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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 168

~CHRISTIAN~

Larguei tudo e corri para o carro como se minha vida dependesse disso. O trânsito de final de tarde parecia conspirar contra mim, cada semáforo vermelho uma eternidade, cada carro lento um obstáculo entre mim e Zoey. Meu coração batia tão forte que sentia as pulsações no pescoço, na têmpora, nos pulsos que apertavam o volante.

Quando cheguei ao hospital, Dr. Portella já me esperava na recepção, sua expressão cautelosamente otimista.

— Como ela está? — perguntei antes mesmo de cumprimentá-lo, ainda ofegante da corrida.

— Venha comigo — disse, me conduzindo pelos corredores em direção à UTI. — Zoey começou a apresentar mudanças significativas na atividade cerebral nas últimas horas. Os exames mostram ondas mais ativas, padrões que indicam que o cérebro está se preparando para despertar.

Parei de andar por um segundo, processando a informação.

— Ela vai acordar?

— Vamos começar a reduzir gradualmente a sedação — Dr. Portella explicou enquanto caminhávamos. — É um processo que pode levar horas, às vezes dias.

— O que posso esperar?

— Primeiro, pequenos sinais. Movimento dos olhos, reflexos retornando. Depois, talvez ela tente abrir os olhos, mas vai estar muito confusa. A fala pode demorar para voltar completamente, e quando voltar, pode estar rouca, sussurrada. É normal que adormeça várias vezes durante o processo.

Chegamos à UTI e, pela primeira vez em sete dias, senti uma esperança real crescendo no meu peito.

— Posso ficar com ela?

— Pode e deve — Dr. Portella sorriu. — Sua voz, seu toque, são fundamentais agora. Ela precisa de âncoras familiares para guiá-la de volta.

Entrei no quarto onde Zoey estava há quase uma semana. Ela continuava conectada aos monitores, mas havia algo diferente no ar. Os médicos se moviam com uma energia mais esperançosa, ajustando equipamentos, verificando dosagens.

Sentei-me na cadeira ao lado da cama e peguei sua mão, como havia feito todos os dias.

— Oi, amor — sussurrei. — Soube que você está se preparando para voltar para nós. Matteo e eu estamos esperando.

Nas primeiras duas horas, não houve mudança visível. Continuei conversando com ela, contando sobre como Matteo estava crescendo, sobre como Giuseppe estava ansioso para conhecer o bisneto, sobre como a equipe de RP estava mantendo a Épure funcionando perfeitamente. E sobre como seus pais fingiam estar sendo fortes, mas desabavam quando achavam que Matheus e Anne não estavam vendo.

— Lisa está fazendo um trabalho incrível — disse, acariciando sua mão. — Ela aprendeu tudo com você. A Bellucci está em boas mãos.

Foi por volta das nove da noite que percebi o primeiro sinal. Os olhos de Zoey se moveram rapidamente sob as pálpebras fechadas, como se ela estivesse sonhando intensamente.

— Enfermeira — chamei baixinho, e imediatamente uma profissional veio verificar os monitores.

— É um bom sinal — disse ela, sorrindo. — Mostra atividade aumentada. Continue conversando com ela.

Às dez e meia, Zoey moveu ligeiramente a cabeça. Foi um movimento quase imperceptível, mas eu havia passado tanto tempo observando cada detalhe dela que notei imediatamente.

O amanhecer trouxe mais progressos. Zoey começou a mexer os dedos, a virar ligeiramente a cabeça em direção à minha voz. Dr. Portella estava otimista com a velocidade da recuperação.

— Ela está respondendo muito bem — disse durante sua visita matinal. — O processo está sendo mais rápido do que esperávamos.

Durante a manhã, Zoey abriu os olhos várias vezes, cada vez por períodos mais longos. Estava claramente confusa, desorientada, mas havia algo em seu olhar que mostrava que estava lutando para se conectar. Foi quando seus pais chegaram para visitá-la que percebi uma mudança - ao ouvir a voz de Regina chamando suavemente por ela, Zoey pareceu se esforçar ainda mais para focar, como se reconhecesse aquele som familiar.

Por volta do meio-dia, ela tentou falar pela primeira vez. Moveu os lábios sem som, depois tossiu ligeiramente. A enfermeira explicou que era normal - sua garganta estava ressecada pelos tubos de respiração que haviam sido removidos.

O resto do dia foi uma progressão lenta mas constante. Zoey ficava acordada por períodos cada vez maiores, embora ainda adormecesse com frequência. Tentava falar, mas apenas sons rocos e ininteligíveis saíam. Anne, Matheus e Giuseppe também vieram visitá-la ao longo do dia, mas os médicos achavam melhor que apenas uma pessoa ficasse para não tumultuar o ambiente. Eu me recusava terminantemente a sair, mesmo que fosse para comer, então os outros faziam visitas rápidas enquanto eu permanecia constantemente ao lado dela.

Às seis da tarde, ela conseguiu ficar acordada por quase uma hora seguida, embora ainda parecesse estar lutando contra uma névoa de confusão. Seus olhos me seguiam quando eu me movia pelo quarto, um sinal de que estava cada vez mais presente.

À medida que a noite avançava, Zoey ficava cada vez mais alerta. Ainda não conseguia falar claramente, ainda adormecia periodicamente, mas estava definitivamente mais conectada com o que acontecia ao redor.

Foi por volta das onze da noite, quando a família já tinha ido para casa e era só eu e ela no quarto silencioso, que aconteceu o momento que eu estava esperando desde o telefonema do hospital.

Zoey abriu os olhos e me olhou diretamente, com uma clareza que não havia tido o dia todo. Suas pálpebras não estavam mais pesadas, seus olhos não vagavam sem foco. Ela estava realmente me vendo, me reconhecendo.

Tentou falar, moveu os lábios com esforço, e embora sua voz fosse apenas um sussurro rouco e fraco, a palavra saiu clara e intencional:

— Christian.

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