Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 233

O domingo de manhã em Londres estava frio, mas com o céu parcialmente aberto, criando aquele contraste típico da cidade onde o sol teimava em aparecer entre nuvens pesadas. Zoey e eu decidimos sair cedo para uma caminhada tranquila, longe do ambiente formal da família Bellucci e das tensões que eu havia sentido na casa de Nate no dia anterior.

— Preciso de ar fresco — havia dito Zoey quando acordamos. — E você precisa me mostrar essa Londres que você tanto ama.

Agora estávamos caminhando pelas ruas de Kensington, Zoey empurrando o carrinho de Matteo enquanto eu carregava uma sacola com brinquedos, fraldas e lanches para o caso dele acordar com fome. Era um momento intimista, algo que não tínhamos há meses - apenas nós duas, sem pressa, sem agenda, sem interrupções.

— Ele está crescendo tão rápido — comentei, olhando para Matteo que dormia pacificamente no carrinho, enrolado numa mantinha azul que nossa mãe havia tricotado especialmente para a viagem.

— Muito rápido — Zoey concordou, ajeitando a manta. — Às vezes sinto que perco marcos importantes só porque durmo quatro horas seguidas.

— É normal. Mamãe sempre diz que os primeiros anos são uma névoa. Como ela está, a propósito? Está sentindo minha falta?

— Muito. Mas entende que Londres é importante para sua carreira. E prometi que na próxima viagem ela e nosso pai vem junto.

Conversamos sobre trivialidades por alguns minutos - como Matteo havia dormido na noite anterior, as novidades da família no Brasil, os planos para a próxima semana em Londres. Mas eu podia sentir que Zoey estava construindo coragem para algo mais sério.

— Anne — ela disse finalmente, sua voz assumindo um tom mais cuidadoso —, aquele cara do avião. É o Nate, não é?

Senti meu coração acelerar. Fingi me distrair com Matteo, ajeitando a mantinha que já estava perfeitamente arrumada.

— Zoey...

— Eu não vou te julgar, tá? — ela insistiu com delicadeza. — Só... queria entender. Porque Christian comentou que Nate anda diferente ultimamente. Mais distraído, como se tivesse algo ocupando a mente dele. E eu notei como você ficou estranha ontem na casa dele.

— Não quero falar sobre isso — disse rapidamente. — O foco da sua visita deveria ser Matteo e aproveitar Londres, não os meus dramas pessoais.

— Anne...

— Sério, Zoey. Não agora.

Ela me estudou por alguns segundos, depois assentiu respeitosamente.

— Tudo bem. Mas quero que saiba que estou aqui se você quiser desabafar. Sobre qualquer coisa.

Continuamos caminhando em silêncio por alguns minutos, até avistarmos uma livraria charmosa com vitrines decoradas e uma placa que dizia "Aberto domingos". O lugar parecia acolhedor, com luz dourada escapando pelas janelas.

— Vamos entrar? — sugeriu Zoey. — Estou ficando com frio, e talvez tenham algo interessante para Matteo.

A livraria era exatamente o tipo de lugar que eu adorava - pequena, organizada, com o cheiro inconfundível de livros novos e café fresco. Zoey se dirigiu para a seção infantil enquanto eu perambulei pelas estantes de ficção, tentando me distrair.

— Achei algo perfeito — Zoey disse, aparecendo ao meu lado com um livro colorido sobre animais da fazenda. — Para quando ele for maior. Vai precisar aprender inglês desde cedo.

— Vai adorar — concordei, folheando um romance que havia pego aleatoriamente.

Foi quando Zoey segurou minha mão discretamente, fazendo-me olhar para ela.

— Você sempre foi a que mais cuidou de todo mundo, Anne — disse suavemente. — De mim, do Matheus, até dos nossos pais às vezes. Mas às vezes... você precisa deixar alguém cuidar de você também.

Não respondi diretamente, mas o gesto e as palavras dela me tocaram de uma forma que eu não esperava. Havia algo na forma como ela disse, uma compreensão sobre mim que eu raramente permitia que alguém visse.

— Vamos? — murmurei, não confiando na minha voz para dizer mais.