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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 257

Entrei no apartamento em silêncio, ainda processando o que havia acabado de acontecer no corredor. A imagem de Nate se afastando ficou gravada na minha mente — os ombros tensos, os passos controlados, a forma como ele havia olhado para mim naqueles últimos segundos antes de ir embora.

Fui direto para a cozinha, peguei um vaso de vidro do armário e o enchi com água. O buquê de rosas vermelhas estava pesado em minhas mãos, e cada movimento para arrumá-las no vaso parecia amplificar o turbilhão de pensamentos que corriam pela minha cabeça. Por que Nate havia escolhido exatamente essas flores? Por que haviam parecido tão familiares quando as vi? E por que, diabos, a presença dele no meu apartamento tinha me afetado tanto?

— Rosas vermelhas definitivamente não são coisas de "a equipe sente sua falta" — comentou Marco atrás de mim, seu tom carregado de sarcasmo.

Não me virei para encará-lo, continuando a ajustar as flores no vaso com mais atenção do que elas realmente precisavam.

— Cadê o cartão assinado por todos? — ele continuou, claramente não pretendendo deixar o assunto passar.

A pergunta me fez pausar. Procurei discretamente entre as hastes, separando cuidadosamente cada rosa, cada folha, cada flor branca de preenchimento. Realmente não havia cartão algum. Nenhuma mensagem escrita, nenhuma assinatura coletiva, nada que pudesse comprovar que aquelas flores vieram realmente do escritório.

A ausência do cartão me incomodou mais do que eu gostaria de admitir. Flores do escritório sempre vinham com cartões elaborados, com mensagens cuidadosamente redigidas pelo departamento de RH e assinadas por dezenas de pessoas. Mas aquelas rosas haviam chegado sem nenhum vestígio de oficialidade corporativa. Eram íntimas demais, pessoais demais.

Era estranho. Muito estranho. Mas não ia dar a Marco a satisfação de admitir que ele estava certo.

— O que você ainda está fazendo aqui? — perguntei finalmente, colocando o vaso na bancada e me virando para encará-lo com irritação mal disfarçada.

Marco estava apoiado na moldura da porta da cozinha, observando cada movimento meu com aquela expressão calculada que eu conhecia bem demais. Havia algo diferente em sua postura agora, algo mais sério do que a provocação casual que havia demonstrado quando Nate estava aqui.

— Tenho uma proposta para você — disse simplesmente.

Cruzei os braços e o encarei, esperando. Não estava no humor para jogos ou rodeios. Se ele tinha algo a dizer, que dissesse logo e fosse embora.

— Christian me mandou para Londres resolver o problema com o Conselho e colocá-la de volta em sua posição — começou, escolhendo as palavras cuidadosamente. — Mas... e se você viesse para Pequim comigo?

Não consegui evitar rir. Era uma risada amarga, carregada de incredulidade.

— Você já tem alguém na minha função — disse, balançando a cabeça. — Meu próprio irmão.

— Matheus se daria bem na Europa — Marco retrucou sem hesitar. — Ou eu posso trabalhar com os dois. O mercado asiático tem crescido muito, Anne. Há oportunidades lá que Londres não pode oferecer.

— E por que eu aceitaria? — perguntei, genuinamente curiosa sobre que argumento ele usaria.

A expressão de Marco ficou mais séria, quase compassiva, e eu sabia que não ia gostar do que viria a seguir.

— Porque você não vai querer ficar em um lugar onde todos a julgam por ter conseguido um bom cargo por ter dormido com o chefe — disse com uma honestidade. — E agora ainda por cima de ter aproveitado disso para vender informações.

As palavras me atingiram como um tapa na cara, mesmo sabendo que ele estava certo. Era exatamente isso que as pessoas estavam pensando.

Fechei os olhos por um momento, tentando imaginar como seria. Pequim. Um apartamento novo, um escritório onde ninguém sussurraria quando eu passasse, reuniões onde minha competência não seria questionada por boatos sobre minha vida pessoal. Matheus estaria lá, trazendo aquela familiaridade reconfortante de casa. E Marco... bem, Marco pelo menos era conhecido. Previsível em suas imprevisibilidades. Mas seria isso coragem ou covardia? Recomeçar ou fugir?

Em Pequim, eu seria apenas Anne Aguilar, uma executiva competente transferida para expandir operações. Não seria a mulher que supostamente dormiu com o chefe para conseguir promoções. Não seria a suspeita de vazamento de informações. Seria um recomeço limpo.

— Só pensa nisso — Marco continuou, interpretando meu silêncio como abertura. — Pode ser melhor para você. Melhor para nós dois. Um recomeço, pessoal e profissional.

O encarei por alguns segundos, tentando processar tudo que ele havia dito. A proposta não era completamente absurda. Na verdade, era praticamente uma solução perfeita para todos os meus problemas atuais. Longe das fofocas, longe da manipulação de Alessandra, longe de toda a confusão emocional que Londres havia se tornado.

Longe de Nate.

O pensamento me atingiu como um soco no estômago. Seria isso que eu queria? Fugir para o outro lado do mundo porque as coisas haviam ficado complicadas?

Meu celular vibrou na bancada, interrompendo o turbilhão de pensamentos. Olhei para a tela e vi uma notificação do aplicativo. Wanderer havia mandado uma mensagem.

Com dedos ligeiramente trêmulos, abri a mensagem e li:

Wanderer: "Engraçado como ninguém fala dessa parte, né? Todo mundo romantiza ser vulnerável… mas ninguém avisa que, quando o chão some, quem você achava que ficaria pode simplesmente soltar a sua mão. A questão é: você vai deixar essa queda te definir, ou vai usar a coragem que sobrou para se levantar?"

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