~Nathaniel~
Depois do brunch, o ambiente da casa se dividiu naturalmente. As mulheres - Zoey, Anne e Bianca - se instalaram na varanda dos fundos, onde podiam conversar com mais privacidade enquanto Matteo brincava num cobertor estendido no chão. Daqui de dentro, conseguia ouvir o tom animado da conversa delas, pontuado ocasionalmente pela risada contagiante de Zoey.
— Que tal uma dose? — perguntei a Christian, gesticulando em direção ao bar na sala de estar. — Depois de uma viagem transatlântica com bebê, imagino que você precisa.
— Deus, sim — ele riu, me seguindo até a área mais reservada da casa. — Amo meu filho, mas três horas de choro contínuo num avião é teste de resistência que ninguém deveria passar.
A sala de estar tinha uma atmosfera completamente diferente do resto da casa. Mais masculina, com poltronas de couro, estantes cheias de livros, e um bar bem equipado que eu raramente usava quando estava sozinho. A luz era mais suave aqui, criando um ambiente perfeito para conversas sérias.
Servi dois dedos de Macallan 18 para mim e Christian, sabendo que ele sempre preferia whiskies clássicos a experimentos modernos.
— Saúde — disse, erguendo o copo. — Aos velhos amigos e novas aventuras.
— À paternidade e todas as formas que ela encontra de nos humilhar — Christian brindou, tomando um gole e suspirando com satisfação. — Sabe, é estranho como isso muda você. Nunca pensei que trocar negociações tensas com acionistas japoneses por noites em claro tentando descobrir por que um bebê está chorando pudesse me fazer tão feliz.
— É uma mudança e tanto — concordei, me acomodando numa das poltronas. — Você parece... diferente. Mais centrado, talvez.
— É exatamente isso. Antes, tudo era sobre a próxima meta, o próximo negócio, a próxima conquista. Agora há algo mais importante que qualquer contrato que eu possa assinar.
Havia uma serenidade em Christian que eu não via há anos. Desde a universidade, ele sempre foi ambicioso, focado, mas agora parecia ter encontrado um equilíbrio que eu francamente invejava.
— E você? — ele perguntou, me estudando por cima do copo. — Como estão as coisas? Trabalho, vida... você sabe.
— Trabalho está bem. Intenso, mas bem. A vida... — hesitei. Era apenas com Christian que eu conseguia admitir certas coisas sem parecer fraco. — Sinto falta de quando as coisas eram menos complicadas, sabe? Quando as decisões eram mais simples.
— Complicadas como?
Antes que eu pudesse responder, Marco apareceu na entrada da sala, segurando uma taça de vinho tinto e com aquele ar despreocupado de quem acabara de chegar de uma viagem longa mas já estava pronto para socializar.
— Espero que estejam falando de algo interessante — disse, se acomodando numa poltrona próxima. — Acabei de passar duas semanas fechando contratos em Hong Kong. Preciso de conversas que não envolvam planilhas.
— Nada de trabalho — Christian garantiu. — Só falando sobre como a vida complica conforme envelhecemos.
— Fala por você — Marco riu. — Eu mantenho as coisas simples. Trabalho, viagem, diversão. Sem complicações.
Matheus apareceu na porta poucos minutos depois, cumprimentou todos nós rapidamente, mas declarou que estava com saudade das irmãs e preferiu se juntar ao grupo feminino na varanda. O que nos deixou sozinhos - eu, Christian e Marco.
— Desculpa, cara. Não sabia que era território sensível.
— Não é território sensível — menti, tentando suavizar meu tom. — Só acho que qualquer mulher merece mais respeito que isso.
— Claro, claro — Marco concordou rapidamente, mas lançou um olhar curioso na minha direção. Era óbvio que havia captado algo na minha reação que ia além de cavalheirismo genérico.
Christian, que havia observado toda a troca em silêncio, claramente notou a tensão. Pude ver suas engrenagens mentais funcionando, conectando pontos: meu comportamento estranho ultimamente, a reação desproporcional ao comentário sobre Anne, a forma como eu havia insistido tanto em organizar este brunch quando normalmente deixaria esse tipo de coisa para outras pessoas.
— Bem — Christian disse finalmente, quebrando o silêncio carregado com um sorriso diplomático —, falando em mulheres que merecem respeito, melhor eu ir verificar se Zoey não está precisando de ajuda com Matteo. Aquele menino tem o dom de transformar qualquer conversa civilizada em zona de guerra.
A piada funcionou para dissipar a tensão imediata, e Marco riu, aparentemente aliviado por mudar de assunto. Mas enquanto Christian se levantava para se juntar às mulheres, eu permaneci sentado, levando a taça aos lábios e fingindo estar mais interessado no whisky do que na conversa.
Minha mente, porém, estava em outro lugar completamente. Estava pensando no passado de Anne com Marco, no peso que aquele comentário superficial poderia ter deixado nela. Será que esse tipo de julgamento raso foi o que a fez erguer tantas barreiras, o que a fazia duvidar que alguém pudesse levá-la a sério?
Senti uma raiva silenciosa crescer no meu peito. Não só por Marco e sua visão limitada, mas por todos os homens que haviam reduzido Anne a algo tão superficial. Ela era inteligente, perspicaz, tinha uma forma única de ver o mundo. Era engraçada sem ser forçada, genuína sem ser ingênua. Como alguém podia conhecê-la e não ver tudo isso?
Como alguém podia passar tempo com Anne Aguilar e considerar isso apenas "diversão"?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Cadê o restante do livro? Parou no capítulo 449....
Estava lendo sem pedir para comprar com moedas, e desde o capítulo 430 já não consigo mais. Fiquei bem chateada!...
A melhor foi a história da Zoey e Christian mesmo. Foi a mais emocionante....
Site tá uma porcaria cheio de propagandas que não tinha antes, atrapalhando a leitura....
21984019417...
Alguém mais está dando erro nos capitulos 426, 427 e 428?...
Cadê o capítulo 85 🥲...
Queria o final. Como faço?...
O meu travou no 406, mais as moedas estão sumindo...
O meu travou no 325...