Os minutos seguintes passam como um borrão. Almoçamos juntos, e depois Kayra e eu assistimos a um filme, enquanto Ômer e Okan saem para combater a neve com pás, espalhando sal grosso pelo chão para acelerar o derretimento. À tarde, o pai de Okan já estava conosco na mesa, saboreando o café digno de um rei. Odila se superou, com uma variedade de quitutes e salgados que fariam qualquer um se sentir acolhido. Fico feliz ao ver o senhorzinho mais corado, com a aparência de quem está se recuperando, e ele come com gosto, como se algum tipo de boa notícia o tivesse revitalizado. Ele sorri para todos, espalhando uma energia leve e alegre.
Guardo essa impressão para mim, embora a curiosidade me consuma. Preciso perguntar a Kayra o que trouxe tanta animação ao senhor, mas, por respeito aos costumes, mantenho o silêncio. Levanto os olhos e encontro Okan, que desvia o olhar, mais cauteloso do que nunca. Acredito que seja por causa da presença do pai. Observo seu gesto distraído, passando a língua nos lábios sujos de açúcar. O movimento me assalta com uma avalanche de imagens não tão adequadas, e tento afastá-las rapidamente. Sila… Um estremecimento percorre meu corpo à medida que me lembro desse nome.
Sua prometida?
Provavelmente. Okan me olhou de maneira estranha quando mencionaram o nome dela, como se ele estivesse jogando algo em minha direção sem querer. Ele estaria disposto a ir contra as tradições, a romper com a sua família, para que pudéssemos continuar de onde paramos? Queria que eu fosse apenas um caso passageiro?
Esses pensamentos trazem de volta a imagem de nós dois juntos, vivenciando uma paixão arrebatadora. Sinto um aperto no peito, fazendo a xícara que seguro tremer, e sou obrigada a colocá-la no pires. Nunca um homem havia provocado em mim tamanha perda de controle. Se acalme, Emily… Tento me recompor, inspirando profundamente, evitando qualquer olhar para ele.
Após o café, Okan acompanha o pai até o quarto. Ômer, então, recebe uma ligação e anuncia que precisa partir. A notícia cai como um peso no ar.
—Puxa! Você tem que ir mesmo? —pergunta Kayra, com um tom de decepção.
—Sim, meu pai pediu minha presença. Como sabe, logo estarei indo para os Estados Unidos, preciso adiantar alguns negócios por aqui.
—Que pena… —Ela responde, sua voz um pouco mais baixa.
Ele assente, e eu percebo um olhar estranho de pesar dirigido a mim. Um olhar carregado de algo que não consigo identificar. Ômer então diz que irá se despedir de Okan e pegar suas malas. Quando ele surge na sala novamente, com as malas prontas, Kayra o abraça primeiro.
—Ômer, que Allah te proteja onde quer que você vá.
—A você também, minha prima. Bem, agora só nos vemos no casamento de Okan, não é? Ele está para marcar a data, não está?
Meu coração para por um segundo. Depois, b**e com força, quase escapando do peito, e um turbilhão de sentimentos começa a se formar dentro de mim. Um calor me invade, e minha visão começa a embaçar. Me sinto tonta e me seguro no encosto do sofá.
—Uma pena que você não foi ao noivado dele. Gostaria que tivesse conhecido Sila, ela é uma pessoa maravilhosa.
Casamento? Sila? Noiva de Okan?
Deus… O mundo se torna de repente um borrão, e um frio gélido percorre minha espinha. Ômer vira-se para mim, seus olhos agora fixos nos meus, tão vivos que parecem atravessar minha alma.
—Foi maravilhoso passar esses dias com você.
Eu fico aturdida, sem saber o que dizer. As palavras parecem sufocar na minha garganta.
—Allah! Sente-se aqui, Emily. Você está pálida.
—Eu... eu me senti fraca de repente. As vistas estão embaçadas...
—Acho que sua pressão caiu. Sente-se e abaixe a cabeça. Geralmente isso ajuda.
Com um esforço, faço o que Kayra me pede, colocando a cabeça entre as pernas. Pelo menos assim não preciso encará-los. Uma lágrima furtiva escapa, e, pela primeira vez, choro não de tristeza, mas de raiva. Tudo se encaixa agora. Okan estava noivo quando ficamos juntos, e, com certeza, ele pensava que eu sabia de seu noivado. Foi por isso que ele ficou tão desconcertado quando não reconheci o nome de Sila. A culpa e o desgosto se misturam em mim, e o peso de tudo isso me sufoca.
Quando finalmente me sinto melhor, ergo a cabeça.
—Como você se sente?
—Melhor. —Digo, forçando um sorriso que não alcança os olhos.
—Tudo isso foi por causa da minha partida?
—Não seja convencido. —Dou uma risada sem humor.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Romance Proibido
Não consigo liberar para leitura, mesmo tendo saldo disponível....
Fiz a compra e não desbloqueia para ler , falta de respeito com o leitor!!!...