Cap. 31
Gabriel respirou fundo, desviando o olhar.
— Eu vi vocês conversando... rindo... e falando mal de mim.
— Ela que estava falando mal de você! — Brenda protestou, erguendo a voz antes de soltar um suspiro pesado. — Eu só estava ouvindo, tentando entender por que ela falava tanta coisa ruim, e logo desconfiei. Agora tenho certeza.
Gabriel deu de ombros, tentando manter a expressão neutra, mas seus olhos denunciavam um certo desconforto.
— É por isso que você parou de falar comigo? — Brenda perguntou, dando um passo à frente e segurando o braço dele.
Gabriel hesitou por um momento antes de confirmar com um leve aceno.
— Sim. Eu achei que você tinha acreditado nela... e não queria mais saber de mim.
O silêncio que veio depois foi sufocante.
Brenda abaixou a cabeça e, tentando conter as lágrimas, murmurou:
— Você me ignorou todas as vezes possíveis... por causa de algo que você deduziu? E se eu não quisesse saber de você, por que tentaria falar com você? — Ela ergueu o olhar para ele, os olhos marejados, transbordando dor e frustração. — Você nem sequer me perguntou... nem quis me ouvir... é assim que você age? Resolve as coisas?
Gabriel abriu a boca, mas não soube o que responder. Apenas encarou os olhos dela por longos segundos. Então, baixou o olhar e sussurrou:
— Desculpa... eu pensei que você tinha acreditado nela. A Larissa... ela...
— Ela gosta de você? — Brenda cortou, com um riso irônico.
Gabriel balançou a cabeça, um sorriso triste aparecendo.
— Não. Ela não gosta. Anos atrás, era eu quem tinha me apaixonado por ela e... eu... tentei me declarar. Dei uma flor. Ela me desprezou, riu de mim e jogou a flor no lixo na frente de todos. Disse que eu era um fracassado e louco, que era um assediador sem escrúpulos. Mas isso foi há quase três anos. Foi um dos piores dias da minha vida, por isso me mantenho distante das mulheres e... sou mais acautelado.
Brenda ficou em silêncio, sentindo o peito apertar.
— Ela foi seu primeiro amor? — ela perguntou com suavidade.
Gabriel assentiu lentamente.
— Foi.
Brenda segurou a mão dele com força.
— Então, por favor... não se aproxime dela. Essa mulher te odeia. Não te valoriza, não te respeita.
A mudança repentina em seu tom pegou Gabriel de surpresa. Ele piscou, e um sorriso apareceu nos lábios; percebeu que ela estava com medo.
— Ela não importa, Brenda. O que importa é você. É o que você sente. E... agora que você voltou, eu...
Brenda fechou os olhos, respirando fundo. A sensação era boa. Muito boa. Quase boa demais para ser real. Como se, por alguns segundos, nada mais importasse.
Mas a magia foi interrompida por um som repentino, o barulho da porta da frente se abrindo.
Os dois se afastaram num pulo, como se estivessem em uma pegadinha ao vivo. Brenda ficou com os cabelos meio bagunçados, ajeitando-os com pressa. Gabriel desviou o olhar, claramente desconcertado, coçando a nuca.
Na porta, tia Magda, com um sorriso sapeca nos lábios e uma sobrancelha levantada, observava a cena.
— Ahhh... que bom ver vocês bem de novo. — ela comentou, como quem já sabia de tudo o que tinha acontecido e só estava esperando o reencontro.
— Boa noite! — Brenda disse rápido, quase tropeçando nas próprias palavras, o rosto vermelho como um tomate maduro.
Antes que tia Magda pudesse convidá-la de novo para entrar, Brenda já estava dando passos apressados em direção ao portão.
— Boa noite, tia! Boa noite, Gabriel, amanhã nos vemos! — ela gritou por cima do ombro, tropeçando nos próprios pés, enquanto desaparecia na rua como um foguete.
Tia Magda cruzou os braços e olhou para o sobrinho, que ainda estava parado no mesmo lugar, sem saber o que fazer com as mãos.
— Você é devagar, menino... mas pelo menos não é burro. — ela comentou, entrando em casa com um sorriso de quem torce por final feliz.
Gabriel apenas riu pelo nariz, baixando os olhos. E, sem dizer nada, voltou a olhar na direção que Brenda tinha corrido. Um pequeno sorriso puxou o canto dos seus lábios.
— Talvez eu devesse tentar... — ele suspirou para si mesmo, com o olhar perdido.

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Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.