Quinta-feira estava sendo um daqueles dias em que tudo conspirava contra mim. Primeiro, acordei meia hora atrasada porque meu despertador decidiu não tocar. Depois, descobri que não tinha mais leite para o café. E quando finalmente cheguei ao escritório, Nate apareceu na minha mesa às três e meia da tarde com uma expressão séria.
— Annelise, preciso que você me acompanhe em uma visita à Whitmore & Associates — ele disse, pegando algumas pastas da minha mesa. — Eles têm uma adega em St. Albans e estão interessados em distribuir nossa linha Épure exclusivamente no interior da Inglaterra.
Olhei para o relógio. Três e meia. Meu encontro com David era às sete em Covent Garden, e St. Albans ficava a mais de uma hora de Londres.
— Hoje? — perguntei, tentando não soar desesperada. — Não pode ser amanhã?
— Infelizmente não. — Nate pegou seu casaco. — Eles só tinham disponibilidade hoje à tarde, e é uma oportunidade importante. O mercado do interior está crescendo muito, e você conhece a Épure melhor que qualquer um.
— Mas vamos voltar a tempo, né? Tenho um... compromisso às sete.
— Claro. A reunião é às quatro e meia, uma hora no máximo. Estaremos de volta às seis e pouco.
Suspirei. Era importante, eu sabia disso. E Nate estava certo - eu realmente conhecia bem a linha orgânica.
— Está bem — concordei, pegando meu casaco. — Vamos.
A viagem para St. Albans foi tranquila, com Nate dirigindo seu BMW enquanto discutíamos estratégias para a apresentação. Ele estava particularmente animado com a possibilidade de expandir para mercados menores.
— Cidades como St. Albans têm exatamente o perfil demográfico que procuramos — explicou enquanto saíamos da autoestrada. — Classe média alta, consciente sobre sustentabilidade, dispostos a pagar mais por qualidade.
— E com menos competição que Londres — acrescentei. — As grandes redes ainda focam nos centros urbanos.
— Exato. Por isso você está aqui. Sua perspectiva sobre comportamento do consumidor é valiosa.
A reunião na Whitmore & Associates correu bem. A adega deles era impressionante, e o gerente, Sr. Whitmore, mostrou genuíno interesse na linha Épure. Eu consegui responder todas as perguntas sobre o processo de produção orgânica e as preferências do consumidor brasileiro, e saímos de lá com uma proposta concreta para análise.
— Excelente trabalho — Nate disse quando entramos no carro às cinco e quarenta. — Você impressionou o Whitmore.
— Obrigada.
Olhei para o relógio. Ainda dava tempo de chegar a tempo para o encontro, por mais que talvez eu não conseguisse me arrumar muito.
Estávamos na estrada há uns vinte minutos quando o tempo começou a fechar. O que havia começado como uma garoa virou chuva pesada, e Nate teve que diminuir a velocidade consideravelmente.
— Típico tempo inglês — murmurei, vendo a chuva bater no para-brisa.
— Pelo menos não pegamos trânsito — Nate respondeu, mas falou cedo demais.
Poucos minutos depois, estávamos parados em um congestionamento. Aparentemente, havia um acidente mais à frente.
— Que ótimo — suspirei, mandando uma mensagem para David: "Trânsito terrível. Vou me atrasar uns 30 minutos. Desculpa!"
Às seis e meia, finalmente conseguimos sair do congestionamento, mas ainda estávamos a quarenta minutos de Londres. Nate tentava acelerar o que podia, mas a chuva estava dificultando tudo.
— Vou chegar super atrasada — reclamei.
— Desculpa. Não imaginei que o trânsito seria tão ruim com essa chuva.
Foi quando escutamos o barulho.
BANG!
O carro deu uma sacudida violenta e Nate imediatamente encostou no acostamento da estrada. Estávamos numa área rural, sem nenhuma casa ou posto de gasolina à vista.
— Que diabos...? — ele murmurou, desligando o motor.
Saímos para ver o estrago. O pneu traseiro esquerdo estava completamente murcho.
— Sério? — gemi, olhando ao redor. — Aqui? Agora?
— Pneu furado — Nate constatou o óbvio, olhando para o céu carregado. — E não para de chover.
— Você sabe trocar?
— Em teoria.
— Em teoria?
— Sei como fazer, só nunca... fiz sozinho na prática.
Comecei a rir, apesar da situação absurda.
— O COO da Bellucci não sabe trocar um pneu?
— Annelise... — sussurrou, sua voz rouca.
Eu me inclinei ligeiramente para baixo, e ele para cima. Nossos lábios estavam quase se tocando, eu podia sentir sua respiração quente contrastando com a chuva fria, quando ele parou abruptamente e me ajudou a me levantar.
— Desculpa — murmurou, evitando meu olhar. — Vamos... vamos terminar isso.
Ficamos em silêncio enquanto colocávamos o pneu reserva, ambos claramente abalados pelo que quase havia acontecido. A tensão no ar era palpável, mas nenhum de nós comentou.
Quando finalmente entramos no carro novamente, pingando água por toda parte e com lama até os joelhos, olhei para o relógio. Oito e quinze.
— Merda — suspirei, pegando o telefone.
Havia quatro mensagens não lidas de David. Abri a conversa e senti meu estômago afundar conforme lia:
"Estou aqui. Está tudo bem?"
"Já faz uma hora. Você vem ou não?"
"Entendi. Deve estar com outro cara."
"Típico de latina. Vocês são todas vagabundas mesmo. Que perda de tempo."
Fechei o telefone rapidamente, sentindo uma mistura de raiva e decepção.
— Problemas? — Nate perguntou, ligando o aquecedor do carro.
— Soluções — ri. — Digamos que você me salvou de uma boa, amigo — disse, forçando um sorriso e tentando esconder o quanto as palavras de David tinham me machucado.
Nate me olhou por alguns segundos, como se pudesse ver através da minha fachada descontraída, mas não pressionou.
— À disposição, amiga — respondeu, com aquele sorriso gentil que sempre me fazia sentir melhor.
Enquanto voltávamos para Londres, eu não conseguia parar de pensar em duas coisas: nas palavras horríveis de David, e no momento em que quase beijei Nate na chuva.
E, estranhamente, a segunda memória estava apagando completamente a primeira.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...