Cap: 55 Confronto no Galpão.
Dentro do galpão, uma única lâmpada pendia do teto, lançando sombras distorcidas pelo espaço frio e úmido. No centro, Kenner estava amarrado a uma cadeira, os pulsos presos firmemente com cordas ásperas. Seu rosto mostrava os sinais da noite mal dormida e do desconforto da posição, mas, ao ver Andrews se aproximar, um sorriso debochado surgiu em seus lábios rachados.
— Ora, ora… se não é Andrews. — Kenner cuspiu as palavras, a voz carregada de sarcasmo. Seus olhos estreitaram, ainda turvos pela exaustão. — Pensei que você nem estaria vivo.
Andrews parou diante dele, impassível.
— Você achou mesmo que sairia impune?
— Eu achei… — Kenner soltou uma risada rouca. — …que você já teria aprendido a lição. Tem gente por aí com quem você devia tomar mais cuidado, mas você não tem limites, não é mesmo, Andrews Westwood?
Andrews inclinou ligeiramente a cabeça, avaliando-o.
— Do que diabos você está falando?
Kenner riu, jogando a cabeça para trás antes de encará-lo de novo.
— Você brinca com as pessoas, Andrews. Não tem caráter, nem pudor. E, dessa vez, não estou falando apenas de negócios… Estou falando da minha filha.
A menção do nome fez Andrews apertar os olhos.
— Helena sempre foi próxima de você, e o que você fez? Brincou com ela também.
Andrews soltou um suspiro lento e cruzou os braços.
— Sempre fui muito claro com ela. Mas isso não é motivo suficiente para você tentar me matar. Ou há algo mais?
Kenner cerrou os dentes, seu olhar ganhando uma centelha de rancor.
— Você a roubou! Como pode fingir que isso não é nada demais?
Andrews ergueu uma sobrancelha, a ironia evidente em sua expressão.
— Eu?
— Ela me contou o que você fez! Fechou os mesmos acordos e tomou tudo dela.
— Eu não tomei nada. Nada. — Andrews corrigiu, sua voz afiada. — Você colocou trinta por cento dos seus negócios no nome da Helena. E ela? Afundou tudo. Depois veio até mim e me vendeu a própria parte, pedindo que eu recuperasse os negócios. Então, quando você descobriu, decidiu me acusar de roubo?
Ele soltou uma risada curta e seca.
— Você é uma piada, Kenner.
O silêncio se estendeu por um instante. A tensão no ar parecia densa, carregada de ressentimento e algo mais sombrio. Então, a expressão de Andrews mudou, seu olhar se tornando ainda mais frio.
— Mas esse nem é o pior dos seus erros… — ele continuou, sua voz ficando mais grave. — Porque, além de tudo, você teve a audácia de colocar suas mãos sujas na minha esposa.
Kenner engoliu em seco, mas sua máscara de arrogância permaneceu firme.
— Admito que me arrependi de ter sequestrado sua esposa…
Andrews permaneceu imóvel, o olhar cortante.
— Ah, é mesmo?
Kenner soltou uma risada baixa, sua expressão adquirindo um tom divertido que contrastava com a situação.
— Não porque ela não fosse útil… — ele murmurou, os olhos brilhando com algo próximo da diversão. — Mas porque percebi que aquela mulher é muito mais perigosa do que eu imaginava.
A provocação fez Andrews franzir o cenho, intrigado.
— O que diabos quer dizer com isso?
Kenner inclinou o corpo para frente, mesmo com as amarras.
— Você nunca se perguntou como ela conseguiu fugir naquele dia? Eu tinha três homens para contê-la. Três. E, de repente, ela desapareceu.
Ele fez uma pausa, analisando Andrews.
— Você nunca se perguntou o motivo?
Andrews continuou firme, mas a sombra da dúvida cruzou seu olhar.
Aurora ergueu os olhos e reparou na grossa camada de lama grudada na parte de trás da cabeça dele. Suas costas estavam igualmente cobertas. Um sorriso brincou em seus lábios.
— Sério? Você parece um mafioso perigoso, mas tá preocupado com um pouco de sujeira?
Ele lançou-lhe um olhar mortal.
— Eu não pareço um mafioso perigoso. Eu sou um mafioso perigoso. E você vai pagar por isso.
Andrews tirou o blazer com irritação, mas quando viu as marcas das mãos dela em sua camisa, bufou.
Aurora arqueou a sobrancelha, divertindo-se.
— Ah, claro. Um mafioso muito temido… Exceto pela lama.
Ele sacudiu o blazer em vão, cada vez mais frustrado, enquanto Aurora ria ainda mais.
— Ridículo — ele resmungou.
— Eu tô achando é engraçado! Você deveria ter visto sua cara quando caiu!
Andrews estreitou os olhos.
— É impressionante como consegue rir, mesmo estando em uma situação onde eu poderia facilmente decidir me vingar de você.
O riso de Aurora morreu. Ela olhou para trás, encarando o caminho de lama que precisariam percorrer.
— O que pensou quando fugiu?
— Você estava prestes a matar aquele homem! Como queria que eu reagisse? E agora? Sou uma testemunha, vai me matar?
— O que vai fazer? Me denunciar? — Andrews pegou o celular do bolso, digitou algo rapidamente e virou a tela para ela.
Aurora arregalou os olhos, surpresa.
Cap

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.