Ômer está na sala de jantar, supervisionando a arrumação da mesa com o bolo. Há uma calma superficial ao redor, mas o ambiente vibra com expectativa e carinho, como se a casa também quisesse homenagear alguém querido.
A surpresa para Odila é um gesto lindo, carregado de afeto. Uma década de serviço, lealdade e amor que se refletem em pequenos detalhes da preparação.
—Ah, esqueci de te falar. Estamos preparando uma festinha surpresa para Odila, nossa cozinheira. Ela está há mais de dez anos conosco e merece todo nosso amor e reconhecimento.
Eu acho lindo isso.
—Okan me disse. —Digo com um sorriso.
O olhar de Kayra se estreita, afiado, como se quisesse sondar cada palavra.
—Já vi que conversaram bastante.
O calor me sobe ao rosto. Um rubor ardido toma conta de mim, como se tivesse sido pega em flagrante.
Deus! A última coisa que acontece entre mim e Okan são conversas. E, agora, ele está mais distante, mais fechado em si mesmo. Uma tristeza que ele tenta disfarçar pesa em seus ombros. Sei que é por causa do pai.
—Nem tanto assim. Ele está amuado, parece bem triste, desanimado. Sei que está assim por causa do seu pai.
Kayra me observa com uma seriedade estranha, mas antes que diga algo, Ômer se aproxima silenciosamente, com aquele jeito de quem está pronto para dar um susto. Ele faz sinal para que eu não avise nada, enquanto Kayra segue distraída com seus próprios pensamentos.
—Não! É outra coisa. Meu pai já teve esses mal-estares e Okan não ficou assim. Acho que ele está assim por causa do...
Suas palavras se quebram no ar quando Ômer aperta sua cintura, arrancando-lhe uma risada cheia de surpresa.
—Ah, seu bobo! O que está fazendo aqui? Já chamou Salma para arrumar a mesa?
—Ela está terminando lá. Seguramos Odila na despensa para ela não desconfiar de nada.
—Que bom. Agora vocês vão até a sala de jantar que eu vou chamar meu irmão.
—Está certo. —Ele diz e olha para mim. —Vamos?
Seu convite é simples, mas carrega uma leveza que parece querer dissipar o clima pesado. Sorrio, ainda sentindo o rubor nas bochechas.
—Só vou guardar meu casaco. Pode indo.
O silêncio do corredor se estende até a chapeleira, onde guardo o casaco pesado. Ao voltar para a sala de jantar, encontro Ômer agradecendo à empregada, que termina de arrumar a mesa. Há um instante furtivo em que ele a observa demais, antes de se recompor. Quando me vê, se endireita depressa, o rosto tingido de vergonha.
Faço uma expressão neutra, como se não tivesse notado nada. Meus olhos então recaem sobre a mesa, agora finalizada. O bolo de chocolate, decorado com cerejas vermelhas, ocupa o centro como uma obra de arte.
Hum, o meu preferido.
—Resolveu ficar? —Ele pergunta casualmente.
—Eu vou ficar até amanhã. —Digo, forçando um sorriso que não alcança os olhos.
Ele sorri, genuinamente satisfeito.
—Que bom. Kayra te convenceu, então?
Aceno apenas, preferindo me refugiar no silêncio.
O ambiente ao redor parece respirar com mais calma, mas há algo pesado no ar. Ômer percebe a demora de Kayra e se inquieta.
—E por falar em Kayra, ela está demorando. Fique aqui que eu vou ver aonde ela se meteu e depois chamar Odila.
Momentos depois, a cena muda. Estamos todos ao redor da mesa, a energia agora vibrando de expectativa. Okan, sentado a alguns passos, procura meus olhos entre os intervalos da conversa. Cada vez que isso acontece, sinto como se uma corrente elétrica me atravessasse.
Kayra, alheia à tensão, olha fixamente para a porta, esperando que Odila entre.
Quando Ômer surge, trazendo a senhorinha pela mão, a sala se enche de uma alegria contagiante. O coro de “parabéns” explode no ar, e Odila sorri, emocionada. As lágrimas descem suavemente pelo seu rosto marcado pelo tempo quando ela vê o bolo.
Cada abraço dado a ela é cheio de calor e carinho. Mas o abraço de Okan chama minha atenção. Ele envolve a cozinheira com um afeto tão genuíno que meu coração se agita. Os olhos negros dele, repletos de ternura, tocam algo profundo dentro de mim.
Esse homem mexe comigo, e ele nem precisa tentar.
Kayra se encarrega de cortar e distribuir o bolo. Sento-me e o destino me coloca frente a frente com Okan. É quase impossível não olhar para ele, mas sei que preciso resistir. Ainda assim, sinto o peso do seu olhar.
Provo o bolo, focando apenas no sabor.
Hum, que bolo bom. O gosto doce da cereja e o amargo do chocolate formam uma combinação perfeita.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Romance Proibido
Não consigo liberar para leitura, mesmo tendo saldo disponível....
Fiz a compra e não desbloqueia para ler , falta de respeito com o leitor!!!...