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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 165

~ANNELISE~

Nunca tinha visto Christian daquele jeito. Sentado na cadeira da sala de espera, com a cabeça entre as mãos, chorando como se o mundo estivesse acabando. E talvez estivesse mesmo, pelo menos o mundo dele. O mundo de todos nós.

Minha irmã estava ali dentro, lutando pela vida, e eu não conseguia fazer absolutamente nada para ajudá-la.

Ficava olhando para aquelas portas do centro cirúrgico, esperando que alguém saísse com boas notícias, mas elas permaneciam fechadas, implacáveis, guardando segredos que eu tinha medo de descobrir.

— Anne, senta aqui — disse Matheus, me puxando gentilmente para a cadeira ao lado da dele. — Você não para de andar de um lado para o outro.

— Não consigo ficar parada — respondi, mas me deixei sentar mesmo assim. — Toda vez que fecho os olhos, vejo ela rolando por aquelas escadas. O barulho que fez quando... quando bateu no chão.

Matheus pegou minha mão e a apertou.

— Zoey é forte. Ela não vai nos deixar assim. Nossa irmã é teimosa demais para desistir agora.

Olhei ao redor da sala. Giuseppe estava sentado em silêncio, parecendo ter envelhecido dez anos nas últimas horas. Meus pais estavam abraçados, mamãe ainda chorando silenciosamente.

— Como isso pôde acontecer? — murmurei, mais para mim mesma. — Era só uma feira de vinhos. Era para ser um dia de comemoração.

— Foi um acidente — Matheus disse, mas sua voz não soava muito convincente.

— Foi? — perguntei, me virando para encará-lo. — Zoey sobe uma escada que já subiu milhares de vezes só hoje, e de repente cai? Junto com a Elise?

Christian ergueu a cabeça quando ouviu nossa conversa, seus olhos vermelhos de tanto chorar.

— O que você está querendo dizer, Anne? — perguntou.

— Estou dizendo que não acredito em coincidências — respondi, sentindo uma raiva crescente tomando o lugar do medo. — Elise odeia a Zoey. Vocês sabem disso. E agora as duas "caem" juntas da escada?

Marco, que estava conversando com Giuseppe, se aproximou de nós.

— Anne, eu entendo sua raiva, mas...

— Cadê a Elise? — perguntei diretamente para ele. — Ninguém falou nada sobre ela desde que chegamos aqui.

Marco hesitou por um momento.

— Ela também foi trazida para o hospital. Está em cirurgia.

— Que tipo de cirurgia? — insisti.

— Não sei os detalhes — Marco respondeu cuidadosamente. — Mas aparentemente ela também se machucou na queda.

— Conveniente — murmurei.

— Anne... — Matheus começou, mas eu o interrompi.

— Não, Matheus. Pensa comigo. A Elise já fez de tudo para prejudicar a Zoey. Já sabotou os negócios, já tentou separar ela do Christian. Você acha mesmo que ela estava lá em cima por acaso?

Christian se levantou da cadeira, sua expressão mudando.

— Você acha que ela seria capaz de chegar a esse ponto? Tão deliberadamente?

— Não sei porque a surpresa. Vocês sabem que ela... — eu me calo, não querendo falar do “acidente de carro” de Christian na frente de Giuseppe. — Eu acho que ela é capaz de qualquer coisa — continuei. — E agora minha irmã está lutando pela vida por causa disso.

— Vocês têm razão — disse, sua voz ainda rouca, mas mais firme. — Zoey nunca desistiu de nada na vida. Não vai desistir agora.

— E o Matteo tem a teimosia do pai e da mãe — acrescentei, tentando sorrir através das lágrimas. — Vai ser impossível ele não sobreviver com essa combinação.

Marco sorriu pela primeira vez desde que chegamos.

— O bebê vai nascer e vai dar muito trabalho para vocês. Aposto que vai ser igualzinho ao Christian - teimoso e protetor.

— Ou igualzinho à Zoey - determinado e corajoso — Minha mãe acrescentou.

Estávamos começando a encontrar um pouco de esperança, um pouco de força uns nos outros, quando Marco sugeriu darmos uma volta pelos corredores para esticar as pernas e pegar um café.

— Vem, Anne — disse Marco. — Vamos buscar café para todo mundo.

Concordei em silêncio. Precisávamos sair dali, respirar um pouco, mesmo que por alguns minutos. Descemos até a cafeteria do hospital, um ambiente impessoal com o cheiro forte de café recém-passado misturado ao aroma hospitalar de desinfetante.

Marco pediu vários cafés para levar - um para cada pessoa da família que estava na sala de espera. Ficamos ali esperando os pedidos ficarem prontos, quietos, pensativos, cada um perdido em seus próprios medos e esperanças. O barulho da máquina de café expresso, as conversas baixas de outros familiares em situações similares, o movimento constante de funcionários do hospital - tudo isso criava um fundo que não conseguia mascarar a ansiedade que tomava conta de mim.

Enquanto esperávamos, Marco se virou para mim, sua expressão séria.

— Anne, você precisa tomar cuidado com o que diz na frente de todos. Não precisamos colocar mais pessoas em risco por saberem demais.

— Você tem razão — respondi, respirando fundo. — Só estou nervosa.

— Eu sei — Marco disse, sua voz mais suave. — Todos estamos.

Pegamos a bandeja com os cafés e voltamos para a sala de espera em silêncio, subindo no elevador, caminhando pelos corredores com aquele cuidado de quem carrega líquido quente. Quase instantaneamente ao entrarmos na sala de espera, Dr. Portella apareceu na porta, ainda usando o uniforme cirúrgico. O susto foi tão grande que deixei meu próprio café escorrer entre os dedos, a bebida quente se espalhando pelo chão enquanto todos se levantavam, esperando pelas notícias que poderiam mudar nossas vidas para sempre.

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