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Romance Proibido romance Capítulo 43

Emily

A claridade do quarto me desperta, os raios de sol atravessando a janela como um lembrete de que o tempo melhorou.

Meus olhos encontram o rádio-relógio: Dez horas.

— Nossa, dormi bastante... — murmuro, sem ânimo.

Uma sensação de mal-estar me atinge como um soco no estômago. Okan. Cada momento daquela noite se repete na minha mente. Não dormi quase nada, passei horas revirando na cama, pensando nele. Em nós.

Ele não sabe, mas eu não me entreguei por mera luxúria. Não foi um capricho ou uma aventura. Algo dentro de mim me levou até ele. Dei muito mais do que meu corpo naquela noite.

Se fosse apenas desejo, por que me sinto assim? Por que a rejeição que vi em seus olhos me machuca tanto?

Seria mais fácil se eu tivesse negado tudo. Se tivesse virado as costas ao desejo. Mas agora estou aqui, vazia. Triste.

Deus, ainda vejo aquela expressão de culpa no rosto dele, como se não soubesse o que fazer com a revelação da minha entrega. E, de alguma forma absurda, isso só me fez gostar mais dele.

Outro homem teria se sentido o máximo, penso, com amargura. Mas ele não. Isso me confunde mais ainda.

Balanço a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Preciso reagir. Vou até o banheiro, lavo o rosto e escovo os dentes. Penteio os cabelos com força, como se pudesse desembaraçar também o turbilhão na minha mente. Capricho no visual: sombra nos olhos, lápis, uma blusa branca de cashmere e uma calça marrom de veludo. Preciso parecer segura, agir como se tudo estivesse bem.

Vou embora. Decidi.

Arrumo as malas rapidamente — um sinal de que nunca me senti realmente aqui. Verifico as mensagens no celular. Minha mãe me mandou uma selfie na lareira acesa. Escrevo de volta:

Linda. O tempo aqui melhorou. Quando a neve derreter, estou indo para casa.

Saio do quarto. Arrasto minha mala pelo corredor e entro na sala.

E ele está lá.

Okan.

Lindo de morrer, como sempre. Jeans escuro, camiseta preta e uma jaqueta de couro. Os cabelos molhados denunciam um banho recente, e o perfume dele — aquele perfume que me enlouquece — chega até mim antes que eu consiga me preparar.

Meus olhos percorrem o homem que me fez perder o rumo. O peito aperta, o coração descompassa, e o fôlego me falta. Deus, como ele consegue me afetar tanto?

Ele pousa o jornal no sofá e se levanta. Seus olhos deslizam pelo meu corpo, me queimando de cima a baixo. Eu preciso ir embora. Preciso!

Procuro disfarçar o nervosismo.

— Bom dia. Onde estão todos? — pergunto, a voz mais fraca do que eu gostaria.

— Bom dia. Ômer e Kayra foram buscar o bolo de aniversário da nossa cozinheira. — Ele diz, e então vejo seus olhos pousarem nas minhas malas. Seu semblante muda. Fica sério. Duro.

— Bonito gesto de Kayra — respondo, tentando soar casual.

Ele assente, mas não se move.

— Verdade. Resolveu ir embora?

Respiro fundo.

— Sim. Resolvi. Despede-se de Kayra por mim. Estou indo.

Ele fica calado por um instante. Um silêncio que me pesa no peito.

— Por que está fugindo?

Minhas mãos tremem levemente enquanto aliso o tecido da minha blusa, nervosa.

— Eu... não estou fugindo. Apenas tomei uma decisão.

O olhar dele escurece, sombrio, me atravessando como uma faca. Sinto vontade de correr até ele, de esquecer o mundo e me jogar nos seus braços.

— A neve está alta — ele diz, seco.

E a tensão se instala entre nós.

A porta se abre. Kayra aparece ao lado de Ômer, que carrega um grande bolo com a ajuda de um empregado. O sorriso fácil de Ômer é como um raio de sol cortando a tensão, mas logo se dissipa quando seus olhos encontram minha mala. Ele segue para a sala de jantar, enquanto Kayra fica parada, observando-me com um semblante fechado.

— Você não vai embora agora, vai? — a voz dela soa como um desafio, mas também como um pedido.

Solto o ar, tentando me manter firme.

— Só vou esperar a neve derreter mais.

Ela estreita os olhos, claramente desconfiada.

— Por que a pressa?

Meu coração dispara, me traindo. A pergunta dela é simples, mas carrega um peso que me deixa sem chão.

— Eu... — As palavras me fogem, mesmo depois de ter ensaiado tantas vezes o que dizer. Por que, Deus? Minha desculpa agora parece ainda mais esfarrapada.

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