Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 199

Acordei duas horas antes do alarme tocar.

Duas horas inteiras olhando para o teto do meu apartamento em South Kensington, repassando mentalmente todos os cenários possíveis para a reunião de hoje. A maioria deles terminava comigo, no melhor dos casos, transferida para o departamento de arquivo no porão do prédio.

Levantei da cama às cinco da manhã e fui direto para o chuveiro, como se a água quente pudesse lavar a ansiedade que havia se instalado no meu peito desde ontem. Não funcionou.

Quando cheguei ao armário para escolher o que vestir, tive um momento de pânico absoluto. O que diabos uma pessoa veste para uma reunião com o chefe com quem transou em um banheiro de avião? Existia algum manual de etiqueta para essa situação específica?

Primeiro peguei o vestido azul-marinho que sempre me dava confiança - aquele que Zoey disse que me fazia parecer uma executiva poderosa. Depois pensei que talvez fosse formal demais, como se eu estivesse tentando compensar alguma coisa. Troquei por uma blusa branca e saia preta, mas aí pareceu uniforme escolar. A terceira opção foi um blazer bege com calça social, mas quando me olhei no espelho, tudo que consegui ver foi uma pessoa tentando desesperadamente parecer profissional.

Acabei escolhendo um vestido cinza-escuro com manga três quartos - elegante, mas não muito arrumado. Profissional, mas não desesperado. Pelo menos era o que eu esperava.

Cheguei ao escritório às sete e meia da manhã, uma hora e meia antes do meu horário normal. O prédio estava praticamente vazio, apenas alguns seguranças e funcionários da limpeza. Perfeito. Assim teria tempo para me organizar mentalmente antes de enfrentar Bianca e suas perguntas bem-intencionadas, mas inevitavelmente constrangedoras.

Subi até o décimo andar e caminhei pelos corredores silenciosos até minha mesa. O escritório da Bellucci Londres sempre teve algo de majestoso nas primeiras horas da manhã, com a luz dourada entrando pelas janelas enormes e se refletindo nas superfícies de mogno. Hoje, porém, tudo parecia ameaçador.

Liguei meu computador e tentei focar nos relatórios de vendas que precisava terminar. Números sempre foram meu porto seguro - objetivos, lógicos, previsíveis. Diferente de homens ingleses com olhos verdes e sorriso provocativo.

Mas nem mesmo os números conseguiram prender minha atenção. Meus olhos continuavam se desviando para o corredor que levava aos escritórios da diretoria. Para o escritório dele.

Que tipo de pessoa eu era, afinal? No avião, havia desabafado sobre nunca ter tido um relacionamento sério, sobre como os homens sempre me viam apenas como diversão temporária, sobre querer alguém que me levasse a sério. E então, na primeira oportunidade, transei com um completo desconhecido no banheiro.

Tudo bem, eu achei que ia morrer. Mas não morri, não é? E agora? O que Nathaniel pensava de mim? Que eu era exatamente o tipo de mulher que falava uma coisa e fazia outra? Que eu era hipócrita? Ou pior - que eu era uma presa fácil?

A possibilidade de ele usar isso contra mim profissionalmente me deixava com náusea. Imagina se ele contasse para outros colegas, ou pior, para Christian? "Ah sim, a Anne Aguilar. Conheci transando com ela no banheiro de um avião antes mesmo de começar a trabalhar aqui."

Meu Deus, eu havia entregado munição para ele me destruir.

Às oito e quinze, ouvi o elevador se abrir e passos ecoando pelo corredor. Meu coração disparou, mas era apenas Bianca, carregando dois copos de café da cafeteria da esquina.

— Bom dia, Sunshine — ela disse, colocando um dos copos na minha mesa. — Alguém chegou cedo hoje.

— Não consegui dormir — admiti, pegando o café. — Obrigada por isso.

— Imaginei que você precisaria. — Bianca se recostou na beirada da minha mesa, me estudando com aquele olhar investigativo que ela às vezes adotava. — Como está se sentindo?

— Como se fosse vomitar a qualquer momento.

— Anne, você precisa relaxar. É só uma reunião de trabalho.

— Uma reunião de trabalho com um homem que me viu completamente nua há dois meses — sussurrei, verificando se não havia mais ninguém por perto.