Ele continua sorrindo, um brilho despreocupado nos olhos.
—Ainda sigo alguns costumes, mas, em relação a relacionamentos, sou livre. Embora saiba que meu pai adoraria me ver casado com uma mulher do meu povo, não é uma exigência como acontece em algumas famílias por aqui.
Uma inquietação se instala em mim. Minhas palavras escapam com uma naturalidade forçada:
—E se Okan gostar de alguém de fora? —Minha voz soa calma, mas meu coração martela no peito.
Ômer ri, um som grave e ligeiramente amargo.
—Ir contra os costumes? Eles se enraízam na gente como raízes em terra firme. Rompê-los não é só difícil, é devastador. Desestrutura a família, cria um dramalhão digno de novela e ainda traz os dramas de consciência. Você já reparou no meu tio? Ele está com sérios problemas de saúde. Okan jamais o desagradaria.
—Kayra mencionou. Ele tem problemas cardíacos, certo? —Pergunto, sentindo uma onda de empatia por aquele homem que mal conheço.
—Sim, insuficiência cardíaca.
—Que triste.
Ômer balança a cabeça lentamente, sua expressão se fechando um pouco.
—Agora entende por que Okan não vai contra os costumes? Ele não suportaria a ideia de machucar o pai, muito menos encurtar seus dias. Reparou na ligação deles? Okan morreria por ele. Sempre faz questão de dizer que deve tudo ao velho. Você sabe que meu tio chegou aqui sem nada, não é? Só com a coragem dele e de minha tia, e agora... —Ele faz um gesto amplo com a mão, indicando a opulência ao nosso redor. —Construiu isso. Um império.
Eu apenas assinto, um aperto crescente no peito. “Deus! Como posso me sentir tão envolvida por um homem em tão pouco tempo?”
Uma tristeza invade meu coração, tanto por mim quanto por ele. A vida de Okan parece estar presa aos desejos e tradições da família, e não é difícil imaginar que o senhor Ibrahim já está planejando arrumar uma esposa perfeita para o filho.
—Bem, vou lá me despedir deles. —Ômer anuncia, seu olhar pousando na sala ao lado.
Forço um sorriso e aceno para ele.
—Boa noite.
Ele segue em direção aos outros, e eu me vejo sozinha, perdida em meus próprios pensamentos. Meus olhos são atraídos para Okan, quase como um imã. Ele está sorrindo, aquele sorriso que ilumina tudo ao redor, enquanto se despede dos tios. Vejo quando ele segura a mão de Ayla, inclinando-se para beijá-la com elegância. Ayla, como sempre, parece uma princesa encantada, seguindo os pais até a saída com a submissão de uma cordeirinha obediente.
O vento gelado que atravessa a varanda faz meu corpo estremecer, trazendo-me de volta à realidade. Sem alternativa, volto para dentro. O calor da lareira acesa me envolve assim que cruzo a porta, aliviando o frio. Dou alguns passos hesitantes até a sala, onde vejo Kayra conversando com o pai. Logo, ela se despede dele e caminha em minha direção.
—Vou me deitar. —Anuncio, pousando a taça vazia na bandeja que um dos empregados segura.
—Já? —Ela me olha surpresa, os olhos brilhando com a animação da noite.
—Sim. Estou cansada.
Kayra hesita por um instante antes de sorrir.
—Tudo bem. Mas antes de ir, quero te convidar para ficar mais tempo conosco. Que tal passar a semana aqui?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Romance Proibido
Não consigo liberar para leitura, mesmo tendo saldo disponível....
Fiz a compra e não desbloqueia para ler , falta de respeito com o leitor!!!...