A cafeteria que escolhi tinha aquele charme tipicamente londrino que sempre me conquistava - paredes de tijolo aparente, mesas de madeira desgastada pelo tempo e o aroma reconfortante de café recém-moído misturado ao som suave de conversas matinais. Havia aproveitado a carona de Nate, que me deixou ali antes de seguir para o escritório, não sem antes me dar um beijo suave que ainda fazia meu coração acelerar só de lembrar.
Enviei uma mensagem para Marco bem cedo, logo depois de acordar. Precisávamos conversar, e preferia fazer isso num ambiente neutro, longe do escritório e de todos os olhares curiosos. Ele chegou pontualmente, como sempre.
— Bom dia — disse, se aproximando da mesa onde eu havia escolhido me sentar, próxima à janela que dava para a rua movimentada.
— Bom dia, Marco — respondi, fazendo sinal para que se sentasse. — Obrigada por vir.
Ele se acomodou na cadeira em frente à minha, pediu um expresso para a garçonete que se aproximou imediatamente, e me estudou com aquele olhar penetrante que sempre usava quando estava tentando ler uma situação.
— Então — disse depois que ficamos sozinhos novamente —, já se decidiu?
Respirei fundo, sabendo que essa conversa definiria muita coisa não apenas para mim. Durante toda a manhã, desde que acordei no quarto de Nate com a luz suave do amanhecer filtrando pelas cortinas, soube exatamente o que precisava dizer.
— Decidi não ir para a Bellucci Ásia — respondi com uma calma que me surpreendeu. — Vou continuar trabalhando com o Nate.
Marco ergueu ligeiramente as sobrancelhas, uma reação sutil que revelou sua surpresa, embora não houvesse hostilidade em sua expressão. Era como se ele já esperasse por essa resposta, mesmo que uma parte dele tivesse esperado o contrário.
— Vocês conversaram sobre isso? — perguntou, aceitando o café que a garçonete trouxe e mexendo o açúcar com movimentos pensativos.
Não consegui evitar uma pequena risada irônica ao lembrar da conversa tensa que Nate e eu havíamos tido em sua casa, e de como ela havia terminado de forma tão completamente diferente do que qualquer um de nós esperava.
— Sim — respondi, brincando com a alça da minha xícara. — Ele praticamente me entregou uma tabela com prós e contras, emoldurada. E não tinha contras.
Marco sorriu, reconhecendo imediatamente o estilo analítico e excessivamente racional que sempre caracterizara Nate em situações emocionalmente complicadas.
— E então?
— Então... — fiz uma pausa, pensando nas palavras que Nate havia dito na noite anterior, sobre minha opinião ser a única que realmente importava. — A decisão final é minha. E eu pertenço a Londres.
Observei sua reação cuidadosamente. Havia uma aceitação resignada em seus olhos, mas também algo que poderia ser alívio. Como se, de alguma forma, minha resposta tivesse tirado um peso de seus ombros também.
— É uma decisão mais pessoal do que profissional? — perguntou com uma sutileza que sempre admirei nele, mesmo quando estava sendo investigativa.
Hesitei por um momento, sabendo que a honestidade completa poderia ser desconfortável para ambos, mas decidindo que ele merecia a verdade.
— Talvez — admiti baixinho.
Marco assentiu lentamente, como se estivesse processando não apenas minha resposta, mas também suas próprias emoções sobre a situação. Então, para minha surpresa, deu uma risada leve, quase divertida, antes de soltar algo completamente inesperado:
— Se eu tiver que me casar, realmente gostaria que fosse com você.
Marco se levantou, deixando algumas notas na mesa para cobrir os cafés, e me puxou para um abraço caloroso que carregava meses de história compartilhada e uma despedida definitiva de possibilidades que nunca se concretizariam.
— Boa sorte, Annelise Aguilar — murmurou contra meu cabelo. — Tente não se meter em muitas encrencas.
Sorri contra o peito dele, sentindo o tecido suave do terno e o perfume familiar que sempre me lembrava de uma época mais simples de nossas vidas.
— Mas isso é meu charme — brinquei, repetindo algo que ele sempre dizia sobre mim quando estávamos juntos no Brasil.
— É... é mesmo — ele confirmou, se afastando ligeiramente para me olhar com aquele sorriso que sempre usava quando estava genuinamente divertido. — Se cuida.
Observei-o sair da cafeteria com aquela postura confiante que sempre o caracterizara, acenando uma última vez antes de desaparecer na multidão matinal de Londres. Senti um alívio profundo por estarmos bem, por termos conseguido encerrar essa fase de nossas vidas sem mágoas ou palavras amargas.
Mas a tranquilidade durou pouco. Assim que voltei a me sentar e peguei minha xícara de café, uma questão que vinha me atormentando há semanas voltou a me assombrar com força total.
Como era possível estar apaixonada por dois homens ao mesmo tempo? Um deles, Nate, agora fazia parte da minha realidade de uma forma que ainda me deixava tonta só de pensar. Cada toque, cada olhar, cada palavra sussurrada na intimidade de sua casa havia criado uma conexão que transcendia tudo que eu havia experimentado antes.
Mas Wanderer... Wanderer continuava sendo uma presença constante em meus pensamentos, mesmo quando eu estava nos braços de outro homem. Como alguém que eu nunca havia visto pessoalmente conseguia ocupar tanto espaço em minha mente e em meu coração? Como suas palavras, suas perguntas profundas, nossa conexão emocional através de mensagens e uma única ligação íntima conseguiam competir com a realidade tangível do que eu tinha com Nate?
Encarei a xícara de café, observando o vapor que subia lentamente da superfície escura, perdida em meus próprios pensamentos e na complexidade impossível de uma situação emocional que parecia não ter solução simples.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...