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Esposa impostora e o Magnata Sombrio. romance Capítulo 97

Cap. 96: Dançando em seus braços.

Ao voltar para a mansão, Aurora largou a bolsa sobre a mesinha da entrada e perguntou por Andrews. Jacy, que organizava algumas flores no hall, respondeu com um suspiro baixo.

— Ele está no escritório desde que chegou. Trancado. Disse para não ser incomodado. Ele parecia bem estranho. Aconteceu algo?

— Ah... nada demais. Eu vou tentar falar com ele agora. — ela avisou, seguindo até o andar de cima.

— Andrews? — chamou ao parar em frente ao escritório dele.

Nada. Bateu de novo, com mais firmeza.

— Podemos conversar?

Silêncio.

Ela encostou a testa na madeira da porta, frustrada, e então se afastou. Mas, ao invés de seguir para seu quarto, decidiu descer e sair, indo até o jardim. A brisa da tarde já começava a esfriar quando saiu caminhando pela grama, parando em frente ao escritório de Andrews no segundo andar. Olhou para aquele andar, um tanto inquieta, e espiou por entre as frestas da cortina.

Lá dentro, Andrews andava de um lado para o outro com as mãos nos bolsos, os ombros rígidos. Parecia estar discutindo com os próprios pensamentos. Aurora continuou observando a silhueta dele através da cortina, até que ele parou e se virou diretamente na direção da janela.

Ela congelou.

Será que ele me viu?

Instintivamente, se abaixou e se jogou na moita próxima, o coração disparado. Quando olhou de novo, viu Andrews abrindo as cortinas e lançando olhares atentos para fora, procurando algo ou alguém.

Assim que ele se afastou da janela, Aurora se levantou, limpando as folhas da roupa, e voltou para dentro.

Foi até a sala de lazer, enquanto pensava no que fazer para tentar animar Andrews. Mas como poderia fazer isso se só conseguia se aproximar dele quando ele estava sonâmbulo?

“Será que sonâmbulos se sentem felizes?” — pensou de repente, olhando ao redor e pensando na decoração do lugar. — “É possível viver só nos momentos em que se está dormindo? Sentir liberdade só no inconsciente? Andrews é tão complexo...”

Sacudiu a cabeça, tentando afastar o pensamento. Mas não era fácil. Não depois de ver aquela mulher, Janete, e ouvir tudo o que ela tinha dito.

— Bom... vou passar um pouco mais de tempo com ele hoje. Mesmo que não faça diferença, quem sabe ele, mesmo sem saber, se sinta melhor no dia seguinte.

À noite, no quarto, Aurora demorou no banho. Ela pensava em como se aproximar de Andrews sem parecer invasiva. Acabou adormecendo na banheira, o corpo relaxado e a mente cansada.

Acordou assustada, a água quase fria. Enrolou uma toalha nos cabelos, vestiu um roupão macio e saiu apressada do banheiro ao ouvir batidas na porta.

— Já vou! — gritou, andando rápido pelo quarto.

Assim que abriu a porta, Andrews entrou.

— Andrews! — exclamou, surpresa, recuando um passo.

Ele parou, os olhos neutros e sem emoção. Aurora apertou o roupão contra o corpo, envergonhada. O cabelo ainda úmido, o rosto corado pelo calor do banho e pela presença dele tão próxima.

Ele parecia... diferente. Não irritado, não furioso. Apenas exausto.

— Você está… acordado? — Aurora perguntou, a voz baixa.

Andrews apenas suspirava, os olhos fixos nela por um instante que pareceu durar demais. Sem dizer mais nada, ela desviou o olhar e deu um passo para o lado.

— Não... — Aurora murmurou nervosamente.

Mas havia algo em sua expressão... um misto de surpresa e diversão contida. Então, aos poucos, deixou o nervosismo dar lugar a um sorriso desconfiado. A música suave fazia tudo parecer menos real, como se tivessem escorregado para um universo alternativo onde as tensões do dia não existiam.

— Você quer... dançar comigo? — ela perguntou, sem saber de onde vinha aquela ousadia. Começou a girar ao redor de Andrews graciosamente, cantando:

— Devíamos estar dançando, namorando, Na ala leste e a ala oeste, Desta mansão, o que está acontecendo? Eu não estou fazendo nenhum joguinho, Todas as palavras que eu digo vêm direto do coração, Então se você quer vir pra esses braços, Vou deixar a porta aberta.

Ela cantava se entregando ao momento, se aproximando de Andrews. Seus braços passaram ao redor da cintura dele, o roupão escorregando levemente no ombro, revelando a pele quente e úmida do banho.

Ele estava quieto no início, mas depois suas mãos pousaram na cintura dela, firmes, respeitosas, mas claramente sentindo. Aurora fechou os olhos por um instante, ouvindo a música. O peito dele subia e descia em um ritmo lento, e ela se encaixou ali como se fosse um lugar familiar.

— Fique comigo... todos os dias... — ela ouviu ele sussurrar em seu ouvido, seguido de um discreto gemido.

— Você está sonâmbulo, lembra? — ela retrucou, abrindo os olhos e encarando-o com um sorriso atrevido. — Eu posso fazer o que quiser. Você nem vai lembrar amanhã, e será como se os dias nem existissem para você. Eu vou te abraçar mais um pouco, e, se o mundo acabar, espero que você esteja sonâmbulo para estar ao meu lado.

Mais uma vez, o tempo escapou dos dois. Quando ela se deu conta, o relógio já marcava bem mais tarde do que deveria. Aurora, com o rosto corado e as pernas meio trêmulas, suspirou e disse com a voz abafada:

— Certo, hora de levar você pro quarto.

Mas, ao tentar sair, ela gelou.

Ela olhou para Andrews com um arqueamento de sobrancelha.

Se ele acordasse ali... como ela ia explicar?

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