Cap: 97 Sinais estranhos.
Caminhei ao redor daquele lugar, ansiosa. Rodrigo não pode ter pregado essa peça. Ele sabe que Andrews não pode descobrir seu sonambulismo. Eu não tinha percebido o aro na boca da garrafa, eu nem mesmo tinha bebido e parece que ele sabia. Tinha uma chave naquele aro. Peguei rapidamente, passando por Andrews, em pé, parado como uma estátua, mas meus olhos estavam fixos na porta, como se a distância entre mim e aquela maçaneta fosse a única coisa capaz de me salvar. Eu precisava sair dali.
Mas, assim que eu pude alcançar a porta, Andrews segurou meu roupão como se me chamasse de volta. Eu me virei, o encarando assustada, mas ele não tinha acordado. Antes que eu pudesse reagir, os dedos dele deslizaram, sem direção exata, até o nó frouxo do meu roupão. Era um gesto inconsciente. Ou... instintivo?
— Andrews… — sussurrei, a voz presa entre o susto. — Eu sinto muito. Temos que sair. Sei que não tem hora exata que você acorde, mas tenho hora para te colocar para dormir — avisei, tensa.
Só que, quando tentei me virar e me afastar dele, quando dei aquele meio passo hesitante, o tecido escorregou.
Ele não me segurou. Ele segurou o roupão, e ficou com ele na mão.
Eu... fiquei completamente nua.
A peça escapou do meu corpo como se fosse feita de bruma. Suave. Rápida. Irreversível.
Meu coração parou. Ou explodiu. Eu não sei. Enquanto colocava os braços em volta dos meus seios, maldita hora que saí de qualquer jeito porque ele nem mesmo estava tendo noção de nada.
Fiquei congelada, encolhida, para que ele não me visse. Mas ele estava sonâmbulo. Sonâmbulo, Aurora. Lembra?
Repeti isso na minha cabeça como um feitiço de proteção. Como se essas palavras pudessem justificar o fato de eu ainda estar ali. Parada. Com a pele arrepiada. Criei coragem, me levantando.
Mas então ele me olhou.
E... por Deus... havia algo naquele olhar. Algo que me fez tremer ainda mais. Algo acordado. Vivo. Primitivo. Como se ele me enxergasse, mesmo com a mente adormecida. Como se o corpo dele conhecesse o meu desde sempre.
Dei um passo para trás, num reflexo, e bati na parede. O contato frio me fez respirar fundo. Eu recuei quando ele deu alguns passos em minha direção. Mal as palavras saíam da minha boca.
Ele avançou, e senti minhas costas contra a parede e as mãos dele apoiadas ao meu redor. Seu rosto se aproximou do meu.
Quando seus lábios tocaram os meus, eu já não conseguia pensar. Não era um beijo apressado, nem faminto. Era um beijo profundo. Sentido. Como se ele estivesse se ancorando em mim. E eu... deixei.
Minhas mãos agarraram os ombros dele, buscando algum apoio, alguma sanidade. Mas não havia mais nada racional dentro de mim.
Arfei quando senti suas mãos passearem pela minha cintura e subirem devagar, quase como uma carícia que pedia permissão, mas já sabia que seria aceita.
Seus dedos contornaram meu corpo até chegarem à curva dos meus seios. Ele tocou com delicadeza, com respeito, mas foi o suficiente para que meu corpo respondesse com um arrepio intenso.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Esposa impostora e o Magnata Sombrio.