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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 273

A luz suave da sala criava uma atmosfera de aconchego que contrastava perfeitamente com a agitação de Londres lá fora. Havia colocado uma playlist baixinha de rock clássico enquanto preparava chá para nós dois, ainda tentando prolongar a sensação de paz que o dia no interior havia me trazido.

— Essa caneca é... interessante — Nate riu, segurando a xícara que eu havia lhe dado.

Olhei para a estampa e não consegui evitar rir. Era uma das minhas favoritas, com um desenho de um gato preguiçoso e a frase "Não fale comigo antes do meu terceiro café" escrita em letras garrafais.

— Presente da Zoey — expliquei, me acomodando no sofá ao lado dele, dobando as pernas debaixo do corpo. — Ela disse que combinava perfeitamente comigo.

— Sua irmã te conhece bem — ele disse, tomando um gole do chá de Earl Grey que havia preparado. — Três cafés mesmo?

— Nos dias ruins, podem ser quatro — admiti, rindo. — Às vezes cinco, se for segunda-feira e estiver chovendo.

— E eu que achava que minha necessidade de café pela manhã era obsessiva — ele brincou, me puxando para mais perto no sofá. — E o que faz a pobrezinha estar servindo chá hoje?

— Pensei que seria um crime contra a Coroa servir café para um britânico depois das cinco da tarde. Não quero ser deportada.

— Definitivamente não queremos isso... — ele riu.

Nate olhou ao redor da sala com curiosidade renovada, como se estivesse vendo o espaço pela primeira vez de verdade. Seus olhos pararam nas fotos espalhadas pela estante: eu e Zoey na praia de Ipanema, fazendo poses dramáticas para a câmera; uma foto de família no último Natal brasileiro, todos nós amontoados ao redor da árvore; Matheus fazendo uma pose ridiculamente dramática numa viagem a Buenos Aires.

— Vocês parecem muito unidos — observou, pegando delicadamente uma foto onde aparecíamos os três irmãos numa festa junina, todos vestidos a caráter.

— Somos. Às vezes acho que foi o que mais senti falta quando me mudei para cá — confessei, observando-o estudar cada detalhe da foto. — A sensação de ter pessoas que te conhecem desde sempre por perto, que sabem todos os seus segredos embaraçosos e te amam mesmo assim.

— E agora? — ele perguntou, me envolvendo com um braço enquanto colocava a foto de volta no lugar com cuidado.

— Agora estou criando novas conexões — respondi, me ajeitando contra seu peito, sentindo o calor dele através da camisa. — Algumas bem inesperadas.

— Inesperadas como? — ele provocou, beijando o topo da minha cabeça.

— Como descobrir que meu chefe é na verdade um homem que coleciona vinis antigos, toca piano como um anjo e me leva para cidadezinhas secretas no interior da Inglaterra.

Ficamos ali conversando sobre pequenas coisas que nunca havíamos compartilhado, descobrindo camadas um do outro que iam muito além da tensão profissional que sempre havia dominado nossas interações. Era como se estivéssemos finalmente tendo espaço para ser apenas pessoas, sem títulos ou complicações corporativas.

— Qual sua cor favorita? — perguntei, brincando distraidamente com os botões da camisa dele.

— Azul-marinho — respondeu sem hesitar. — Me lembra do uniforme da escola onde estudei dos oito aos dezoito anos. Foi onde fui mais feliz durante a adolescência.

— A minha muda com o humor — admiti, sentindo-me um pouco menos sofisticada. — Mas ultimamente tem sido verde. Me transmite tranquilidade. Verde como a grama daquele campo que vimos hoje.

— Filme que mais te marcou? — ele perguntou, passando os dedos pelos meus cabelos de forma ausente.

— Lawrence da Arábia — respondeu, e pude ouvir a nostalgia em sua voz. — Meu pai me levou ao cinema quando eu tinha doze anos, numa sessão especial. Foi a primeira vez que entendi que filmes podiam ser arte, não apenas entretenimento.

— O meu foi Harry Potter — admiti, sentindo um pouco de vergonha por não ser mais intelectual. — Foi ele que me fez pegar gosto pela leitura de verdade. Antes eu só lia porque era obrigada na escola. Depois Jane Austen me puxou para os clássicos.

O rosto de Nate se iluminou com uma expressão que tinha algo de nostálgico e pessoal.

— O que foi? — perguntei, percebendo a mudança sutil de humor e me ajeitando para encará-lo melhor.

— Eu sei que é precipitado — começou, suas mãos brincando nervosamente com uma mecha do meu cabelo, enrolando-a nos dedos. — Mas o Natal está chegando. Lembro que você comentou que não vai ao Brasil — continuou, me estudando cuidadosamente, como se estivesse tentando ler minha reação a cada palavra. — E... bem, eu gostaria que você passasse o Natal com minha família. Posso aproveitar e te mostrar Bath de verdade, não apenas numa visita rápida de turista.

A proposta me pegou completamente desprevenida. Não era apenas sobre passar uma data juntos - era sobre me incluir na parte mais íntima de sua vida, conhecer as pessoas que realmente importavam para ele, ser aceita no núcleo familiar que ele claramente valorizava. Era um nível de compromisso e seriedade que mudaria fundamentalmente nossa relação.

Me ajeitei no sofá, ainda abraçada a ele, tentando processar não apenas o convite, mas tudo que ele significava.

— Rápido assim? — perguntei com um sorriso leve.

Nate segurou meu rosto com as duas mãos, me encarando com uma intensidade que fez meu coração acelerar e minha respiração ficar ligeiramente irregular.

— Eu acho que já demorou demais — disse com uma firmeza que não deixava dúvidas sobre a profundidade de seus sentimentos.

— Você tem razão — sussurrei contra seus lábios. — Não quero mais perder tempo com nada quando se trata de você.

Vi algo se iluminar nos olhos dele.

— Isso é um sim? — perguntou baixinho, com um meio sorriso que fez meu coração derreter completamente.

— É um sim.

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