— Meu Deus, que frio — murmurei, puxando o cachecol até quase cobrir completamente o nariz enquanto observava a paisagem inglesa passar pela janela do carro. O céu estava completamente nublado, numa tonalidade acinzentada que prometia neve a qualquer momento, e os campos se estendiam infinitamente dos dois lados da estrada, pontilhados por pequenas casas de pedra que pareciam ter saído diretamente de um conto de fadas.
— Você está bem agasalhada? — Nate perguntou, olhando rapidamente para mim antes de voltar a atenção para a estrada. — Posso aumentar o aquecimento.
— Não, está bom — respondi, me ajeitando melhor no banco do passageiro. — É que eu ainda não me acostumei com esse frio de dezembro aqui. No Brasil, dezembro é verão, praia, um calor que derrete asfalto.
— E você sente falta?
— Às vezes — admiti, observando uma pequena igreja medieval que apareceu ao longe. — Mas tem algo sobre esse cenário que é... mágico. Parece que estou dentro de um filme romântico britânico. Só falta começar a nevar quando chegamos em Bath.
Nate riu, aquele som baixo e caloroso que sempre fazia meu estômago dar uma pequena volta.
— Cuidado com o que deseja — brincou. — O clima está perfeito para isso. E minha mãe ficaria absolutamente encantada se nevasse no Natal. Ela sempre diz que é o toque final perfeito para as festividades.
O pensamento da família dele fez meu estômago se contrair ligeiramente de nervosismo. Havia passado a semana inteira imaginando como seria esse encontro, criando cenários em minha cabeça que variavam entre aceitação calorosa e rejeição educada mas clara.
— Fala pra mim de novo sobre a Tori — pedi, virando ligeiramente o corpo para encará-lo melhor. — Você tem certeza de que ela não vai me odiar instantaneamente?
— Anne — Nate disse, sua voz assumindo aquele tom paciente que sempre usava quando eu ficava ansiosa. — Ela não vai te odiar. Tori pode ser... particular sobre certas coisas, mas ela não é má pessoa. E mesmo que fosse, isso não importaria.
— Como assim não importaria? — perguntei, franzindo a testa.
— Porque eu não estou levando você para casa para que minha família te aprove — respondeu, estendendo a mão direita para pegar a minha enquanto mantinha a esquerda no volante. — Estou levando você porque quero que você faça parte da minha vida. Totalmente. E eles vão ter que se acostumar com isso.
Entrelacei meus dedos com os dele, sentindo o calor de sua pele contra a minha.
— Muito confiante, Sr. Carter.
— Quando se trata de você? Sempre — disse, levantando nossa mãos entrelaçadas para beijar meus dedos rapidamente antes de voltar a segurar o volante.
Continuamos dirigindo em silêncio confortável por mais alguns quilômetros, eu observando a paisagem que gradualmente ia mudando conforme nos afastávamos de Londres. As pequenas vilas ficavam mais frequentes, as casas mais elaboradas, e podia sentir a história de cada construção que passava.
— Estou com fome — declarei quando meu estômago resmungou audivelmente. — E preciso esticar as pernas.
— Perfeito — Nate disse, apontando para um pub que aparecia à frente. — The Crown & Anchor. Costumava parar aqui com meus pais quando éramos pequenos e eles nos levavam para passeios pela região.
O pub era exatamente um estabelecimento inglês tradicional: fachada de pedra antiga, janelas pequenas com vidros grossos, e uma placa de madeira balançando gentilmente na brisa fria. Quando entramos, fomos recebidos pelo calor reconfortante de uma lareira crepitante e pelo aroma rico de cerveja, lenha queimando e algo que cheirava deliciosamente a torta de carne.
— Eu vou ao banheiro rapidinho — Nate disse, beijando minha testa. — Pede alguma coisa pra gente comer? Qualquer coisa está bom.
Assenti e me dirigi ao balcão, onde um barman simpático me cumprimentou com um sorriso caloroso.
— Boa tarde. O que posso fazer por você?
— Boa tarde — respondi, ainda me ajustando ao sotaque local. — Vocês têm alguma coisa rápida para comer? Estamos de passagem.
— Claro que sim. Nossa torta de frango e cogumelos está saindo fresquinha do forno, e temos sanduíches de presunto e queijo com pão caseiro.
— A torta parece perfeita — disse, sorrindo. — Duas porções, por favor.
Enquanto esperava, me apoiei no balcão e observei o ambiente. Havia alguns locais espalhados pelas mesas, conversando baixo sobre coisas cotidianas, e a atmosfera era exatamente o tipo de aconchego que eu havia imaginado quando pensava em pubs ingleses.
— Não é daqui, né? — uma voz masculina disse ao meu lado.
Me virei e vi um homem mais ou menos da minha idade, cabelos loiros meio bagunçados e um sorriso simpático. Não havia nada ameaçador nele, apenas curiosidade genuína.
— Não — respondi educadamente. — Estou só de passagem.
— Imaginei. Seu sotaque é interessante — ele continuou, se apoiando no balcão ao meu lado. — Americana?
— Brasileira, na verdade.
— Ah! — seus olhos se iluminaram. — Brasil! Deve ser muito diferente daqui. Bem mais quente, imagino.
— Um pouco — ri, achando engraçada sua empolgação. — Especialmente nesta época do ano.
— E se não chegarem?
— Então esse é problema deles, não nosso — respondeu com firmeza. — Você não precisa impressionar ninguém, Anne. Você só precisa ser você mesma.
Passamos por uma placa que dizia "Bath - 5 miles" e senti meu estômago dar uma cambalhota.
— Como é a casa? — perguntei, tentando me distrair.
— Grande, mas aconchegante — ele descreveu, sorrindo ligeiramente. — Minha mãe tem obsessão por plantas, então há vasos em praticamente todo canto. Meu pai deixa partituras espalhadas pelo piano.
Começamos a entrar na área mais central de Bath, passando por ruas estreitas ladeadas por construções georginas que pareciam ter sido preservadas no tempo. Mesmo no escuro, podia ver a elegância atemporal da arquitetura.
— É linda — murmurei, observando as janelas iluminadas e as decorações natalinas discretas mas elegantes espalhadas pelas ruas.
— Espera até ver de dia — Nate disse. — Vou te levar para conhecer todos os lugares especiais amanhã.
Finalmente, viramos numa rua residencial e Nate desacelerou, parando em frente a uma casa que mesmo na escuridão conseguia ver que era impressionante. Três andares de pedra clara, janelas grandes com molduras elegantes, e uma decoração natalina que conseguia ser festiva sem ser exagerada.
Ficamos alguns segundos em silêncio, eu observando a casa iluminada onde podia ver silhuetas se movimentando atrás das cortinas.
— Pronta? — perguntou, já alcançando a maçaneta da porta.
Respirei fundo, olhando mais uma vez para a casa onde passaria meu primeiro Natal inglês.
— Não... mas vamos fazer isso.
Nate sorriu, saiu do carro e contornou até meu lado para abrir a porta para mim. Quando saí, ele pegou minha mão e a manteve firme na sua.
— Juntos — disse simplesmente.
— Juntos — concordei, e caminhamos em direção à porta da frente, deixando para trás a segurança do carro e entrando no que sabia que seria uma nova fase do nosso relacionamento.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...