~Nathaniel~
Acontece que sair dali não foi exatamente opcional. Depois que acertei Charles, os seguranças do Annabel's apareceram em questão de segundos, e não quiseram ouvir explicações sobre assédio ou legítima defesa. "Política da casa", disseram. "Qualquer tipo de violência física resulta em expulsão imediata."
E lá estávamos nós, sentados no meio-fio do lado de fora de um dos clubes mais exclusivos de Londres, eu ainda de terno e Anne no seu vestido elegante, cada um segurando um copo de bebida que conseguimos levar na pressa da expulsão.
— Bem — disse, tomando um gole do meu whisky —, essa definitivamente não estava na minha agenda para hoje.
Anne riu, um som genuíno que cortou a tensão da noite.
— Imagino que não. Desculpa por ter arruinado sua noite.
— Você não arruinou nada — respondi imediatamente. — Aquele idiota que arruinou.
— Mesmo assim... você não precisava fazer aquilo. Agora fomos expulsos por minha causa.
Olhei para ela, sentada ao meu lado no meio-fio, ainda tremendo ligeiramente, e senti raiva renovada de Charles. Como alguém podia tratar uma mulher daquela forma? Anne era inteligente, engraçada, tinha uma perspectiva única sobre tudo - e aquele idiota havia reduzido ela a um objeto, algo que ele achava que merecia por ter "aguentado" uma conversa civilizada. A arrogância dele, a forma como falou sobre "colaborar com a fantasia", me dava vontade ir atrás e acertar ele de novo. Nenhuma mulher merecia ser tratada assim, mas especialmente não Anne, que havia sido nada além de educada com ele a noite toda, mesmo quando estava claramente envergonhada pelas mentiras dele.
— Anne, você está bem? — perguntei, minha voz mais suave.
— Estou — ela suspirou. — Só me sentindo uma completa idiota.
— Você não é idiota.
— Sou sim. Trouxe um completo charlatão para uma festa chique, ele me envergonhou na frente dos meus colegas, e depois tentou me assediar na pista de dança. Se isso não é ser idiota, não sei o que é.
— Acredite, já vi pior — disse, tentando aliviá-la. — Uma vez saí com uma mulher que passou a noite inteira falando sobre o ex-namorado. Dois horas de "Meu ex sempre dizia isso" e "Meu ex nunca faria aquilo". No final da noite, ela bebeu tanto que acabou vomitando no meu terno. Um Armani, inclusive.
Anne riu novamente, e eu senti uma satisfação estranha em conseguir fazê-la sorrir depois do que havia passado.
— Ok, isso é bem constrangedor — ela admitiu. — Mas ainda assim, nada supera um falso intelectual que inventa descobertas arqueológicas e depois tenta me agarrar à força.
Meu sorriso desapareceu. Não conseguia tratar aquilo com leveza.
— Anne, não quero ser invasivo, mas acho que você precisa de um conselho... de amigo.
Foi quando percebi uma figura familiar se aproximando. Bianca caminhava na nossa direção, claramente procurando por Anne, provavelmente preocupada depois de termos desaparecido abruptamente. Mas quando ela nos viu sentados juntos no meio-fio, começou a diminuir o passo.
Quando ouviu a palavra "amigo", ela parou completamente, colocou o dedo na garganta como se fosse vomitar, e balançou a cabeça dramaticamente. Depois, discretamente, começou a se afastar.
Ignorei a performance teatral de Bianca e continuei.
— O que eu quero dizer é... aplicativos são perigosos, Anne. Nunca se sabe quem realmente está do outro lado.
— Eu sei me proteger — ela me interrompeu, uma nota defensiva na voz. — Não sou boba, Nate. Marquei em lugar público, contei tudo pra Bianca... se você não tivesse aparecido, teria sido outra pessoa a me ajudar.
— Não é sobre isso — expliquei rapidamente. — Não estou questionando sua capacidade de se cuidar. É só que... talvez seja melhor conhecer melhor as pessoas antes de sair com elas. Isso pode evitar frustrações.
— Você aprendeu isso com a doida do vômito? — ela perguntou, arqueando uma sobrancelha.
— Ah, não — ri. — Aprendi isso com encontros muito piores de serem contados.
Mas era. Estranhamente, sentia que era sim da conta dela. Queria explicar que Alessandra e eu éramos apenas... sei lá o que éramos. Amigos? Conhecidos que se toleravam mutuamente por conveniência social? Alguém que sempre estaria presente nos círculos que frequentávamos?
Mas não fazia sentido explicar tudo isso agora, ali na calçada, depois da noite que ela havia tido.
— Você vai ficar bem? — perguntei, genuinamente preocupado.
— Vou ficar bem — Anne respondeu, mas parecia cansada. — Obrigada por... pelo que fez lá dentro.
— Qualquer hora.
— Espero que não haja uma próxima vez.
— Também espero.
Ela acenou brevemente e começou a se afastar, provavelmente procurando um lugar melhor para chamar o Uber. Fiquei parado ali por alguns segundos, observando-a ir embora, sentindo uma estranha relutância em voltar para dentro.
A festa de Alessandra continuava lá dentro. Música, champagne, pessoas elegantes conversando sobre coisas elegantes. Tudo muito civilizado, muito apropriado, muito... previsível.
Nada como a mulher que acabara de se afastar, carregando os sapatos na mão porque seus pés doíam, o cabelo ligeiramente bagunçado pela confusão da noite, mas com a dignidade intacta.
Suspirei e caminhei de volta para a entrada do clube. O segurança acenou respeitosamente, as portas se abriram, e voltei para o mundo dourado e perfeito que sempre conheci.
Só que esse mundo me pareceu um pouco vazio.
Especialmente sem Anne nele.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Cadê o restante do livro? Parou no capítulo 449....
Estava lendo sem pedir para comprar com moedas, e desde o capítulo 430 já não consigo mais. Fiquei bem chateada!...
A melhor foi a história da Zoey e Christian mesmo. Foi a mais emocionante....
Site tá uma porcaria cheio de propagandas que não tinha antes, atrapalhando a leitura....
21984019417...
Alguém mais está dando erro nos capitulos 426, 427 e 428?...
Cadê o capítulo 85 🥲...
Queria o final. Como faço?...
O meu travou no 406, mais as moedas estão sumindo...
O meu travou no 325...