Acordei sem saber exatamente que horas eram, apenas com a sensação de que o sono havia me abandonado completamente. A casa estava imersa num silêncio profundo, quebrado apenas pelo som distante do tráfego noturno de Londres filtrando pelas janelas. Ao meu lado, Nate dormia tranquilamente, o rosto relaxado numa expressão de paz que raramente via nele durante o dia.
Deslizei cuidadosamente para fora da cama, tentando não acordá-lo. A camisa dele, que havia pego do chão mais cedo, ficava grande demais em mim, as mangas cobrindo metade das minhas mãos e a barra chegando quase na metade das minhas coxas. Era confortável e carregava o perfume dele, uma combinação de amadeirado e algo sutilmente masculino que me deixava estranhamente tranquila.
Caminhei descalça pelos corredores da casa, aproveitando a oportunidade de observar detalhes que não havia notado durante nossas conversas tensas ou nos momentos mais intensos da noite. Havia fotografias emolduradas discretamente dispostas pelas paredes - algumas com Christian em cenários que pareciam ser de viagens de negócios, outras de paisagens que sugeriam que Nate gostava de viajar quando tinha tempo livre.
Foi quando passei por uma porta entreaberta que algo me chamou atenção. A luz da rua que entrava pela janela iluminou parcialmente o interior, revelando a silhueta inconfundível de um piano de cauda. Empurrei a porta suavemente e entrei na sala, me surpreendendo com o que encontrei.
Era uma sala de música completa, com o piano como peça central, mas também uma guitarra acústica apoiada num suporte de madeira, uma estante cheia de partituras organizadas meticulosamente e, numa parede inteira, uma coleção impressionante de vinis. Nate nunca havia mencionado que tocava qualquer instrumento, e essa descoberta despertou uma curiosidade inesperada sobre quantas outras facetas dele eu ainda desconhecia.
Por um momento, uma lembrança vaga de uma conversa com Wanderer passou pela minha mente - algo sobre música, sobre como ele gostava de tocar piano quando precisava relaxar. Balancei a cabeça, tentando afastar o pensamento. Era injusto pensar em outro homem logo após uma noite tão intensa com Nate, especialmente quando ainda podia sentir o calor dos toques dele em minha pele.
Me aproximei da estante de vinis, impressionada com a variedade e qualidade da coleção. Havia desde clássicos do rock dos anos 60 até jazz contemporâneo, passando por compositores clássicos e alguns artistas brasileiros que me surpreenderam. Murmurei baixinho, mais para mim mesma: "Quantos discos..."
— Coleciono há anos — a voz suave de Nate surgiu atrás de mim, acompanhada de uma risada baixa que me fez virar rapidamente.
Ele estava parado na entrada da sala, usando apenas uma calça de moletom escura, o cabelo completamente bagunçado pelo sono e pela nossa noite anterior. Havia algo na imagem dele assim, relaxado e natural, que me deu uma estranha sensação de déjà vu. Por uma fração de segundo, me lembrei de uma foto que Wanderer havia enviado - a silhueta masculina, a pose casual, a luz suave destacando a musculatura definida.
Me censurei mentalmente de novo, forçando-me a afastar qualquer pensamento sobre Wanderer. Sorri para Nate, tentando focar completamente no momento presente.
— Não consegue dormir? — ele perguntou, se aproximando com passos suaves pelo piso de madeira.
— Minha mente não quer desligar — admiti, observando como ele se movia com aquela graça natural que sempre me impressionava.
Ele se aproximou com duas xícaras fumegantes que exalavam um aroma reconfortante de Earl Grey. Me entregou uma com um cuidado, nossos dedos se tocando brevemente durante a transferência.
— Obrigada — murmurei, envolvendo a xícara com as duas mãos e deixando o calor aquecer meus dedos.
Foi então que notei melhor o piano, sua superfície polida refletindo a luz suave que entrava pela janela. Apontei na direção do instrumento, curiosa:
— Você nunca disse que tocava.
Nate deu de ombros com uma humildade característica:
— Você ainda quer que eu vá para Pequim? — completei, finalmente erguendo o olhar para encontrar seus olhos.
Nate me encarou com uma intensidade que me fez segurar a respiração. Havia algo diferente em sua expressão, uma honestidade crua que não estava presente em nossas conversas anteriores sobre o assunto.
— Eu nunca quis — respondeu com uma sinceridade que me surpreendeu. — Mas também não posso ser egoísta com você.
A resposta dele me tocou profundamente, revelando a luta interna que ele havia travado entre seus desejos pessoais e o que considerava melhor para mim.
— A minha opinião vale alguma coisa? — perguntei, sentindo uma coragem crescer dentro de mim que não sabia de onde vinha.
— É a única que vale — ele respondeu sem hesitar, seus olhos fixos nos meus.
Sorri, sentindo como se finalmente tivéssemos chegado ao ponto que estávamos evitando. A decisão que eu precisava tomar não era mais sobre carreira ou conveniência política. Era sobre onde eu queria construir minha vida, com quem eu queria compartilhar meus momentos mais íntimos, onde meu coração realmente pertencia.
— Então eu quero ficar.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...