~CHRISTIAN~
A manhã da alta de Zoey começou com uma melancolia pesada que pairava sobre o quarto como uma névoa densa. Enquanto dobrava cuidadosamente as roupas que ela havia usado durante os dias no hospital, observava minha esposa sentada na beirada da cama, os olhos fixos na janela que dava vista para o andar onde ficava a UTI neonatal. Seus dedos tamborilavam nervosamente no lençol branco, uma manifestação física da ansiedade que a consumia.
O processo de saída foi dolorosamente lento. A cada documento que Dr. Portella colocava diante dela para assinar, Zoey hesitava, como se cada assinatura a afastasse mais de Matteo. Suas mãos tremiam sutilmente enquanto segurava a caneta, e precisei colocar minha mão sobre a dela para tranquilizá-la.
— Nada disso parece justo — murmurou, sua voz carregada de uma tristeza maternal que me apertava o peito. — Uma mãe deveria estar com seu filho.
Envolvi seus ombros com meu braço, sentindo a tensão em seus músculos.
— Vamos chegar ao final de tudo isso, amor. Prometo.
— Quando? — a pergunta saiu como um sussurro desesperado. — Porque toda vez que acredito que as coisas vão se estabilizar, que vamos ter paz, algo pior acontece. A sabotagem, o acidente, Matteo nascendo antes da hora... quando isso vai parar de nos perseguir?
Olhei diretamente em seus olhos castanhos, vendo o reflexo da exaustão emocional que havia se acumulado ao longo dos últimos meses.
— Agora estou muito perto da resposta. Mais perto do que você imagina.
O caminho para casa transcorreu em um silêncio contemplativo. Zoey permaneceu com a testa encostada no vidro frio da janela do passageiro, observando a paisagem familiar da Serra Gaúcha passar como um filme em câmera lenta. Seus dedos brincavam distraidamente com a aliança de casamento, um hábito que desenvolvia quando estava ansiosa.
Nossa casa nos recebeu com o silêncio caloroso de um lar que havia sentido falta de seus moradores. As plantas que Carmen havia cuidado religiosamente durante nossa ausência estavam exuberantes, os cômodos impecavelmente organizados, mas ainda assim havia uma sensação de vazio que ambos sentimos assim que cruzamos a soleira da porta.
Zoey parou no meio da sala de estar, girando lentamente como se estivesse se reorientando em um espaço que deveria ser familiar mas que agora parecia ligeiramente estranho.
— Parece que estivemos fora por meses — comentou, tocando o encosto do sofá.
Preparei chá de camomila, lembrando que era sua bebida preferida para momentos de estresse, e nos acomodamos no sofá. Era o momento certo para abordar o assunto que havia estado martelando em minha mente desde a conversa com Matheus.
— Quero conversar sobre aquele jantar que mencionei no hospital.
Zoey suspirou profundamente, colocando a xícara na mesa de centro com um pequeno ruído metálico.
— Christian, sou genuinamente grata pela preocupação de todos em me receberem bem. Mas não consigo fingir estar festiva quando Matteo ainda está lutando para ganhar peso na UTI. Talvez devêssemos esperar até ele vir para casa. Aí sim teríamos algo real para celebrar.
— Seria algo discreto, íntimo — insisti, escolhendo cuidadosamente cada palavra. — E seria muito importante para mim que você participasse.
Ela estudou minha expressão com aquela perspicácia que sempre me impressionava, mesmo quando estava vulnerável.
— Há algo que você não está me contando. Posso ver nos seus olhos.
— Sua família, obviamente. Seus pais, Anne, Matheus. Giuseppe, que está ansioso para vê-la em casa. Marco. Meus pais.
Fiz uma pausa calculada.
— E alguns outros parentes que você ainda não teve oportunidade de conhecer melhor em circunstâncias mais relaxadas.
— Está bem — disse finalmente, sua voz carregada de resignação relutante. — Vou fazer isso por você. Mas se em algum momento me sentir sobrecarregada...
— Você pode se retirar imediatamente, sem explicações ou justificativas.
— Obrigada — murmurou, recostando-se no sofá e fechando os olhos. — Agora preciso de algumas horas para me preparar mentalmente para isso.
Enquanto ela descansava, minha mente já estava organizando os detalhes finais da noite. Não seria apenas um jantar. Seria o momento em que todas as máscaras cairiam, em que descobriríamos finalmente quem havia traído nossa família e colocado as pessoas que mais amava em perigo mortal.
— Apenas um jantar — Zoey sussurrou, como se estivesse tentando se convencer.
— Apenas um jantar — confirmei, sabendo que aquela noite mudaria tudo para sempre.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Cadê o restante do livro? Parou no capítulo 449....
Estava lendo sem pedir para comprar com moedas, e desde o capítulo 430 já não consigo mais. Fiquei bem chateada!...
A melhor foi a história da Zoey e Christian mesmo. Foi a mais emocionante....
Site tá uma porcaria cheio de propagandas que não tinha antes, atrapalhando a leitura....
21984019417...
Alguém mais está dando erro nos capitulos 426, 427 e 428?...
Cadê o capítulo 85 🥲...
Queria o final. Como faço?...
O meu travou no 406, mais as moedas estão sumindo...
O meu travou no 325...