diretamente para ela, trazia uma bandeja nas mãos.
Brenda achou que ele fosse comer e ficou em silêncio, voltando para sua organização.
Só quando ele se aproximou da sua mesa e colocou a bandeja bem na frente dela, seus olhos se arregalaram.
— Trouxe pra você também. — disse, com a voz baixa e simples, sentando-se ao lado dela como se aquilo fosse completamente natural.
Brenda congelou.
Seu coração disparou.
Ela olhou da bandeja para ele e depois de volta para a bandeja, sem saber como reagir.
— Você devia comer. Daqui a pouco vamos pra academia. — completou, como se o gesto fosse óbvio.
Ela o encarou por alguns segundos, perplexa. As bochechas coraram sem que pudesse evitar.
Estava surpresa demais com a gentileza, com a atenção… com ele.
Sentou-se direito, ajeitou o cabelo atrás da orelha e, em silêncio, pegou o copo de suco. Agradeceu baixinho.
Comeram por alguns minutos em paz, lado a lado.
Ela o olhava de relance, tentando entender. Tentando se entender. Mas havia uma pergunta presa na garganta. Um incômodo que precisava sair, mesmo que fosse desconfortável.
Ela respirou fundo e, com a voz hesitante, perguntou.
— Você… você percebeu?
Gabriel não hesitou.
— Percebo. — respondeu simples, entre uma mordida e outra.
Ela ficou ainda mais corada, apertou os dedos nos joelhos e soltou um risinho nervoso.
— Me desculpa… é que… às vezes... sinto muito, eu não sei o que dizer... parece tao errado..
Ele deu de ombros.
— Não tem problema.
Brenda piscou, surpresa pela naturalidade.
— Sério que não te incomoda? Você não pensa em se afastar… tipo… como as outras pessoas fazem?
Gabriel limpou os dedos num guardanapo, inclinou-se um pouco pra trás e a olhou de forma direta. Seus olhos eram serenos, mas firmes.
— Não me importo. — disse.
Ela engoliu seco, tentando entender como aquilo era possível.
— Mas… e se as pessoas começarem a te olhar estranho? Agora todo mundo vai te associar a mim. — murmurou.
Ele arqueou levemente uma sobrancelha e respondeu com a mesma calma de sempre:
— Eu sou genro do presidente. Posso só pedir pra ele demitir todo mundo, não tenho problemas com isso.
Brenda arregalou os olhos, surpresa com a audácia da frase. Um riso escapou de seus lábios antes que pudesse conter.
— que modesto! — sussurrou, rindo baixo.
Gabriel a observou por um segundo, os cantos dos lábios se levantando discretamente. Um sorriso quase imperceptível, mas logo disfarçou como se fosse errado querer sorrir.
Já na saída da academia, enquanto Gabriel esperava perto da porta, Brenda encontrou Taltya, que saía atrasada de outro setor e se aproximou com um sorriso malicioso.
— Então… agora é oficial? — provocou, cutucando-a de leve. — Você e o misterioso Gabriel estão namorando?
Brenda riu sem vontade, desviando o olhar.
— Queria eu. Mas… ele parece ser do tipo mais profissional. Daqueles que nunca vão gostar de ninguém, ele não tem olhos para nada além de trabalho academia... ele nem mesmo olhar para mim, tenho medo de estar implorando atenção e estar sendo grudenta com alguém que nem mesmo olha para mim.
— Você acha que é assim?
— acredito... acredito que não posso me iludir com isso, afinal foi coisa que eu criei na minha cabeça, ele nunca mostrou nenhuma brecha.
— Ai, amiga… então é melhor você começar a desapegar. — aconselhou Taltya, cruzando os braços. — Antes que se machuque. Primeiro passo, separa o pessoal do profissional. Trabalha direitinho, não cria esperança. E pronto.
Brenda forçou um sorriso, mas seus olhos estavam cheios de decepção.
— Eu nem tentei conquistar ele. Mas… sei lá. Às vezes, acho que nem se eu tentasse adiantaria alguma coisa. As reações dele mostram que… ele não vai corresponder. Acho que vou seguir meu caminho.
Gabriel estava logo à frente, colocando os fones de ouvido enquanto esperava, distraído. Ela se despediu de Taltya com um aceno e começou a segui-lo.
Mas, conforme andava atrás dele, seus passos foram desacelerando, Não queria mais parecer dependente e muito menos uma perseguidora, e agora que ele sabe, tudo parece tao constrangedor.
Ela tentou seguir sem parecer que estava o acompanhando, além de se lembrar que já tinha muitos dias que não viu Jonas então a sensação de perigo já tinha sumido.
Gabriel caminhava no ritmo de sempre, ouvindo sua música, mas começou a perceber que os passos dela estavam cada vez mais distantes.
Olhou discretamente por cima do ombro, mas ela ainda vinha atrás, um pouco mais longe. Voltou o olhar à frente, distraído.
Foi nesse momento que tudo aconteceu.
Brenda havia acabado de passar em frente a um beco estreito, entre dois prédios comerciais, quando mãos fortes e inesperadas a agarraram por trás. Uma delas tapou sua boca com força, abafando qualquer grito. Ela tentou reagir, mas foi arrastada para a sombra do beco em segundos. Os olhos arregalados de pavor. O coração disparado vendo a última imagem de Gabriel ainda seguindo.

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