Emily
Decido não sair mais do quarto. Após um banho vigoroso, visto um moletom confortável e me deito. O silêncio do ambiente contrasta com o tumulto dentro de mim. Fico quieta, repassando tudo o que aconteceu.
Okan, com certeza, percebeu o interesse claro de Ômer. Até então, ele parecia apenas um bom amigo. Mas aquele olhar que me lançou... Foi diferente. Surpreendente.
Será que Okan me expôs? Contou a Ômer o que pensa sobre mim, deixando subentendido o “tipo de mulher” que ele acha que sou?
Uma raiva crescente toma conta de mim. Nunca tive tanta vontade de socar alguém quanto agora. Se ele usou esse golpe baixo, acho que não me controlaria. E esmurrar aquele nariz perfeito seria quase terapêutico.
A porta do quarto se abre, interrompendo meus pensamentos. Meu coração dispara, e eu já me preparo para enfrentar Okan. Mas, ao ver Kayra, respiro aliviada. Atrás dela, Odila empurra um carrinho com meu jantar.
Que gentileza...
— Melhorou?
— Sim, obrigada. — Tento sorrir para disfarçar minha inquietação. Se Kayra está aqui, preocupada comigo, isso significa que ela ainda não sabe de nada. Talvez Ômer tenha guardado tudo para si, ou Okan... Bem, eu duvido que ele tenha ficado em silêncio depois da expressão que vi em seu rosto mais cedo.
— Como você não apareceu, trouxe seu jantar aqui no quarto.
Sorrio de forma mais sincera dessa vez.
— Você tem sido uma grande amiga, Kayra. Isso é muito gentil da sua parte.
Ela sorri de volta e, para minha surpresa, me abraça forte. Quando se afasta, seus olhos brilham com sinceridade.
— Sempre quis ter uma irmã. Eu realmente gosto de você. Você é diferente, sabe? Foi a única pessoa que me tratou de igual para igual, que não me olhou com desdém por causa das minhas roupas ou do fato de eu não frequentar tantas festas.
— Sim. — Tento retribuir o carinho com um sorriso, embora meu coração esteja apertado. — Mas você foi à festa que eu organizei... Foi para me agradar?
Ela cora, desviando o olhar.
— Foi. — Sua voz é baixa, quase tímida. — Você tinha acabado de descobrir a traição do seu namorado, e eu quis te dar apoio. Mas, como viu, não fiquei muito tempo. Não me senti bem com os olhares tortos, principalmente por causa do hijab.
Ah, o hijab. Kayra sempre usa o lenço quando sai, e isso frequentemente atrai comentários maldosos.
— Mas eu não entendo — digo, franzindo a testa. — Vocês nem são tão religiosos, então por que seu pai insiste nisso?
Ela dá de ombros, sorrindo de forma resignada.
— Estratégia. Um homem, ao ver uma mulher de hijab, pensa duas vezes antes de se aproximar. Meu pai acredita que isso me protege de pretendentes indesejados.
Assinto, sem responder. Meu coração se aperta ainda mais. Mais uma vez, me lembro de que Okan está destinado a uma mulher de seu povo. É algo que levam muito a sério nesta família, e isso só reforça a barreira entre nós.
Kayra se levanta, ajeitando o lenço.
— Vou deixá-la em paz agora. Coma antes que esfrie. Se quiser, depois podemos jogar xadrez.
— Não, obrigada. Acho que vou me deitar cedo. Nos falamos amanhã.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Romance Proibido
Não consigo liberar para leitura, mesmo tendo saldo disponível....
Fiz a compra e não desbloqueia para ler , falta de respeito com o leitor!!!...