cap. 93: mesmo que eu queira te evitar.
Aurora westwood.
Na manhã seguinte, acordei com o coração ainda acelerado, A vergonha da noite anterior me corroía. Levantei da cama o mais rápido que pude, tomei um banho frio, me arrumei e prendi o cabelo num coque mal feito, meu único pensamento era, eu não posso vê-lo.
Não hoje, a intenção era... que eu tinha que trabalhar e tinha que sair antes que ele pudesse me ver.
Além disso, Alice tinha me ligado cedo, lembrando que era o dia da visita à minha avó no asilo, Eu tinha esquecido completamente. Combinei com ela de ir até lá perto do meio-dia assim que encerrasse o expediente da manhã, e olhei para o relógio, Ainda era cedo. Naquele horário, Andrews geralmente dormia ou estava se arrumando.
Minha chance.
Saí do quarto na ponta dos pés, coração apertado, respiração presa, rezando para que o universo me deixasse escapar em paz, Mas bastou abrir a porta para o destino me dar um tapa na cara ou melhor, no nariz.
Bati direto contra alguém.
— Ai! — gemi de dor, levando a mão ao rosto.
— Onde você acha que vai tão apressada? — Andrews perguntou, com a voz baixa e carregada de ironia.
Travei.
Me afastei rápido, recuando um passo, surpresa e aterrorizada.
— Você... já está de pé? — sorri sínica desviando o olhar comprimindo os lábios após.
— Difícil dormir depois de ter flagrado uma certa intrusa sonâmbula no meio da madrugada — respondeu ele, cruzando os braços. O cabelo ainda estava meio úmido, e a camisa semiaberta revelava que ele também havia acordado há pouco. Mas o olhar... aquele olhar dizia que ele estava bem mais desperto que eu gostaria.
— Ah... é... sobre isso... — gaguejei, sem saber onde enfiar o rosto.
— Então? — ele se aproximou um pouco. — Vai me contar o que exatamente aconteceu ontem à noite ou vai manter o show da sonambulice?
Respirei fundo. Olhei para o lado, depois para o chão, depois para qualquer coisa que não fosse ele.
— Eu sou sonâmbula, Andrews. Eu... não lembro de nada. E se aconteceu alguma coisa estranha... não vai se repetir. Eu juro.
Ele arqueou uma sobrancelha, como se saboreasse minhas palavras.
— Estranha, é? Então o que você fez de estranho, além do que eu posso deduzir?
— Eu já disse, não tenho ideia.
Ele piscou, abrindo caminho para que eu passasse.
— Então vai — disse, com um sorriso torto. — Mas só pra constar... se quiser repetir a cena sonâmbula hoje à noite, eu prometo que tento fingir que estou dormindo de novo.
— ANDREWS! — exclamei, incrédula, ele estava mesmo tentando me testar? Que vontade de contar que o palhaço aqui é ele, mas como se trata dele a reação dele seria bem mais séria, não quero que ele suma para se isolar só porque não sabe lidar com o fato de que está com esse problema.
Ele riu aquele riso contido, debochado como nunca vi ele sorri, com os braços cruzados no peito e os olhos ainda cravados em mim, mas não disse mais nada. Só murmurou, com aquele tom indiferente que me desestabilizava:
— Desce e toma café. Precisamos sair.
Assenti em silêncio, ainda com o rosto quente, e desci as escadas ao seu lado, mas sem trocar nenhuma palavra, mas a vergonha continuava ali.
Fomos até a empresa no carro preto dele, o mesmo carro que sempre parecia carregar mil segredos. O silêncio entre nós era denso, mas não desconfortável — era só... estranho. Como se tudo que foi dito e feito naquela madrugada ainda pairasse no ar entre a gente, esperando ser resolvido.
Assim que chegamos à empresa, nos separamos. Andrews sumiu como sempre. Era incrível como ele fazia isso, desaparecia do nada, como se se tornasse invisível no momento em que cruzava a entrada.
E talvez fosse por isso que todos sempre pareciam tão ansiosos em vê-lo. Andrews não gostava de aparecer. E quando aparecia, nunca era por acaso.
Fechamos o turno ao meio-dia. Eu e Alice organizamos os papéis finais da manhã e então saímos. Andrews já tinha ido embora para algum lugar, e parte de mim ficou aliviada por não ter que encará-lo novamente tão cedo e para onde eu estava indo seria impossível encontra-lo.

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