Cap. 89: O sonâmbulo agora fala?
Aurora blonson.
Andrews me encarou, sem reação, depois daquele meu pedido, mas eu estava realmente desesperada mesmo que tenha pedido de forma tao casual.
— Por que? — ele perguntou com aquela calma que só ele sabia manter, o rosto impassível, porque era sempre tao difícil de o ler.
Respirei fundo, tentando manter minha voz firme, mesmo com o coração apertado.
— Porque você está se destruindo... e eu tô vendo tudo isso de perto. Esses remédios... eles causam delírios, Andrews.
Ele soltou uma risada seca, quase amarga.
— Isso aqui não é destruição. É sobrevivência.
— Não. Isso é negação.
O silêncio entre nós pareceu durar uma eternidade.
— Você não precisa fazer isso — insisti. — Eu sei que você odeia parecer fraco. Mas se continuar assim... vai acabar se perdendo de vez.
Ele me olhou nos olhos. Por um instante, juro que vi algo nele ceder. Mas então, desviou o olhar. Como se tivesse se lembrado de que não podia, não devia.
— Eu não quero que você sinta pena de mim. Pareço alguém que precisa disso?
— Eu não sinto pena — falei baixinho. — Eu sinto medo.
— E está tudo bem assim. Não é como se eu me importasse.
— Tudo bem você não se importar. Mas eu não consigo simplesmente assistir tudo isso e fingir que está tudo certo.
— Se foi por causa do que aconteceu hoje... a empresa é minha. Eu não fiz mais que minha obrigação.
— Não é só por isso. Mas, ainda assim... você poderia ter me deixado na pior, e não deixou. — desviei o olhar, sentindo um peso estranho no peito. — Pelo menos dessa vez... foi diferente.
Minha voz quase falhou. Era como um sussurro que mal saiu. E doeu.
— Como eu disse, só cumpri meu dever. Eu sou um homem adulto. Não sou irracional só porque tomo decisões difíceis. Eu sei o que é certo. E sei o que estou fazendo com a minha vida. — disse se referindo aos remédios.
— Tá certo... pelo visto você não vai ceder mesmo. — comprimir os lábios apreensiva.
Balancei a cabeça, sem mais o que dizer. Me despedi com um gesto breve e saí do quarto, fechando a porta com cuidado.
Foi aí que encontrei Rodrigo vindo na minha direção. Seu rosto estava carregado de algo que me deixou alerta.
— O que foi? — perguntei, sentindo que ele tinha deixado passar algo.
Ele se virou para mim. Me encarou com aqueles olhos vazios. Por um instante, temi que me ignorasse ou agisse com violência. Mas, para minha surpresa, ele caminhou até mim, lentamente e parou.
— Por que você foi embora? — ele sussurrou. — Você disse que ia cuidar de mim.
Aquilo me atingiu como um golpe. Minha garganta se fechou e eu recuei, ele estava em transe, mas... ele sabia que eu estava ali? Rodrigo estava certo aquilo era completamente assustador.
— Eu... eu voltei. — respondi com a voz embargada. — Eu tô aqui agora... — disse tentando me acalmar e me aproximar, porque na verdade, ele fez meu estomago embrulha como se tivesse borboletas.
Ele chegou ainda mais perto. Toquei seu braço com cuidado, tentando guiá-lo.
— Vamos... vamos voltar pro seu quarto.
Mas antes que pudéssemos sair dali, ele me olhou de novo, E por um instante... ele me viu. Era Andrews de verdade, por apenas alguns segundos, eu sei que era, era como se... sera que ele estava tentando ficar consciente? Isso é tão irreal, de repente ele me abraçou e meu corpo tremeu, mas não me afastei.
— Você tem cheiro de casa — ele murmurou, antes de fechar os olhos e ceder ao cansaço.
Engoli em seco, Meus olhos se encheram d’água sem que eu entendesse bem por quê. Com cuidado, levei ele de volta para o quarto. O ajudei a se deitar, ajeitei os lençóis. Fiquei ali, o observando, como se precisasse me certificar de que ele estava mesmo bem... ou porque simplesmente não conseguia ir embora.
Antes de sair, sussurrei, para mim mesma,
— Eu não vou mais deixar você sozinho. Pelo menos... até te salvar de você mesmo.
Fechei a porta devagar, voltando à noite silenciosa da mansão, com o coração carregado e uma promessa selada no escuro.

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