Entrar Via

Esposa impostora e o Magnata Sombrio. romance Capítulo 210

Cap. 25

Mas não era tão fácil assim de se resolver.

Brenda entrou na sala de aula e a primeira coisa que encontrou foi a indiferença..

Gabriel já estava sentado, os olhos no caderno, a postura alinhada e os fones no ouvido. Não ergueu o rosto quando ela entrou, nem quando passou por ele, nem quando sentou ao lado. Não havia mais aquele movimento sutil de girar o corpo na direção dela, aquele olhar de canto. Não havia mais nada.

Ela tentou iniciar uma conversa duas vezes, baixinho, quase com medo de incomodar. As duas vezes, ele ignorou com a frieza de quem havia encerrado algo sozinho.

O tempo passou assim, amargo.

E mesmo na empresa, a rotina seguiu no mesmo compasso silencioso. No terceiro dia de volta ao trabalho, ele deixou uma pasta sobre a mesa dela sem dizer palavra. Era fina, com folhas organizadas e etiquetas coladas à margem.

Brenda olhou para ele, e finalmente perguntou.

— O que quer que eu faça com isso?

Gabriel manteve os olhos na tela do computador, sem olhá-la.

— Analise o sistema. Veja se encontra falhas ou vulnerabilidades.

Ela assentiu, mas seu olhar voltava para ele constantemente, tentando encontrar algo: um sorriso, uma pergunta, um gesto que demonstrasse que ele ainda queria conversar. Ele, no entanto, estava distante, presente apenas de corpo. Os fones de ouvido selavam a barreira.

De vez em quando ele digitava algo, erguia a cabeça para pensar e depois se fechava novamente. Ela tentou não se magoar, tentou entender, mas a tentativa era em vão. Ele já não a esperava mais. Agora, ela era apenas mais uma pessoa ao redor.

Brenda apertou a caneta entre os dedos, encarando o sistema aberto na tela. Não conseguia acompanhar as palavras, o código parecia em outra língua. E, no fundo, ela sabia: a falha não estava no sistema. Estava em tudo que não havia sido dito.

O dia se arrastara como todos os últimos, silencioso, exausto e frio. O sol estava prestes a se esconder atrás dos prédios, tingindo o céu de um alaranjado brando quando Gabriel saiu da empresa.

A mochila pendia relaxada em seu ombro, e sua expressão mantinha a mesma neutralidade contida desde que escolhera se afastar de tudo que o tocava por dentro.

Foi então que viu o carro. Estacionado à sombra de uma árvore torta, um sedã escuro com os faróis apagados.

Quando a porta do carona se abriu, alguém acenou ao sair e o carro que o havia trazido deu partida indo embora. Gabriel franziu o cenho.

— Donovan?

O homem desceu com um sorriso largo. Estava diferente, muito diferente do habitual com que ele era visto.

O terno engomado e os sapatos italianos deram lugar a uma calça de moletom cinza que moldava as pernas torneadas, uma camiseta esportiva colada ao corpo que revelava o contorno firme dos ombros, do peitoral e dos braços, e por cima, um casaco preto aberto, solto como se ele tivesse se esquecido de tirá-lo ao sair de casa.

Parecia mais um personal trainer de filme americano do que o braço direito de Andrews que Gabriel conhecia desde sempre.

— O que você tá fazendo aqui? — Gabriel perguntou, parando diante dele, ainda confuso.

— Tá. Mas se você me fizer fazer polichinelo, eu te derrubo. — murmurou seguindo donovan que voltava ao estacionamento balançando o chaveiro do carro no indicador.

— Relaxa. Hoje é só avaliação física… Amanhã vamos nos esforçar, mas com moderação, ninguém vai morrer.

— Vamos para o ponto de ônibus?

Donovan riu cético e apontou com o queixo para o carro estacionado na esquina, encostado sob a sombra tímida de uma árvore. Era um modelo esportivo preto metálico, de linhas suaves e potentes, com detalhes cromados que refletiam o entorno. Gabriel parou por um instante, encarando o carro como se fosse uma miragem.

— Aquele é seu? — ele perguntou, franzindo o cenho com admiração contida.

Donovan apenas sorriu, orgulhoso, e lançou uma piscadela.

— Quando você ficar igual a mim, talvez tenha um desses também.

Gabriel soltou um riso nasal curto, meio debochado, meio impressionado. Mas havia um brilho em seus olhos que não se via há dias, um lampejo de entusiasmo.

— Então a gente vai chegar na academia em grande estilo?

Donovan fez um gesto teatral com os braços abertos, como se apresentasse uma limusine em um tapete vermelho.

— Você está andando com a nata agora, garoto. E sim, claro que vamos. Com esse carro, até quem não levanta um peso já chega com moral, além disso um bom carro sempre levanta o animo de qualquer homem.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.