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Esposa impostora e o Magnata Sombrio. romance Capítulo 71

Cap. 70 As Verdades que Machucam

Aurora sentia as pernas trêmulas enquanto caminhava pelo corredor do hospital. As palavras da mãe ainda ecoavam em sua cabeça, se enroscando como espinhos ao redor de seu coração.

"Você destruiu minha vida!"

"Você sempre foi uma mulher fácil!"

A dor a sufocava, tornando difícil até mesmo respirar. As luzes fluorescentes do hospital pareciam mais fortes, ofuscando sua visão, e os passos de outras pessoas se misturavam ao turbilhão de pensamentos que ameaçava engoli-la.

Ela não viu Donovan ali, mas ele a viu e a seguiu discretamente, percebendo que ela não estava bem. Aurora se mantinha de pé se apoiando nas paredes, tremendo, suas mãos se fechando e abrindo como se quisesse segurar algo para não desmoronar.

Ele não era um homem sentimental, mas algo naquela cena lhe causou um incômodo profundo depois de ter presenciado a discussão.

Ele a seguiu até que ela pegou um táxi e seguiu viagem de volta ao campus. Ao chegar, caminhou pelo local com a mente distante, seus passos mecânicos a levando até a cobertura do prédio, onde esperava por Alice.

O vento frio da noite soprava contra seu rosto, mas nada poderia ser tão gelado quanto a sensação que apertava seu peito. O encontro com sua mãe havia sido um soco direto em sua alma. A mulher que deveria ser sua segurança e proteção só a tratava com desprezo e humilhação.

Quando Alice chegou, encontrou Aurora sentada no chão do terraço, abraçando os próprios joelhos. Seus olhos estavam marejados e sua expressão, perdida.

— O que aconteceu? — Alice perguntou, se abaixando ao lado dela.

Aurora soltou um suspiro pesado, como se suas forças estivessem sendo drenadas a cada palavra.

— Eu não entendo… — começou, a voz embargada. — Minha mãe me enviava pelúcias todos os meses, com um bilhete… "Para minha querida e amada filha". Mas... como alguém que se lembrava de mim todos os meses simplesmente me despreza sem eu ter feito nada? Desde o primeiro dia que eu cheguei naquela casa...

Alice a olhou com atenção, percebendo a dor contida na confissão.

— E eu realmente acreditei, sabe? — Aurora continuou, com um sorriso amargo. — Achei que fosse amada. Que, apesar de tudo, dela ter me abandonado quando criança sem nenhum motivo, eu ainda tinha um lugar para voltar.

Ela mordeu o lábio inferior, lutando contra as lágrimas que ameaçavam transbordar.

— Mas quando finalmente voltei, quando fui até ela cheia de esperança… tudo o que recebi foi desprezo.

Alice sentiu um aperto no peito e segurou a mão de Aurora, tentando transmitir algum conforto.

— Isso não é sua culpa…

Aurora abaixou a cabeça, sua visão embaçada pelas lágrimas.

— Então por que dói tanto?

Alice não tinha respostas para essa pergunta. Tudo o que podia fazer era ficar ali, ao lado dela, compartilhando aquele momento de dor.

Enquanto isso, Donovan estava de volta à mansão. Entrou no escritório sem cerimônia, sua expressão dura e fechada. Rodrigo estava sentado no sofá, tomando um whisky, enquanto Andrews lia algo no celular.

— Precisamos conversar — Donovan disse, jogando o celular na mesa de centro.

Rodrigo arqueou uma sobrancelha.

— O que foi? — Andrews perguntou, largando o celular junto a algumas folhas.

Donovan cruzou os braços.

— Eu fui atrás de Aurora hoje.

Andrews levantou os olhos, interessado.

— E?

Donovan olhou para os dois, a mandíbula travada.

— Eu a encontrei por acaso, na verdade... Ela estava no hospital, desesperada, depois que a mãe quis o reembolso pelo dinheiro da terapia.

— Você não permitiu, certo? — Andrews perguntou com seriedade.

— Claro que não. Os médicos sabem que elas não podem ver um centavo desse dinheiro, mas essa não é a questão. Eu acabei descobrindo algo ainda mais sério, após o que escutei. A mãe dela a humilhou. Parece que existem alguns mal-entendidos a serem resolvidos… essa menina pode estar com problemas mais sérios do que imaginamos.

Andrews franziu o cenho.

— Ele tentou abusar de Aurora.

O coração de Andrews martelou forte contra o peito.

— Alice tentou defendê-la, e ele acabou se trancando no quarto com ela. Aurora gritou por socorro e... um tio dela apareceu e arrombou a porta. Era o irmão mais novo da mãe de Aurora, o mesmo que está no hospital no lugar dela. Nunca entendi por que ele ficava lá e Aurora pouco aparecia, mas, com certeza, ele a estava protegendo da mãe.

Rodrigo paralisou com as informações enquanto ele falava.

— Ela… Isso aconteceu? — Andrews começou, mas a voz falhou ao ler as notícias e ver a foto das duas meninas sentadas juntas no banco da delegacia. Mesmo que os rostos estivessem embaçados, seus nomes estavam lá.

Donovan assentiu lentamente.

— Uma delas foi abusada naquela noite.

Andrews sentiu um gosto amargo na boca.

— Alice… — Rodrigo sussurrou, endurecendo a mandíbula. — Está dizendo que, naquela noite, Alice foi forçada quando tentava defender Aurora?

Donovan apenas confirmou. O silêncio foi esmagador.

Andrews passou a mão pelo rosto, sentindo a mandíbula travar.

— Elas foram direto para a delegacia, sozinhas, e tentaram denunciar. Foram ignoradas até que o tio delas fez a denúncia, e então prenderam o padrasto de Aurora — Donovan continuou, a voz carregada de algo que parecia fúria contida. — Mas a mãe de Aurora…

Ele soltou um riso amargo.

— Ela a culpou. Disse que Aurora sempre seduzia os homens.

Rodrigo socou a mesa, o som ecoando pelo ambiente.

— E essa maldita ainda tem coragem de dizer que Aurora mentiu sobre tudo?! Elas só tinham dezesseis anos!

— Na verdade, Alice ainda era mais nova que Aurora. Elas viviam para proteger uma à outra, mas não tinham para onde ir. Depois do ocorrido, passaram um tempo no abrigo e começaram a trabalhar por conta própria.

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