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Esposa impostora e o Magnata Sombrio. romance Capítulo 221

Cap.36

Ela não respondeu. Apertou a bandagem para testar a firmeza e desviou o assunto.

— Pronto. Vai segurar até amanhã de manhã, mas… seria bom procurar um médico de verdade.

Ele ignorou a recomendação.

— Quem eram aqueles homens? — perguntou, direto, a voz baixa mas carregada de intenção.

Talita parou, o rolo de atadura ainda na mão, e suspirou.

— Não importa.

— Importa, sim — ele retrucou, inclinando-se para a frente, o tom firme. — Ainda mais se vão “voltar”, como disseram.

— Você disse ainda a pouco que não é de interrogar, porque está fazendo perguntas agora?

Ela se afastou um passo, pegando alguns remédios no armário com um gesto rápido.

E, mesmo sem falar mais nada, Talita sentiu que ele tinha entendido mais do que ela gostaria.

Donovan se manteve em silêncio por alguns segundos, como se estivesse processando tudo o que tinha acabado de ver e ouvir. Talita, por outro lado, parecia já ter decidido qual seria o próximo passo ao encara-lo.

— Tira a camisa — disse, com a naturalidade de quem fala para um irmão ou filho.

Ele arqueou uma sobrancelha, descrente.

— Moça… acho que não é muito conveniente, certo?

Ela inclinou a cabeça para o lado, avaliando a expressão dele.

— Está pensando alguma coisa errada, senhor?

Donovan pigarreou e desviou o olhar, o maxilar levemente tenso.

— Não é nada disso.

Um sorriso pequeno escapou dela.

— Como pode… um homem tão maduro, constrangido assim?

— Não estou constrangido — ele resmungou, coçando o nariz, o que apenas reforçou a impressão contrária.

Sem esperar mais, ela se aproximou e segurou a barra da camisa dele.

— Pode levantar o braço?

Ele a encarou de cima a baixo, com aquele olhar cético e carregado de reserva. Ainda assim, não se mexeu para impedir.

Talita, percebendo a hesitação, suavizou o tom.

— Desculpa… é que, quando você passa a vida inteira sendo mãe de duas crianças, acaba achando natural cuidar dos outros.

Donovan ergueu o braço lentamente, permitindo que ela retirasse a camisa. A luz fraca do banheiro revelou não só o corte no braço, mas outras marcas antigas, algumas finas, outras mais profundas, que ela não comentou, mas percebeu.

Ela trabalhou em silêncio, limpando o sangue seco, trocando a gaze, e por fim, pegando um pano limpo umedecido limpando alguns ferimentos que ia procurando ao redor dele de cada parte, barriga, costas, tórax, pescoço, ate chegar ao rosto. Donovan sorriu cético.

Quando se aproximou para limpar o canto dos lábios dele, ele levantou a mão e segurou a dela, firme.

Ele assentiu, aceitando a resposta sem comentário. Já ia girar a maçaneta quando ela o chamou:

— Quer uma camisa? Tenho umas masculinas.

Donovan olhou por sobre o ombro, arqueando uma sobrancelha.

— Aposto que não são do meu estilo. Tenho roupa extra no carro.

Sem esperar resposta, abriu a porta e saiu, fechando-a atrás de si. Mas não foi embora logo, era como se algo o impedisse, como se tivesse algo mais depois dessa cena, então ele Encostou-se na parede do corredor próximo a porta, respirando fundo, sentindo o cheiro de poeira e ferrugem impregnado no ar.

— O que estou pensando? Vou para casa. — ele se desencostou decidido quando um som o fez parar, não era barulho de coisa quebrando, nem passos apressados. Era um grito abafado, como se ela tivesse se machucado.

Ele ficou imóvel, atento. Logo o grito virou soluços. Chorava, sem se importar se a voz dela carregava na entonação o peso da exaustão, e do pânico que ela segurou por um longo momento enquanto ele estava ali.

— Mãe… vocês estão bem, certo? — a voz dela tremia, a respiração falhando no meio das palavras.

Do outro lado, o murmúrio distante de uma mulher, perguntando algo.

— Eu tô bem — Talyta respondeu rápido, quase como se quisesse convencer mais a mãe do que a si mesma. — E o meu mais novo? Ele tá bem?

Pausa. Mais um murmúrio baixo.

— Deixa eles aí mais alguns dias… não tem como eu receber ninguém aqui até eu… — ela engoliu em seco — até eu limpar tudo, não esta adequado para recebe-los, eu vou mandar dinheiro para a senhora comprar mais coisas para ele, obrigada mãe.

O silêncio voltou, cortado apenas pelo clique final da ligação. Donovan fechou os olhos por um segundo, como se tentasse ignorar o peso que aquilo colocava sobre os ombros dele. Se afastou, murmurando para si mesmo.

— Eu não deveria me meter nessas coisas…

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