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Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango ) romance Capítulo 279

Descemos para o jantar de mãos dadas, e quando chegamos à sala de jantar, fiquei impressionada com a atmosfera que Elizabeth havia criado. A mesa estava posta com simplicidade elegante - não havia ostentação, apenas o tipo de sofisticação discreta que vinha naturalmente para uma família como aquela. Pratos de porcelana branca, talheres de prata que claramente tinham história, e velas baixas que criavam uma luz dourada e acolhedora.

— Não é nada muito elaborado — disse Elizabeth, trazendo uma travessa fumegante da cozinha. — A ceia oficial será apenas amanhã à noite. Hoje é só um jantar para nos conhecermos melhor.

O aroma que saía da travessa era reconfortante e totalmente desconhecido para mim - uma mistura de carne, temperos e algo que cheirava a massa folhada.

— Shepherd's pie — anunciou Richard com orgulho, ajudando Elizabeth a servir. — Especialidade da casa.

Provei o primeiro garfo e não consegui esconder minha surpresa genuína. Era delicioso - camadas de carne temperada, vegetais e purê de batata que se combinavam de uma forma completamente nova para meu paladar.

— Está uma delícia — disse, e pude ver Elizabeth sorrir com satisfação. — Como estrangeira, o mais próximo de comida britânica que me oferecem nos pubs é peixe com batata... e só.

— E mal fritos — Oliver acrescentou, rindo enquanto servia vinho para todos.

Richard assentiu com aquele tom tranquilo e orgulhoso que eu já estava aprendendo a reconhecer como característico dele.

— Pois saiba que a comida da minha esposa é a melhor que você vai provar na Inglaterra.

— Eu não duvido! — Anne concordou.

— Ainda mais acompanhada de um vinho Bellucci — Tori comentou, erguendo ligeiramente sua taça em nossa direção.

Havia algo na forma como ela disse isso - não era exatamente hostil, mas carregava um peso que eu não conseguia decifrar completamente. Como se estivesse fazendo uma conexão que eu ainda não havia captado.

Tentei ignorar a sensação e me concentrei em ser simpática. Afinal, estava ali para conhecer a família de Nate, e queria genuinamente que as coisas dessem certo.

— O Nate comentou que você trabalha numa galeria de arte — disse, me virando para Tori com interesse real. — Deve ser incrível.

— É legal — respondeu, cortando delicadamente sua porção. — Mas meu plano mesmo é trabalhar na Christie's ou na Sotheby's.

Franzi ligeiramente a testa, tentando localizar esses nomes em minha memória.

— São lojas de roupas ou de maquiagem? — perguntei, genuinamente confusa.

Tori riu - uma risada que carregava leve surpresa, como se não conseguisse acreditar que alguém não conhecesse essas referências.

Nate interveio com naturalidade, sem fazer parecer que minha pergunta havia sido estranha.

— São casas de leilão. Bastante tradicionais.

— Leilão? — repeti, ainda tentando entender.

— Livros raros, manuscritos, móveis antigos, fotografias... — Tori explicou, seu tom assumindo um entusiasmo que ainda não havia visto. — Mas, principalmente, joias.

— Ou seja — Oliver interferiu com aquele humor descontraído que parecia ser sua marca registrada —, um monte de bilionário tentando descobrir novas formas de torrar dinheiro.

Tori riu genuinamente pela primeira vez desde que havia descido para nos conhecer.

— E não existe lugar melhor para estar do que no meio deles — respondeu sem nenhuma vergonha de sua ambição.

Havia algo refrescante em sua honestidade sobre querer estar perto do dinheiro e do poder. Era direto, sem fingimentos.

— Você já tentou? — perguntei, tomando outro gole de vinho. — Mandar currículo, eu digo.

Oliver riu, claramente satisfeito com a reação que havia provocado.

— Ah, não! Não a Sarah, minha noiva. A Sarah do senhor Brown. A golden retriever.

Todos riram, o alívio sendo quase palpável ao redor da mesa. Elizabeth deu um tapa no braço do filho, ainda rindo.

— Oliver Carter, você quase me mata do coração!

— Desculpa, não resisti — ele disse, claramente não arrependido nem um pouco. — Mas os filhotes vão nascer bem no Natal. Vai ser fofo.

A conversa naturalmente deslizou para temas mais leves a partir daí. Oliver contou histórias hilariantes sobre os animais que atendia, Richard compartilhou memórias dos primeiros Natais que havia passado com Elizabeth, e até mesmo Tori participou com algumas anedotas sobre clientes excêntricos da galeria.

Eu sorri, ri nos momentos apropriados, fiz perguntas sobre as histórias deles, e genuinamente me diverti ouvindo sobre a dinâmica familiar. Mas havia algo dentro de mim que não conseguia relaxar completamente.

Mesmo quando Elizabeth trouxe uma sobremesa deliciosa - um pudim de chocolate que ela disse ser a receita secreta da avó de Richard - e mesmo quando Oliver me fez rir até lágrimas contando sobre um papagaio que havia aprendido a imitar perfeitamente o som do telefone da clínica, eu não conseguia me livrar de um gosto amargo na boca.

Não era que a família de Nate fosse difícil. Richard e Elizabeth eram genuinamente acolhedores, Oliver era impossível de não gostar, e até mesmo Tori, apesar de seus comentários, não era cruel. Ela estava sendo honesta sobre como via o mundo.

Era justamente isso que me incomodava.

Enquanto escutava Richard contar sobre como havia pedido Elizabeth em casamento - uma história doce e romântica que envolveu uma serenata improvisada no jardim botânico de Bath - percebi que havia entrado em um mundo onde sobrenomes ainda valiam mais que sentimentos. Onde conexões importavam mais que competência. Onde o amor, por mais genuíno que fosse, ainda precisava passar pelo filtro da adequação social.

E eu, Anne Aguilar, com meu pai que fazia churrasco nos fins de semana e minha família de classe média brasileira, claramente não passava nesse filtro.

Não para Tori, pelo menos.

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