Emily
Abaixo a cabeça, sentindo o peso de uma verdade que me golpeia o coração. Meus pensamentos giram, e a única coisa que consigo digerir é: Okan é turco.
As imagens dele surgem na minha mente como um filme impossível de parar. Ele ao piano, tocando com uma intensidade que transbordava pela música. Suas mãos deslizando pelas teclas com uma paixão que só alguém como ele poderia ter. Okan é um homem apaixonante, mas também perigoso... porque quanto mais eu tento escapar de suas teias, mais enredada fico.
Eu preciso ir embora. Urgentemente. Hoje mesmo.
Sem fome, afasto a cadeira, o som do arrasto ecoando como um aviso. Pego meu casaco no hall de entrada. Ele está no mesmo lugar desde o dia em que cheguei aqui, sem saber que sairia dessa casa tão diferente. Agora, uma mulher — mas com um vazio no peito que parece insuportável. Algo falta. E talvez o único que possa preencher esse espaço seja ele.
Respiro fundo, tentando buscar uma força otimista. O tempo será meu aliado, sussurro para mim mesma.
Sigo até a varanda, abrindo a pesada porta de vidro. O vento gélido do inverno me recebe como um tapa. Meus cabelos voam, o frio corta meu rosto, mas eu o aceito. Preciso sentir algo que não seja essa confusão dentro de mim.
A vista, normalmente tão bela, não me traz a paz que costumava trazer. Árvores quase nuas, o chão embranquecido pela neve e o sol tingindo tudo de dourado... mas eu estou longe, muito longe daqui.
Então, viro o rosto.
E o vejo.
Okan.
Meu corpo reage como se eu tivesse sido atingida por um raio. O coração pula no peito, as mãos ficam frias e crispadas. Ele está a poucos passos de distância, encostado no parapeito da varanda, o olhar vazio sobre o jardim. Sua expressão carrega cansaço, dor, como se carregasse um peso invisível.
Ele vira o rosto lentamente e me vê. Seus olhos negros, tão contemplativos um segundo atrás, agora estão vivos. Ele endireita o corpo, mas mantém o olhar fixo em mim. Tenso.
Algo em mim — algo maior que o medo, maior que o orgulho — me faz caminhar até ele.
— Okan? Não te esperava aqui. Pensei que estivesse com seu pai.
O silêncio se estende, denso, até ele finalmente falar.
— Eu estava. — Sua voz é baixa, quase um murmúrio. — Você vai embora hoje?
O aperto no meu peito aumenta. Onde deveria haver indiferença, há apenas tristeza.
— Sim... Vou embora depois do almoço. A neve já está derretendo.
Ele me olha de um jeito estranho, um olhar que me prende, como se mais nada ao nosso redor existisse. Eu puxo o casaco mais junto ao corpo, nervosa, mas incapaz de desviar os olhos dele. Por um momento, ele olha para o chão, distante, perdido em pensamentos.
Quando seus olhos voltam para os meus, há uma firmeza diferente ali. Uma decisão.
— Não quero que vá. Fique. Pelo menos até amanhã.
Sua voz carrega algo que me desarma. Eu respiro fundo, tentando encontrar alguma força.
— Eu... não sei.
Ele caminha até mim. Seu movimento é tão decidido que todo o meu corpo reage, um arrepio percorrendo minha espinha. Há algo na expressão dele que mexe comigo — algo urgente, algo que não sei nomear.
— Fique. — Sua voz está mais firme agora. — É importante para mim que fique. A pista está escorregadia, vou me preocupar se você sair.
— Eu... — As palavras me faltam.
Ele solta o ar lentamente, tentando me acalmar.
— Por favor. Eu coloquei sal grosso aqui para ajudar a derreter a neve, mas não sabemos como estão as estradas. Além disso... preciso conversar com você.
Cautela e curiosidade disputam espaço dentro de mim.
— Tudo bem. Eu fico.
Ele fecha os olhos por um segundo, como se um peso tivesse saído dos ombros.
— Irei ao seu quarto hoje à noite.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Romance Proibido
Não consigo liberar para leitura, mesmo tendo saldo disponível....
Fiz a compra e não desbloqueia para ler , falta de respeito com o leitor!!!...