Cap. 52. Entre Dívidas e Sentimentos
— Exatamente, não existem sentimentos entre nós. Não estava brigando por causa disso ainda agora? — ele perguntou com frieza, sem expressar nenhum sentimento.
Aurora baixou a cabeça e, em seguida, começou a chorar silenciosamente.
— Então por que me beijou...? — ela soluçou, e ele riu desconcertado.
— Você deve mesmo ter roubado meus remédios. Não faça mais isso ou vai se prejudicar! — ele a alertou.
As pernas dela fraquejaram, e ele a segurou antes que caísse.
— Aurora... — ele sussurrou, a voz falhando.
Ele se aproximou e, sem saber exatamente o que fazer, a conduziu de volta para a cama. Deitou-a com cuidado, seus olhos atentos a cada detalhe dela.
Ela fechou os olhos, finalmente se entregando ao sono.
Ele a enrolou ainda mais no edredom enquanto ela tremia de frio, os dentes rangendo. Seguiu até a saída, mas, de repente, hesitou. A encarou, cerrou os punhos e fechou os olhos, desaprovando sua própria ação naquele momento.
Então, pegou o secador, ligou-o e começou a secar o cabelo de Aurora com delicadeza. Seus dedos estavam gentis em cada movimento e, por um momento, ele se esqueceu de tudo o que os separava. Tudo o que queria era que ela ficasse bem, mas as coisas eram complicadas demais para ele saber como agir.
Após algum tempo, percebeu que Aurora dormia profundamente. Seu corpo relaxara, e o choro havia cessado. Ele colocou mais lençóis sobre ela, sentindo um peso estranho no peito. Sentiu um impulso de protegê-la.
— Eu só consigo saber algo sobre você pelas entrelinhas? Um internato...? — ele se perguntou, curioso, mas sem resposta.
Ao sair do quarto, hesitou por um momento na porta, olhando para ela uma última vez antes de fechá-la silenciosamente.
Aurora acordou tarde, o sol da tarde aquecendo o quarto. Piscou lentamente, ajustando-se à luz, enquanto tentava se lembrar dos eventos da manhã. Aos poucos, as memórias começaram a emergir, momentos dispersos, mas nítidos.
Ela arregalou os olhos ao se lembrar de todo o escândalo que fez e das palavras de Andrews.
— Não... Não, não, não... — murmurou para si mesma, a cabeça girando com os fragmentos da manhã.
Lembrou-se da conversa com Rodrigo, das palavras dele sobre Andrews, da pressão de não saber o que fazer. E então, a lembrança do que fizera logo depois veio como uma onda. O remédio. Ela havia tentado ficar acordada, testando a sensação do efeito sobre ela.
— Eu... eu fiz isso na frente dele? — Aurora se perguntou, a vergonha tomando conta de cada célula de seu corpo.
Sentiu o calor subindo ao rosto ao lembrar do momento em que, sem querer, se expôs diante de Andrews.
— O que ele vai fazer...? — ela se perguntou, afastando os lençóis, sem coragem de acreditar que estava sem roupa nenhuma.
Levantou-se rapidamente, trocou-se e sentou-se novamente na cama enquanto sua barriga roncava ferozmente, até ouvir alguém bater à porta.
— Pode entrar! — gritou de imediato, sem se importar, já que Andrews era do tipo que nunca batia à porta, exceto quando estava sonâmbulo.
Ela gelou. Para sua surpresa, foi Andrews quem entrou.
Ao vê-la, ele parou imediatamente. Seus olhos se encontraram por um breve momento antes de ele limpar a garganta e desviar o olhar.
Ele permaneceu em silêncio, talvez esperando que ela fosse a primeira a falar.
Aurora não conseguiu evitar a vergonha que sentia. Baixou a cabeça, os olhos marejados.
— Andrews... — a voz dela falhou, mas tentou se recompor. — Eu... eu não sei o que aconteceu, mas... eu sinto muito...
— Está me entregando por quê? A dívida diminuiu, não é isso? Por que devolver? Nem precisa mais! — ela asseverou, dando-lhe as costas.
Ele apertou o pacote e seus lábios se fecharam em uma linha. Em seguida, jogou o envelope na cama dela e saiu do quarto.
— Quem consegue entender esse tipo de homem...? — ela suspirou, virando-se, quando seu celular começou a tocar.
— A conta da sua mãe foi paga. Você não vem amanhã para acompanhar a transferência? Ou, se quiser, te passo o nome da nova ala onde ela vai estar. Em dois dias, ela passa pela cirurgia. — uma voz masculina comentou quando ela atendeu.
— Ah... vou sim. Obrigada por cuidar de tudo, tio... Sei que tem que voltar em breve para sua cidade.
— Não se preocupe com isso. Somos uma família de fato, não é mesmo? E você é jovem, deve estudar e ter seu tempo.
— Obrigada de novo.
— Mas onde conseguiu o dinheiro? Como fez seu pai transferir uma quantia tão alta para você? — ele perguntou, e Aurora arregalou os olhos.
— Eles que enviaram...?
— Sim, a transferência está no nome dos Bloonson.
— Graças aos céus, eles criaram juízo e cumpriram com o prometido. Tio, amanhã eu estarei no hospital. — ela avisou, e eles se despediram.
— Os céus ouviram minhas orações. Porque, se fosse por Andrews, eu estaria morta e minha vida ferrada, enquanto minha mãe estaria para sempre em uma cadeira de rodas. É isso... Eu não vou ceder a esse homem! — ela asseverou, apertando o telefone com força.
O celular de Aurora vibrou novamente, fazendo-a soltar um suspiro pesado demonstrando receio antes de atender.

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