~CHRISTIAN~
O escritório estava uma bagunça absoluta. Papéis espalhados pela mesa de mogno que normalmente mantinha impecavelmente organizada, contratos pendentes empilhados em cada canto disponível, e minha agenda completamente desorganizada depois de mais de uma semana praticamente morando no hospital. Relatórios financeiros se misturavam com documentos legais, e havia pelo menos três xícaras de café frio abandonadas entre as pilhas de trabalho acumulado.
Mas não conseguia me concentrar em absolutamente nada que não fosse descobrir a verdade sobre o que aconteceu com Zoey.
Tentei trabalhar durante toda a manhã, forçando-me a responder e-mails que se acumularam como uma avalanche digital, revisando meticulosamente os relatórios que Lisa havia preparado sobre a repercussão extremamente positiva da Épure, assinando mecanicamente documentos que Marco havia separado como urgentes e que exigiam minha aprovação imediata. Mas minha mente continuava voltando obsessivamente para aquela conversa no quarto do hospital, para as palavras que ecoavam em minha cabeça como um mantra perturbador: "As gravações desapareceram."
Como é que gravações de segurança simplesmente desaparecem do nada? Em um evento do porte da ExpoVinho, com centenas de pessoas circulando, empresários importantes fechando negócios milionários, imprensa especializada documentando cada detalhe... o sistema de segurança deveria ser de primeira linha, praticamente inviolável.
A ansiedade estava me corroendo por dentro. Cada minuto que passava sem respostas era mais um minuto que Elise permanecia livre das consequências de suas ações. Mais um minuto que a pessoa que quase matou minha esposa e meu filho respirava tranquilamente enquanto eu me debatia na escuridão da incerteza.
Por volta do meio-dia, quando já havia relido o mesmo contrato cinco vezes sem absorver uma única palavra, desisti completamente de tentar trabalhar e liguei para Matheus.
— Você tem tempo para fazer uma investigação comigo hoje? — perguntei direto ao ponto, dispensando qualquer cortesia preliminar.
— Sobre as câmeras? — ele respondeu imediatamente, demonstrando que também estava pensando no mesmo assunto.
— Exato. Quero ir até a ExpoVinho e conversar pessoalmente com o responsável pela segurança. Preciso olhar nos olhos dele e entender como diabos essas gravações simplesmente evaporaram.
— Estarei pronto em vinte minutos — Matheus disse sem hesitar.
A viagem foi tensa e silenciosa. Eu dirigia com uma concentração quase obsessiva, meus dedos apertando o volante com força desnecessária, enquanto Matheus olhava pela janela, claramente perdido em seus próprios pensamentos sobre o que podíamos descobrir.
O local da ExpoVinho estava completamente vazio e assombrosamente silencioso. O pavilhão que mais de uma semana atrás fervilhava de atividade, vozes animadas discutindo negócios, o tinir de taças de vinho sendo degustadas, o burburinho constante de um evento bem-sucedido, agora estava morto. Apenas algumas estruturas permanentes permaneciam, e nossos passos ecoavam de forma fantasmagórica no espaço amplo e desolado.
Encontramos o escritório da organização nos fundos do pavilhão, um espaço pequeno e funcional que contrastava drasticamente com a grandiosidade do evento que havia coordenado. O responsável pela segurança, Sr. Oliveira, nos recebeu com a expressão exausta e visivelmente cansada de quem estava lidando com os últimos detalhes burocráticos do encerramento de um evento complexo.
— Senhores, como posso ajudá-los? — perguntou, gesticulando vagamente para duas cadeiras de plástico desconfortáveis em frente à sua mesa improvisada, que estava coberta de formulários e relatórios finais.
— Sou Christian Bellucci — me apresentei, observando atentamente sua reação ao ouvir meu sobrenome. — Minha esposa sofreu um acidente durante a ExpoVinho, caindo das escadas de mármore do mezanino. Gostaríamos de ter acesso às gravações de segurança daquele momento específico.
— Ah, sim — Sr. Oliveira suspirou pesadamente, sua expressão imediatamente se tornando mais sombria. — Foi uma situação terrível. Lamento muito pelo que aconteceu. Como ela está se recuperando?
— Se recuperando bem, obrigado — respondi, tentando manter minha voz neutra apesar da impaciência que sentia. — Sobre as gravações de segurança...
— É exatamente isso que não consigo entender e que vem me incomodando desde que descobrimos — Sr. Oliveira disse, balançando a cabeça com uma frustração genuína que parecia tão intensa quanto a minha. — Nunca tivemos esse tipo de problema antes em nenhum evento que organizamos. O sistema funcionou perfeitamente durante todos os três dias da ExpoVinho, mas especificamente as gravações das escadas principais no horário exato do acidente da sua esposa... simplesmente não existem.
— Como assim "não existem"? — Matheus perguntou, se inclinando para frente na cadeira.
— O arquivo foi corrompido. Ou deletado propositalmente. Ainda estamos tentando entender tecnicamente o que aconteceu — Sr. Oliveira explicou, mexendo nervosamente em alguns papéis na mesa. — Nosso técnico de T.I. mais experiente analisou todo o sistema e disse que parece que alguém com acesso administrativo de alto nível removeu especificamente esses arquivos.
— Alguém de dentro da sua própria equipe? — perguntei, sentindo uma pontada de esperança crescendo no meu peito.
— Teoricamente, sim. Mas investigamos todos os nossos funcionários que tinham esse tipo de acesso — Sr. Oliveira respondeu, claramente frustrado. — Verificamos históricos, motivações, relacionamentos. Não faz sentido nenhum deles querer esconder um acidente. Eles não ganham nada com isso.
Matheus e eu trocamos um olhar rápido e significativo.
— É bem conveniente ter acontecido exatamente quando houve uma tentativa de assassinato — Matheus comentou casualmente, mas suas palavras caíram como uma bomba no pequeno escritório.
— Era meio que esperado — Matheus tentou me consolar, embora sua própria voz demonstrasse desapontamento.
— Tudo vai ficar nas mãos da polícia agora — disse, minha voz carregada de irritação e impaciência. — E a polícia demora tempo demais para fazer a justiça. Uma justiça pela qual eu não quero esperar.
Matheus riu baixinho, mas completamente sem humor algum.
— Eu achava que era mais fácil ser um Bellucci — disse, claramente tentando aliviar um pouco a tensão sufocante que havia se instalado entre nós. — Que com esse sobrenome qualquer um conseguisse qualquer coisa no Brasil. No mundo, na verdade.
Parei de andar abruptamente, como se tivesse batido em uma parede invisível, virando-me para encará-lo com uma intensidade repentina. Suas palavras aparentemente casuais haviam despertado algo poderoso na minha mente, uma conexão que eu não havia feito antes e que agora parecia gritantemente óbvia.
— E consegue — disse lentamente, sentindo a ideia se formando e ganhando forma clara na minha mente.
— O quê? — Matheus perguntou, visivelmente confuso com minha reação súbita e intensa.
— Um Bellucci consegue tudo — expliquei, minha mente trabalhando rapidamente para conectar os pontos. — Inclusive as gravações de segurança de uma tentativa de assassinato.
— Christian, do que exatamente você está falando?
Olhei diretamente nos olhos dele, sentindo uma mistura devastadora de raiva, traição e clareza tomando conta de mim simultaneamente.
— O problema, Matheus, é que o Bellucci errado chegou antes.
A expressão de Matheus mudou completamente conforme ele começou a entender as implicações aterrorizantes do que eu estava dizendo.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...