Cap. 92: desconfiado.
— Andrews...? — murmurei, com a voz falha. — Você... está acordado?
Mas ele não respondeu. Seus olhos estavam abertos, sim, porém enevoados, distantes. O sonambulismo ainda o mantinha preso em seu próprio mundo, como se flutuasse entre a realidade e os sonhos.
Suspirei, dividida entre a preocupação e aquele novo turbilhão que crescia dentro de mim, quente, intenso, incontrolável.
Foi então que senti sua mão se mover. Lentamente, os dedos deslizaram até o centro das minhas costas, como se procurassem abrigo em mim. O toque era suave, mas firme o suficiente para arrancar de mim um suspiro involuntário. Fechei os olhos, sentindo o peso do seu corpo sob o meu, o calor que ele irradiava... e o quanto o meu corpo parecia implorar para permanecer ali.
Deixei os dedos passearem por seus ombros, sentindo a firmeza dos músculos sob o tecido da camisa. Um por um, desfiz os botões com reverência, como se revelasse um segredo sagrado que só eu poderia conhecer. Sua pele era quente, viva, o coração pulsando sob minha palma.
— Andrews... — sussurrei, meu nariz roçando o dele, os lábios tão próximos que o ar entre nós parecia suspenso. — Agora que você fala... será que pode me responder?
O silêncio entre nós não era vazio, era denso. Vivo.
— O que você sente por mim? — perguntei, num sopro.
E então, sem aviso, os braços dele me envolveram com delicadeza e força. Me puxou para mais perto e nossos lábios se tocaram em um beijo suave, carregado de tudo o que sempre foi contido.
— Eu te amo... — ele sussurrou, entre o beijo.
Meu coração parou por um segundo. E depois explodiu. As lágrimas caíram antes que eu pudesse conter — uma, duas, como se lavassem tudo o que eu havia escondido até ali. Eu o abracei com força, como se quisesse colar meu peito ao dele, como se meu coração pedisse para nunca mais sair dali.
Ali, naquele momento suspenso entre a vigília e o sonho, Soube que não havia mais como fingir, nem me esconder. Andrews me amava. Mesmo inconsciente. E eu… eu estava completamente perdida por ele.
Encostei meu rosto ao dele, sentindo a respiração quente, e deixei um beijo suave em sua bochecha. Me permiti ficar. Acariciei seus cabelos de novo, como se fosse minha coisa favorita no mundo.
— Eu prometo que vou estar sempre perto de você. Mesmo que você nunca saiba. Mesmo que não se lembre.
Andrews murmurou algo, mas as palavras se perderam no vazio do sonambulismo. Continuei ali, aninhada a ele, até que o tempo escapou.
Olhei discretamente para o relógio na parede. Estava tarde demais.
— Certo... hora de você voltar pra cama — sussurrei, com carinho.
Com dificuldade, o fiz levantar, guiando-o silenciosamente pelo corredor. Ele andava com calma, obediente ao toque da minha mão. Ao chegarmos em seu quarto, abri a porta com cuidado, o conduzi até a cama e o ajudei a se sentar, em seguida o deitando me deitei por um tempo ao seu lado de frente para ele o observando.
Mas, de repente, algo mudou.
O corpo dele, que antes estava entregue e sereno, começou a enrijecer aos poucos, Senti a respiração de Andrews se alterar, Seus dedos se mexeram em um leve espasmo, como se a realidade estivesse tentando puxá-lo de volta.
— Seu inconsciente? — ele franziu o cenho. — E como você percebeu tão rápido que estava sonâmbula... e está tão... lúcida?
— É que eu... já estou acostumada! — improvisei. — Tenho experiência. E... e... eu só... — suspirei. — Só estava com vontade de me deitar ao seu lado.
Os olhos dele caíram para a própria camisa, ainda aberta. Ele arregalou um pouco os olhos, depois voltou a me encarar com um olhar entre a dúvida e o escândalo.
— Aurora... — ele disse, fechando a camisa com uma das mãos. — Você parece ser do tipo... bem pervertida quando está sonâmbula. Tentou se aproveitar de mim?
— N-NÃO FOI ISSO! — gritei, completamente vermelha, escondendo o rosto com as mãos enquanto saía do quarto quase tropeçando nos próprios pés. — Eu não sou assim! Eu juro!
Ouvi a risada dele vindo de trás, abafada, meio envergonhada também.
Ele riu.
Andrews riu.
E eu... bom, eu só queria que o chão me engolisse.
Mas meu coração ainda batia como um tambor. Porque, mesmo com toda a vergonha, eu sabia o que tinha ouvido, que estranho que ele não ficou irritado ou me repreendeu, ainda assim suspirei aliviada por isso, afinal... ele não pode dizer que me ama quando estar sonanbulo e depois me maltratar, perto dele me sinto como se fosse de vidro.

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