Passei a manhã inteira ensaiando mentalmente o que ia dizer para Nate. Era uma conversa simples, em teoria: agradecer pelos presentes, aceitar o disco, devolver o colar. Simples, direto, sem complicações.
Por que, então, minhas mãos estavam tremendo quando peguei a caixinha de veludo azul?
Eram quase duas da tarde quando finalmente consegui reunir coragem suficiente para caminhar até o escritório dele. A porta estava entreaberta, e pude vê-lo concentrado em alguns documentos, uma mecha de cabelo caindo sobre a testa de uma forma que me fez lembrar do sábado no mercado.
Bati levemente na porta.
— Entre — ele disse sem levantar os olhos.
— Nate? — chamei hesitantemente. — Posso falar com você um minuto?
Ele ergueu o olhar e sorriu quando me viu, aquele sorriso genuíno que sempre fazia algo se mexer no meu estômago.
— Claro, Anne. Sente-se.
Entrei no escritório, fechando a porta atrás de mim.
— Vim agradecer pelos presentes — disse, permanecendo de pé e segurando a caixinha com as duas mãos. — O single é incrível. Não imaginava que existiam cópias japonesas tão bem preservadas.
— Fico feliz que tenha gostado — Nate respondeu, se recostando na cadeira. — Estava guardando ele há anos, esperando por alguém que realmente apreciasse a música.
— É um presente lindo, sério. Vou cuidar dele como se fosse um tesouro — disse sinceramente. — Mas sobre o colar...
Coloquei a caixinha em cima da mesa dele, empurrando-a delicadamente na direção de Nate.
— Não posso aceitar.
A expressão dele mudou ligeiramente, uma sombra de confusão passando pelos olhos verdes.
— Por que não?
— É muito pessoal — expliquei, tentando manter a voz firme. — Não é algo que se dá a uma... amiga.
— Anne, é só um colar — Nate disse, empurrando a caixinha de volta na minha direção. — Não é nada demais.
— Um colar de diamantes, Nate — insisti, não tocando na caixa. — Isso deve ter custado...
— Não entendo muito dessas coisas — ele me interrompeu, dando de ombros de forma aparentemente casual. — Vi, achei bonito, lembrei de você. Simples assim.
— Nate...
— Seria uma gentileza da sua parte aceitar — ele disse, seus olhos encontrando os meus. — Afinal, para que serve ter amigos se não posso demonstrar apreço por eles?
Por um momento, quase cedi. Havia algo na forma como ele falou, na sinceridade do olhar, que me fez querer pegar a caixinha e simplesmente aceitar. Mas então lembrei das palavras de Bianca, da conversa da manhã, dos meus próprios medos sobre complicar nossa amizade.
— Desculpa — disse firmemente, deixando a caixinha onde estava. — Mas não posso.
Virei-me para sair, mas antes que pudesse alcançar a porta, ela se abriu.
Alessandra entrou carregando dois copos de café, vestindo um vestido azul-marinho que abraçava suas curvas perfeitamente e saltos que a faziam parecer ainda mais alta e imponente. Ela me olhou de cima a baixo, claramente avaliando minha presença ali, empinou o nariz e revirou os olhos de forma tão sutil que apenas eu percebi.
— Oi, Nate — ela disse com uma voz melosa, ignorando completamente minha existência enquanto se aproximava da mesa dele. — Trouxe café. Do jeito que você gosta.
Ela colocou um dos copos na mesa dele, inclinando-se ligeiramente para frente de uma forma que destacava o decote, e depois se apoiou na beirada da mesa com uma elegância estudada.
— Ainda estamos de pé para sexta-feira? — perguntou, brincando com uma mecha do cabelo loiro. — Consegui aquela reserva.
Nate pareceu visivelmente desconfortável, seus olhos voando rapidamente de Alessandra para mim, como se não quisesse ter essa conversa na minha frente.
— Ah... sim — ele disse hesitantemente. — Claro.
Foi quando Alessandra notou a caixinha de veludo em cima da mesa.
— Aqui está sua... bijuteria — disse, fazendo questão de soar como se estivesse me fazendo um favor enorme.
Peguei o colar e o coloquei de volta na caixinha, minhas mãos tremendo ligeiramente de raiva. Foi quando meus olhos encontraram os de Nate.
E vi exatamente o que não queria ver.
Diversão.
Ele estava se divertindo com toda a situação. Havia um brilho em seus olhos, um pequeno sorriso nos cantos da boca, como se estivesse assistindo a um espetáculo particularmente interessante.
Ele sabia. Sabia que eu estava com ciúmes. Sabia que havia reagido de forma possessiva, territorial. Sabia que, apesar de todas as minhas palavras sobre amizade e limites profissionais, eu havia acabado de revelar exatamente o que sentia.
A realização me atingiu como um soco no estômago.
Sem dizer uma palavra, fechei a caixinha com força, a segurei contra o peito de forma possessiva, virei as costas e saí do escritório.
Podia ouvir Alessandra fazendo algum comentário sarcástico para Nate, mas não conseguia processar as palavras sobre o zunido em meus ouvidos. Caminhei pelos corredores em direção à minha mesa, tentando ignorar os olhares curiosos de alguns colegas que claramente perceberam minha agitação.
Quando finalmente me sentei na minha cadeira, Bianca me olhou com preocupação.
— Anne? Está tudo bem? Você parece...
— Estou ótima — menti, ligando o computador com movimentos mecânicos.
Mas não estava ótima. Estava mortificada. Havia acabado de me comportar como uma adolescente ciumenta na frente de Nate e Alessandra, revelando exatamente os sentimentos que estava tentando esconder.
E pelo brilho divertido nos olhos dele, Nate sabia disso perfeitamente.
Merda.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Cadê o restante do livro? Parou no capítulo 449....
Estava lendo sem pedir para comprar com moedas, e desde o capítulo 430 já não consigo mais. Fiquei bem chateada!...
A melhor foi a história da Zoey e Christian mesmo. Foi a mais emocionante....
Site tá uma porcaria cheio de propagandas que não tinha antes, atrapalhando a leitura....
21984019417...
Alguém mais está dando erro nos capitulos 426, 427 e 428?...
Cadê o capítulo 85 🥲...
Queria o final. Como faço?...
O meu travou no 406, mais as moedas estão sumindo...
O meu travou no 325...