~Nathaniel~
O elevador já estava subindo quando Anne entrou correndo, claramente atrasada para alguma reunião. Ela ofegava ligeiramente quando as portas se fecharam, deixando nós dois sozinhos.
— Bom dia — disse, tentando manter o tom casual.
— Bom dia — ela respondeu, ajeitando a bolsa e olhando fixamente para os números que subiam. — Pelo menos dessa vez não estou segurando um copo de café.
A referência ao incidente no qual quase haviamos nos beijado me pegou desprevenido. Ri genuinamente.
— Minha pele agradece — respondi, e quando nossos olhos se encontraram, o ar no elevador pareceu ficar mais denso.
Anne desviou o rosto rapidamente, suas bochechas assumindo um tom rosado que eu conhecia bem. Tenho quase certeza de que ela estava lembrando do que quase havia acontecido naquele mesmo lugar - porque eu certamente estava.
O elevador parou no décimo andar com um ding suave, quebrando o momento.
— A propósito — disse quando as portas se abriram —, precisamos trabalhar juntos em um projeto hoje. Pode passar na minha sala depois do almoço?
— Claro — Anne respondeu, sua voz ligeiramente mais aguda que o normal. — Que tipo de projeto?
— Te conto lá. Digamos uma e meia?
— Perfeito.
Assim que cheguei no meu escritório, fechei a porta e abri o aplicativo de relacionamento. Havia uma resposta de Anne esperando desde a noite passada:
"Acho que escolheria reviver uma tarde quando eu, minha irmã Zoey e meu irmão Matheus construímos uma cabana gigante com lençóis e almofadas na sala de casa. Nossos pais tinham saído, e nós três passamos horas inventando que éramos exploradores numa expedição secreta. Zoey era a líder, eu era a navegadora, e Matheus era o 'especialista em suprimentos' (aka responsável por roubar biscoitos da cozinha). Foi uma dessas tardes perfeitas da infância onde tudo parecia possível. E você? Tem irmãos? Isso não conta como pergunta nova, é só continuação da anterior."
Sorri para a tela. Era doce, íntimo, me fazia imaginar uma Anne mais nova, travessa e aventureira, conspirando com os irmãos para criar mundos imaginários.
Digitei: "Tenho um irmão e uma irmã em Bath. Família bem unida, nos vemos sempre que possível. E você está certa, ainda é sua vez de perguntar."
Enviei e coloquei o telefone de lado. Nunca havia falado tão abertamente sobre minha paixão pela música como ontem à noite. Na verdade, poucas pessoas sabiam que a música havia sido meu primeiro amor antes dos vinhos. Se não tivesse me tornado o homem bem-sucedido que era no ramo vinícola - que também amava genuinamente -, talvez tivesse tentado alguma coisa na área musical. Mas hoje isso se resumia à minha coleção gigantesca de discos de vinil e às horas que passava tocando piano sozinho em casa.
Era estranho como conversar com Anne através do aplicativo me fazia refletir sobre aspectos de mim mesmo que raramente compartilhava. Ela tinha o dom de fazer perguntas que iam direto ao coração das coisas.
Tentei me concentrar no trabalho, mas não conseguia parar de pensar na conversa. E, se fosse honesto comigo mesmo, não me orgulhava do que estava prestes a fazer. Estava usando as informações da conversa para me aproximar de Anne na vida real. Era manipulativo? Provavelmente. Era justificável? Duvidoso.
Mas eu precisava encontrar uma forma de estar mais próximo dela sem quebrar os limites de "amizade" que havíamos estabelecido.
Quando Anne bateu na porta da minha sala à uma e meia, eu já havia pesquisado e encontrado exatamente o que precisava.
— Entre — disse, guardando alguns papéis na gaveta. — Na verdade, sabe o que é? Estou entediado de ficar no escritório. Que tal trabalharmos em outro lugar hoje?
— Outro lugar? — Anne pareceu confusa. — Que tipo de lugar?
— Confie em mim.
— Você tem... — ela hesitou, depois se inclinou para frente sem terminar a frase.
Senti sua mão tocar meu rosto delicadamente, o polegar passando levemente pelo canto da minha boca.
— Espuma do café — ela murmurou, seus olhos fixos no local onde me tocava.
Mas mesmo depois de limpar a espuma, sua mão permaneceu ali, os dedos traçando uma linha suave ao longo da minha barba. Sua respiração ficou mais rápida, e eu podia sentir a proximidade dela, o calor da sua pele, o perfume sutil que sempre me deixava louco.
Anne parecia hipnotizada pelo próprio gesto, como se não conseguisse parar de me tocar. Seus olhos subiram dos meus lábios para encontrar os meus, e havia uma intensidade ali que fez o resto do mundo desaparecer.
— Desculpem — uma voz alegre interrompeu o momento. Era a garçonete, uma jovem brasileira com um sorriso enorme. — Vocês gostariam de mais alguma coisa? Temos pão de açúcar fresco saindo do forno.
Anne recuou imediatamente, a magia do momento quebrada.
— Não, obrigada — disse rapidamente. — Na verdade, acho que deveríamos voltar. Já está dando a minha hora.
— Claro — concordei, tentando esconder minha frustração com a interrupção.
No caminho de volta para o escritório, Anne ficou mais quieta, mais distante. Era como se ela tivesse se dado conta de alguma coisa e decidido recuar. Quando chegamos ao escritório, ela murmurou algo e praticamente fugiu para sua mesa.
Sentei-me na minha sala e peguei o telefone. Vi que ainda não havia resposta à minha mensagem da manhã. Claro que não havia - eu mesmo havia mantido Anne ocupada o dia inteiro.
A ironia da situação não passou despercebida. Eu estava competindo comigo mesmo pela atenção dela. Estava tentando conquistar a mesma mulher de duas formas diferentes, e aparentemente falhando em ambas.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Cadê o restante do livro? Parou no capítulo 449....
Estava lendo sem pedir para comprar com moedas, e desde o capítulo 430 já não consigo mais. Fiquei bem chateada!...
A melhor foi a história da Zoey e Christian mesmo. Foi a mais emocionante....
Site tá uma porcaria cheio de propagandas que não tinha antes, atrapalhando a leitura....
21984019417...
Alguém mais está dando erro nos capitulos 426, 427 e 428?...
Cadê o capítulo 85 🥲...
Queria o final. Como faço?...
O meu travou no 406, mais as moedas estão sumindo...
O meu travou no 325...