Cap. 91 Cruzando uma linha com Andrews.
Andrews... minha mente gritou pensando o pior, corri segurando o seu braço, não que aquilo fosse o salvar se ele desequilibrasse, mas queria que ele recuasse, seu olhar estava vazio, a expressão completamente perdida.
— Andrews...? — chamei num sussurro, a voz trêmula.
Ele não respondeu. Apenas começou a descer os degraus com uma lentidão que me gelou por dentro. Era como se estivesse sendo puxado por algo que eu não conseguia ver. Algo que não estava ali.
Meu coração começou a bater rápido demais. O medo se misturava ao instinto. Ele podia cair. Podia se machucar, enquanto seguia, eu travei o observando, não tinha nem como eu conseguir salvar ele se ele desequilibrasse.
— Não... não agora — murmurei, descendo correndo para alcançar o último degrau antes dele. — Andrews, por favor, você tem que voltar pro quarto...
Tentei segurá-lo pelo braço com o máximo de delicadeza, como se ele fosse vidro prestes a se estilhaçar. Mas ele me ignorou. Me atravessou como se eu não existisse, andando pelo corredor como um fantasma.
— Ei! — insisti, caminhando ao lado dele. — Por favor, escuta minha voz. Volta comigo. Dorme. Descansa...
Mas nada. Ele estava em outro lugar.
E mesmo assim.. mesmo assim, eu não consegui deixá-lo. Eu não consegui parar de tentar. Ver ele assim... me doía num lugar que nem sei nomear. Ele estava tão frágil. Tão exposto. E ninguém via isso além de mim.
Eu me coloquei à frente dele, com o coração apertado.
— Andrews... — pedi de novo, quase num lamento. — É perigoso ficar andando assim. Eu tô aqui... escuta minha voz...
Ele parou. E antes que eu pudesse entender o que acontecia, senti seus braços ao meu redor, Ele me abraçou.
Eu congelei. Meu corpo inteiro ficou tenso, o coração batendo como se estivesse tentando escapar do peito. Ele estava quente. Vivo. Real. E, ao mesmo tempo, parecia tão distante, tão... frágil.
E então ele sussurrou, aquilo era tão incomum, mas meu corpo perdeu as forças ao ouvi-lo.
— ...Saudades... senti tanto sua falta...
Aquela palavra caiu sobre mim como uma avalanche silenciosa. Meus olhos se encheram. Eu queria responder, mas a garganta apertou. Ele não sabia o que dizia... ou talvez soubesse. Talvez, naquele estado, ele dissesse tudo que calava acordado, eu sei que era isso, confesso que isso me deixa um pouco animada.
— Então... — deixei escapar um sorriso pequeno. — Você fala mesmo quando está inconsciente...
— Eu não sei por que não consigo te odiar quando está assim... — sussurrei. — Mas também já não consigo te odiar quando está acordado
Encostei minha cabeça no ombro dele, sentindo o calor da sua presença. O peso do que eu sentia se tornava impossível de ignorar. E assustador.
A madrugada continuava lá fora, fria e silenciosa. Mas ali dentro... naquele instante... era como se estivéssemos isolados do resto do mundo. Dois mundos se tocando. Um perdido, o outro esperando que ele acordasse.
Mas no fundo, eu sabia... mesmo dormindo, mesmo inconsciente... ele estava ali. De alguma forma, por um breve momento, ele me viu.
A sala estava mergulhada naquele silêncio denso da madrugada, quebrado apenas pela respiração constante de Andrews ao meu lado. O sofá nos envolvia como um abrigo secreto, longe do resto do mundo. Eu o observava com um carinho difícil de conter, enquanto ele permanecia ali, perdido no seu próprio universo, ainda sonâmbulo, ainda vulnerável.
Com delicadeza, deslizei minha mão pela perna dele e sussurrei.
— Vamos... vou te levar pro seu quarto, você precisa dormir melhor. — avisei percebendo que a hora estava se estendendo.
Me inclinei, tentando me erguer para guiá-lo, mas ele, subitamente, segurou meu pulso com suavidade e me puxou de volta. O gesto não foi brusco, mas firme o bastante para me desequilibrar e quando percebi, estava de joelhos sobre o sofá, com meu corpo praticamente sobre o dele.
Minhas mãos estavam apoiadas em seus ombros, e nossas testas se tocaram. Senti sua respiração contra a minha, quente, calma... envolvente. Um arrepio percorreu minha espinha. Era impossível ignorar o toque da mão dele deslizando pela lateral do meu rosto, os dedos passeando como se estivessem redescobrindo cada traço meu, a sensação era tão boa que não queria me afastar, apenas me sentei sobre seu colo, montada de frente para ele que continuou acariciando minha pele, a posição era estranha e por um breve momento me senti constrangida pela camisola curta que agora não cobria nada, ainda assim o que há para se importar se ele nem mesmo estar acordado?

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